Sócio e filho de Lemann sabiam de rombo na Americanas (AMER3), acusa ex-CEO — veja o que mais ele disse
Acusação de Gutierrez a sócio e a filho de Lemann vem à tona no dia da apresentação do relatório final da CPI da Americanas
Carlos Alberto Sicupira e Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann, sabiam da existência de um rombo bilionário na Americanas (AMER3).
A acusação foi feita por Miguel Gutierrez, CEO da empresa na época em que ocorreu a fraude, em documentos apresentados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso.
As declarações do Gutierrez foram repassadas a veículos de imprensa às vésperas do relatório final da CPI sobre uma fraude multibilionária que se perpetuou por anos e alcançou a casa das dezenas de bilhões de reais antes de vir à tona em janeiro deste ano.
A votação do relatório final está prevista para hoje (5) em Brasília. O texto não contempla acusações ao trio de sócios de referência da Americanas, composto por Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, além de Sicupira.
A versão de Gutierrez
Nos documentos em questão, Gutierrez nega que estivesse ciente da situação contábil da Americanas.
“Não compete a um CEO de nenhuma companhia no mundo a realização de sua escrituração contábil”, disse Gutierrez ao desembargador Ricardo Negrão, da 2ª Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, segundo documentos obtidos pelo Estadão.
Ainda na versão de Gutierrez, Sicupira pediu a ele em 2019 que começasse a treinar um novo CEO. Na ocasião, segundo ele, já estava claro que ele deixaria a função no fim de 2021. A pandemia retardou o processo e ele deixou o cargo somente na virada de 2022 para 2023, depois de quase 20 anos no cargo.
No período, de acordo com o ex-executivo, nenhum problema contábil foi relatado a ele.
Além disso, como sua preocupação passou a ser o recrutamento e o treinamento de um novo CEO, ele teria se distanciado de suas funções anteriores. Nesse ponto do depoimento, Gutierrez afirma que Sicupira acompanhava de perto o dia a dia da empresa.
Em seguida, Gutierrez afirma que Sicupira, Paulo Lemann e Sergio Rial, que o sucedeu na função de CEO e divulgou a existência de “inconsistências contábeis” apenas alguns dias depois de assumir o cargo, sabiam da situação da empresa.
Gutierrez menciona especificamente uma reunião do comitê financeiro realizada em novembro de 2022. De acordo com ele, os executivos presentes discutiram abertamente sobre a situação financeira e falaram de forma clara sobre a necessidade de levantar novos recursos.
O que Gutierrez diz sobre o filho de Lemann
“O ponto também foi objeto de diversas interações entre o sr. Paulo Lemann, membro do comitê financeiro, com o diretor financeiro da companhia, sr. Marcelo Nunes, que o último ocasionalmente reportava a mim”, relata Gutierrez, segundo os documentos obtidos pelo Estadão.
“Em 15/12/2022, por exemplo, Paulo Lemann solicitou a Marcelo Nunes uma atualização sobre o consumo de caixa, recebendo, como resposta, que este aumentaria entre R$ 2,5 e 3,5 bilhões em dezembro - dependendo das vendas do Natal - o que elevaria a dívida líquida para patamar próximo a R$ 9 bilhões. No mês de dezembro, Sergio Rial me informou que os controladores não gostariam de aportar recursos e tampouco aprovariam, naquele momento, uma ampliação de capital que poderia provocar uma significativa diluição de sua participação acionaria”, acrescenta o ex-CEO da Americanas.
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Americanas rebate acusações
Em nota enviada por meio de sua assessoria de imprensa, a Americanas “refuta veementemente as argumentações” do ex-CEO.
Lembrando que, em junho, quando a direção da Americanas admitiu que o rombo derivou de fraude, ela responsabilizou Gutierrez e outros três diretores pelas irregularidades.
Também em nota, a LTS Investments, que representa o trio Lemann, Telles e Sicupira, afirma que os acionistas de referência da Americanas sempre atuaram com o máximo de zelo e ética sobre a companhia, observando rigorosamente as normas e a legislação aplicável.
“Ainda assim, todos os acionistas da Americanas foram enganados por uma fraude ardilosa cujos malfeitores serão responsabilizados pelas autoridades competentes.”
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Além disso, as atenções ainda se voltam para o relatório de produção e vendas da Petrobras (PETR4)
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