Um novo momento para a Vale (VALE3): como a chegada da Cosan (CSAN3) pode ajudar a mineradora?
Para o mercado, não é um mau negócio para a Vale (VALE3) ter uma empresa de referência e com histórico de resultados chegando ao seu conselho de administração

Desde que a Cosan (CSAN3) anunciou ter comprado uma fatia de 6,5% da Vale (VALE3), no mês passado, o mercado correu para buscar respostas e compreender melhor a estrutura complexa do negócio. Como de costume, os ânimos se acalmaram passadas algumas semanas — período em que os executivos da holding prestaram diversas explicações a respeito da transação.
Mas, como todo mundo sabe, toda história tem, no mínimo, dois lados. E o ângulo da Vale nesse episódio parece estar sendo revelado aos poucos.
Na época do anúncio, as ações da mineradora sofreram um impacto mais limitado, com os investidores mais atentos ao desembolso que será feito pela Cosan. De maneira geral, o mercado acredita que não é um mau negócio para a Vale ter uma empresa de referência e com histórico de resultados chegando ao seu conselho de administração.
- Magazine Luiza (MGLU3) já era? Cara ou barata? Com uma queda de mais de 40% no ano, alguns fatores marcantes podem impactar a ação e concorrentes daqui para frente. Acesse neste link mais detalhes.
Além disso, considerando a fatia ainda pequena que foi adquirida pela Cosan, há a percepção de que os novos acionistas não terão poder suficiente para promover mudanças estratégicas na companhia.
Mas, segundo especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, ainda que seja difícil quantificar as vantagens e desvantagens da chegada da Cosan ao negócio, não há dúvidas de que a Vale vai se beneficiar estrategicamente disso.
Na avaliação de Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, a união marca um novo momento para a Vale, que nos últimos anos teve de lidar com os desdobramentos dos desastres de Mariana e Brumadinho (MG). Aqui, as consequências não foram apenas financeiras, mas também abalaram a reputação da mineradora, que hoje arca com indenizações e a descaracterização de barragens que representam algum risco.
Leia Também
"A Vale teve todo um trabalho de arrumar a casa depois desses episódios, ela foi forçada a olhar mais para sua cultura e governança, mitigação de riscos. Só agora ela começa a olhar para outras possibilidades e destravamento de valor", diz o analista.
Vale (VALE3) + Cosan (CSAN3): as oportunidades
Entre essas novas possibilidades está a venda de uma parte da divisão de metais básicos da mineradora. Outras hipóteses incluem a atração de parcerias para essa unidade e também uma abertura de capital para ela.
O desejo da Vale é aproveitar a demanda cada vez maior por níquel e cobre para a produção de baterias, uma maneira de fornecer energia de maneira mais sustentável.
E este é um exemplo de tema em que a Cosan pode colaborar de maneira estratégica, seja nas conversas de bastidores, nas análises de mercado ou com sua expertise em sustentar negócios de sucesso.
No mercado, também há a crença de que a Cosan encontrou um papel com bom nível de preço e chegou em um momento oportuno, já que a separação da unidade de metais básicos pode gerar cifras milionárias para a Vale — o que geraria ganhos para a Cosan, que poderia usar esses recursos para pagar sua dívida feita para entrar na mineradora.
"É importante analisar que os acionistas atuais da Vale são mais financeiros, que estão ali colhendo os frutos. Já a Cosan é um tipo de acionista ativo, que faz questão de atuar no dia a dia das empresas olhando para longo prazo e participando das grandes decisões", explica Ferrer.
O perfil de atuação dos executivos da holding já havia sido um dos pontos questionados no mês passado — especificamente, o perfil de Rubens Ometto, fundador do conglomerado da Cosan. Segundo um gestor que preferiu não ser identificado, o executivo dificilmente atua como minoritário em alguma empresa, o que deixa em aberto os seus planos futuros para a Vale.
"Ele não entra para 'receber ordem'. Sendo bem sincero, vendo o perfil do Ometto, acho difícil ele ficar quieto e aí acho que vamos começar a observar algum movimento, principalmente com os fundos de pensão."
