De acordo com uma reportagem da Bloomberg, o presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda de Joe Biden para conseguir a reeleição nas eleições de outubro deste ano. Os dois tiveram uma reunião privada paralela à Cúpula das Américas na última semana.
Segundo fontes consultadas pela reportagem, Bolsonaro teria descrito Lula, que domina as pesquisas de intenção de votos, como um perigo para os interesses estadunidenses no Brasil. Biden, por sua vez, enfatizou a importância de preservar a integridade do processo eleitoral no Brasil e mudou de assunto quando o comentário veio à tona.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, o petista lidera a corrida presidencial e aparece com 48% das intenções de voto contra 27% do atual presidente.
A viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos para a Cúpula das Américas marcou o primeiro encontro bilateral com Biden desde a posse do presidente norte-americano, em janeiro de 2021. Bolsonaro já chegou a questionar o rito que deu vitória ao atual ocupante da Casa Branca. Cabe lembrar que o presidente brasileiro parece ter mais afinidade com Donald Trump.
Bolsonaro mais próximo de Biden?
A reunião entre Bolsonaro e Biden deu o que falar. Ao participar de uma motociata com apoiadores em Orlando, nos Estados Unidos, neste sábado, 11, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que sua viagem ao país levou a uma aproximação com o presidente norte-americano, Joe Biden. "
Nossa passagem pelos Estados Unidos foi marcante, com aproximação com o atual presidente. Tenho certeza, bons frutos colheremos para todos nós", declarou o chefe do Executivo antes de sair com sua moto - desta vez utilizando capacete, o que por vezes deixa de fazer em motociatas no Brasil.
Bolsonaro ainda voltou a dizer que tem "profundo respeito" pelos Estados Unidos. "Cada vez mais, queremos nos integrar para o melhor dos nossos povos", afirmou. Biden e Bolsonaro tinham uma relação tensa e marcada por críticas mútuas, sobretudo a respeito da preservação da Amazônia.
O brasileiro chegou a apoiar publicamente a reeleição de Donald Trump, ex-presidente norte-americano derrotado por Biden.
Mais cedo, antes da motociata, Bolsonaro participou de encontro com evangélicos em Orlando, nos Estados Unidos.
Ele chegou a dizer que a economia do Brasil vai "muito bem", na mesma semana em que dados divulgados pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 mostraram que a fome passou a atingir 33 milhões de pessoas no País.
O índice subiu a níveis registrados nos anos 1990. "O mundo passa fome sem o Brasil, que é uma potência na energia de transição", voltou a dizer o presidente, sem citar os dados nacionais.
A uma plateia que gritava "mito, mito", Bolsonaro, pré-candidato à reeleição, fez um discurso em linha com as bandeiras que carregará na campanha: criticou o aborto e a "ideologia de gênero"; defendeu o armamento da população e a propriedade privada.
Bolsonaro voltou a falar que deseja eleições "limpas, confiáveis e transparentes" no Brasil, lançando dúvidas sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro, sem nunca ter apresentado qualquer prova do que diz.
Opositores o acusam de preparar o discurso de suposta fraude, caso seja derrotado nas urnas pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje líder nas pesquisas de intenção de voto.