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Os grandes casos de corrupção e fraude corporativa do mercado, incluindo a Theranos e a Petrobras

Elizabeth Holmes

Elizabeth Holmes, founder and former CEO of Theranos, arrives for motion hearing on Monday, November 4, 2019, at the U.S. District Court House inside Robert F. Peckham Federal Building in San Jose, California. (Photo by Yichuan Cao/NurPhoto via Getty Images)

Elizabeth Holmes deliberadamente levou investidores a acreditarem que a tecnologia para exames de sangue criada pela sua empresa — a Theranos — era eficaz. Isso é o que diz a sentença proferida nesta terça-feira (4) pelo júri que analisou o caso.  

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Além disso, Elizabeth e seu sócio, Sunny Balwani, foram considerados culpados em três acusações de fraude bancária. Ela ainda foi absolvida de duas acusações de fraude contra pacientes, uma de conspiração para fraudar pacientes e mais três de fraude contra investidores.

A pena por cada um dos crimes pode ser de mais de 20 anos. Ainda assim, Elizabeth segue livre e ainda não há data para a sentença. 

De acordo com o Wall Street Journal, a empresa tem alguns investidores ilustres, por exemplo: Larry Ellison, fundador da Oracle, e a Draper Fisher Jurvetson, importante firma de venture-capital.

Theranos e a falácia do exame sem agulhas

A Theranos foi fundada em 2003 e chegou a ser avaliada em mais de US$ 9 bilhões, fazendo parte do Billion Dollar Club, do Wall Street Journal. Não durou muito. 

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Elizabeth Holmes era uma jovem estudante da Escola de Engenharia de Stanford que odiava agulhas e por isso decidiu criar seu próprio laboratório de diagnósticos. 

O princípio por trás da empreitada era simples: o paciente teria seu sangue retirado por meio de uma fitinha semelhante às usadas para medir glicose em diabéticos. Essa amostra então seria usada para a realização de exames que entregariam o diagnóstico em um intervalo de poucas horas e a custos módicos. 

Supostamente, a tecnologia poderia ser usada para em uma vasta gama de diagnósticos, como por exemplo: exames de sangue, exames de urina, testes para doenças sexualmente transmissíveis, entre outros. O problema é que os testes não funcionavam.

Em 2005, Elizabeth contratou Ian Gibbons, um bioquímico britânico que havia desenvolvido sistemas capazes de processar quantidades muito pequenas de fluidos. Sua colaboração levou ao registro de diversas patentes por parte da Theranos. Holmes consta como co-inventora na maioria delas. 

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Só que as coisas andavam devagar. Gibbons acabou comentendo suícidio em 2013. Em entrevista ao Wall Street Journal, aviúva revelou que o cientista dizia que: “nada funcionava”.

Na ocasião,  Theranos alegou que o cientista já estava enfrentando problemas de saúde e psicológicos e por isso já não participava mais do dia a dia em seus laboratórios.

Em 2015, o Wall Street Journal revelou que a companhia era alvo de investigações federais em que se constataram problemas que comprometiam a segurança dos pacientes em seus laboratórios. A empresa decidiu fechar os laboratórios em 2016.

Em 2018, Elizabeth Holmes e seu sócio Ramesh Balwani foram processados por fraude bancária e conspiração. De acordo com a acusação, Holmes e Bawani agiram deliberadamente para ludibriar investidores, levando-os a acreditar na confiabilidade dos resultados oferecidos pela tecnologia de testagem de sangue da Theranos.

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O caso de Elizabeth Holmes está longe de ser o único no mercado. Relembre a seguir outras fraudes que chacoalharam o noticiário

Petrobras e o mega esquema de corrupção

Por aqui, este talvez seja o mais conhecido dos escândalos corporativos. As investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal revelaram que funcionários da petrolífera brasileira cobravam propina de empreiteiras para garantir que levariam concorrências e licitações.

A revelação do esquema de corrupção desencadeou uma grande crise política que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Para além da questão política, a estatal anunciou que já conseguiu recuperar um total de R$ 6,17 bilhões em recursos desviados.  O dinheiro foi recebido em acordos de colaboração, leniência, repatriações e renúncias. Apenas em 2021, a Petrobras recuperou mais de R$ 1,2 bilhão.

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A Petrobras atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 31 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 85 ações penais.

Volkswagen e fraude nas emissões de poluentes

A fabricante de carros alemã desenvolveu um dispositivo capaz de detectar quando seus veículos a diesel estavam sendo submetidos a um teste de emissões. O carro ajustava sua performance para emitir menos óxidos de nitrogênio e por isso parecia mais limpo. 

O caso veio a público em setembro de 2015 e o estrago foi grande: o ex-CEO Martin Winterkorn renunciou, quase 500 mil carros foram devolvidos e mais de US$ 25 milhões em multas foram cobrados. A Volkswagen ainda sente o efeito financeiro do escândalo e responde, até hoje, a diversos processos na justiça.

Enron e o escândalo contábil

A empresa de energia, premiada de 1996 a 2001 como a “Empresa mais inovadora dos EUA” pela revista Fortune tinha um modelo de negócios tão complicado que pouquíssimos entendiam. A linha de “lucro líquido” estava sempre recheada, só que ninguém conseguia explicar de onde vinha todo aquele dinheiro. 

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A empresa revisou voluntariamente os números que tinha publicado, em agosto de 2001, e a partir daí ficou claro o que acontecia: a Enron reavaliava constantemente seus ativos, por meio dessa prática “turbinava” — no papel —  seus lucros.

Também eram usadas subsidiárias, que não apareciam em seus balanços, para esconder endividamento. Não demorou muito para que a companhia precisasse decretar falência, o que aconteceu em dezembro do mesmo ano.

O escândalo da Enron foi tão importante para o mercado de capitais que levou à promulgação da lei Sarbanes-Oxley, que define regras para o registro e publicação de informações financeiras de companhias públicas nos EUA.

Além disso, uma das maiores firmas de auditoria da época, a Arthur Andersen, esteve envolvida na destruição de documentos da Enron e por isso foi implicada nas investigações.

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Guillermo Braunbeck, professor do departamento de contabilidade da FEA-USP, trabalhava para a Arthur Andersen na época e conta que apesar de ser normal a destruição de alguns documentos no decorrer de uma auditoria, neste caso, a hipótese que prevaleceu foi a de que os documentos foram deliberadamente destruídos para que informações não viessem a público, o que prejudicou de maneira irreversível a credibilidade da firma que acabou desmembrada e incorporada por outras empresas.

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