Outro temor é de que a política de dividendos da Vale acabe afetada conforme a Cosan tente imprimir seu modelo de gestão dentro da mineradora, demandando mudanças que exijam mais dinheiro em caixa e menos dividendos.
Durante a teleconferência com analistas para comentar o resultado trimestral da Vale, o presidente Eduardo Bartolomeo classificou a chegada da Cosan como "extremamente positiva" e uma confirmação da tese de investimento da mineradora.
Ele aproveitou para ressaltar o histórico da Cosan em criar crescimento para as empresas sob gestão.
Vale (VALE3) e Cosan (CSAN3) podem ter negócios complementares
Na avaliação de Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, outra possibilidade é que Vale (VALE3) e Cosan (CSAN3) possam, de partida, pensar em combinações para suas operações que já fazem sentido e se complementam.
Ele cita possível fusão entre a VLI Logística — cuja base acionária é mista, mas conta com 29,6% (a maior fatia) nas mãos da Vale — e Rumo (RAIL3), empresa do mesmo segmento que pertence à Cosan.
A capacidade de trazer um olhar mais analítico deve mesmo ser o principal diferencial dessa união, já que a composição acionária da Vale segue bem pulverizada.
"O papel da Cosan dentro da Vale não é de mudar o direcionamento da empresa, mas de colaborar com alocações em ativos, pensar estratégias e parcerias", afirma Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter Research.
Vale lembrar que a Mitsui — que possui aproximadamente 6% da Vale — é sócia da Compass — que pertence ao Grupo Cosan — e, juntas, elas formaram a Commit, uma holding com participação em distribuidoras de gás.
Para algumas pessoas do mercado, a Cosan pode se aproveitar dessa proximidade com outro acionista da Vale para tentar imprimir seu estilo de gestão com maior força.
Cade já liberou união
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) permitiu que a Cosan (CSAN3) seja um acionista relevante dentro da Vale (VALE3). Conforme publicação do Diário Oficial da União (DOU) e dentro do que era esperado pelo mercado, a holding poderá aumentar sua fatia para até 6,5% na mineradora.
No futuro, caso tudo saia conforme o previsto, a participação da Cosan na mineradora pode chegar a 6,5% em até cinco anos — mas isso ainda dependia da aprovação do Cade.
É hora de comprar?
Poucos dias após o anúncio da compra, o BTG Pactual, em relatório, recomendou a compra das ações da Vale, com preço-alvo de R$ 90 — potencial de alta de 8% em relação ao fechamento de segunda-feira (14), de R$ 83,31.
"A entrada de um acionista com extenso histórico de criação de valor em uma empresa como a Vale deve ser considerada um fato positivo e um alerta para os investidores que ignoraram a mineradora nos últimos meses (principalmente por preocupações macroeconômicas)", diz o relatório.
Para a equipe, o interesse na Cosan também aponta para a tese de que VALE3 está subvalorizada.
Do fiasco do etanol de segunda geração à esperança de novo aporte: o que explica a turbulenta trajetória da Raízen (RAIZ4)
Como a gigante de energia foi da promessa do IPO e da aposta do combustível ESG para a disparada da dívida e busca por até R$ 30 bilhões em capital
Cade aceita participação da Petrobras (PETR4) em negociações de ações da Braskem (BRKM5), diz jornal
De acordo com jornal Valor Econômico, a estatal justificou sua intervenção ao alegar que não foi notificada da intenção de venda
Petrobras (PETR4) joga balde de água fria em parceria com a Raízen (RAIZ4)
Em documento enviado à CVM, a estatal nega interesse em acordo com a controlada da Cosan, como indicou o jornal O Globo no último sábado (16)
David Vélez, CEO do Nubank (ROXO34), vende US$ 435,6 milhões em ações após resultados do 2T25; entenda o que está por trás do movimento
A liquidação das 33 milhões de ações aconteceu na última sexta-feira (15), segundo documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA
Lucro da XP (XPBR31) sobe a R$ 1,3 bilhão no 2T25, mas captação líquida despenca 70% em um ano
A XP teve um lucro líquido de R$ 1,32 bilhão no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 18% na base anual; veja os destaques do resultado
Copel (CPLE6) marca assembleia sobre migração para o Novo Mercado; confira a data
Além da deliberação sobre o processo de mudança para o novo segmento da bolsa brasileira, a companhia também debaterá a unificação das ações
Banco Central aciona alerta de segurança contra possível ataque envolvendo criptoativos
Movimentações suspeitas com USDT no domingo gerou preocupações no BC, que orientou empresas de pagamento a reforçarem a segurança
Credores da Zamp (ZAMP3) dão luz verde para a OPA que vai tirar a dona do Burger King da bolsa
A oferta pública de aquisição de ações ainda precisa da adesão de dois terços dos acionistas minoritários
Raízen (RAIZ4) dispara 10% após notícias de possível retorno da Petrobras (PETR4) ao mercado de etanol
Segundo O Globo, entre as possibilidade estão a separação de ativos, acordos específicos de gestão ou a compra de ativos isolados
Com salto de 46% no lucro do segundo trimestre, JHSF (JHSF3) quer expandir aeroporto executivo; ações sobem na B3
A construtora confirmou que o novo projeto foi motivado pelos bons resultados obtidos entre abril e junho deste ano
Prio (PRIO3) anuncia paralisação de plataforma no campo de Peregrino pela ANP; entenda os impactos para a petroleira
A petroleira informou que os trabalhos para os ajustes solicitados levarão de três a seis semanas para serem cumpridos
Hora de dar tchau: GPA (PCAR3) anuncia saída de membros do conselho fiscal em meio a incertezas na liderança
Saídas de membros do conselho e de diretor de negócios levantam questões sobre a direção estratégica do grupo de varejo
Entre flashes e dívidas, Kodak reaparece na moda analógica mas corre o risco de ser cortada do mercado
Empresa que imortalizou o “momento Kodak” enfrenta nova crise de sobrevivência
Presidente do Banco do Brasil (BBAS3) corre risco de demissão após queda de 60% do lucro no 2T25? Lula tem outro culpado em mente
Queda de 60% no resultado do BB gera debate, mas presidente Tarciana Medeiros tem respaldo de Lula e minimiza pressão por seu cargo
Compra do Banco Master pelo BRB vai sair? Site diz que Banco Central deve liberar a operação nos próximos dias
Acordo de R$ 2 bilhões entre bancos avança no BC, mas denúncias de calote e entraves judiciais ameaçam a negociação
Petrobras (PETR4) avalia investimento na Raízen (RAIZ4) e estuda retorno ao mercado de etanol, diz jornal
Estatal avalia compra de ativos ou parceria com a joint venture da Cosan e Shell; decisão final deve sair ainda este ano
Dividendos e JCP: Vulcabras (VULC3) vai distribuir R$ 400 milhões em proventos; confira os prazos
A empresa de calçados vai distribuir proventos aos acionistas na forma de dividendos, com pagamento programado somente para este ano
Gol (GOLL54) segue de olho em fusão com a Azul (AZUL4), mas há condições para conversa entre as aéreas
A sinalização veio após a Gol divulgar resultados do segundo trimestre — o primeiro após o Chapter 11 — em que registrou um prejuízo líquido de R$ 1,532 bilhão
Méliuz (CASH3) estreia nos EUA para reforçar aposta em bitcoin (BTC); veja o que muda para os investidores
A nova listagem estreia no índice OTCQX, sob o ticker MLIZY, com o JP Morgan como banco depositário responsável pelos recibos nos EUA
Cosan (CSAN3): disparada de prejuízos, aumento de dívidas e… valorização das ações? Entenda o que anima o mercado
Apesar do prejuízo líquido de R$ 946 milhões, analistas veem fundamentos sólidos em subsidiárias importantes do grupo