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MRV (MRVE3) cai na bolsa com margens pressionadas pela inflação e arrasta ações das incorporadoras

Logo da MRV (MRVE3) nas cores verde e amarelo

Não está fácil a vida das incorporadoras brasileiras durante a temporada de balanços do quarto trimestre. A exemplo do que ocorreu com a Tenda (TEND3), os resultados da MRV (MRVE3) mostraram como a inflação nos materiais da construção prejudica as margens e o setor volta a registrar fortes perdas nesta quinta-feira (17).

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A companhia, que divulgou os números na noite de ontem (16), bem que tentou reforçar aspectos positivos do trimestre, como os recordes históricos no lucro e receita operacional líquidos.

Mas os analistas e investidores desviaram o olhar direto para o fato de que, se não fossem as operações da subsidiária norte-americana AHS, além da Urba e Luggo, as margens da empresa estariam ainda mais pressionadas.

Com essa conclusão pesando sobre as ações, MRVE3 recua 4,05% hoje, a R$ 10,20, e o movimento de queda se estende às principais ações do setor. Veja abaixo:

Margens e caixa da MRV (MRVE3) sofrem com os custos da construção

Como antecipamos no início do texto, a MRV registrou o maior lucro líquido ajustado da história, com R$ 914 milhões em 2021, alta de 66,2% em relação ao ano anterior.

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A receita líquida operacional, que avançou 7,1% na mesma base de comparação, também alcançou um valor recorde de R$ 7,1 bilhões no ano passado.

Os números, porém, foram ofuscados pela queda trimestral de 3,3 pontos percentuais da margem bruta ajustada. O indicador ficou em 25,7% entre outubro e dezembro, contra 29% no trimestre imediatamente anterior e o recuo veio 1,3 p.p. acima do esperado pela Genial Investimentos.

“Apesar desse aumento significativo de custos, a MRV conseguiu manter suas despesas comerciais e administrativas bem controladas, o que nos indica que o único e grande problema hoje é, de fato, o aumento dos custos de construção e não uma queda na demanda”, apontam os analistas.

Além disso, a XP destaca que a inflação dos insumos construtivos levou a uma queima de caixa de R$ 236 milhões no segmento brasileiro (MRV, Urba e Luggo). A despesa foi necessária para garantir a “contínua antecipação de aquisição de materiais de construção e conter novos aumentos de preços e possíveis desabastecimentos na cadeia de suprimentos”.

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E a queima de caixa talvez tenha de se repetir no futuro. Após analisar a margem REF — que representa a margem esperada dos empreendimentos vendidos —, a Genial avalia que o orçamento inicial dos novos projetos “parece considerar projeções que têm se mostrado fora da realidade inflacionária que estamos vivendo”.

No pior cenário, o descolamento entre expectativas e realidade pode pedir uma revisão orçamentária completa da empresa, como ocorreu com a Tenda.

Salva pelas operações secundárias

Mas nem tudo é motivo de decepção e alarme no balanço da MRV. A AHS, operação norte-americana da construtora, registrou a venda de mais três empreendimentos no quarto trimestre, com geração de caixa de R$ 85 milhões para a companhia.

No ano, as vendas da AHS totalizaram 1.378 unidades e Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,75 bilhão.

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A Luggo, startup da MRV voltada para o aluguel e venda de imóveis, também foi um destaque positivo do trimestre, com a venda de dois empreendimentos e R$ 106 milhões adicionais ao caixa.

Mas, até mesmo as conquistas são celebradas com cuidado pelos analistas. “O aumento de ambas as margens é de certa forma artificial, uma vez que a venda dos empreendimentos não é contabilizada como receita no top line, já que as operações da Luggo e AHS são de locação”, argumenta a Genial.

Comprar ou vender MRV (MRVE3)?

Depois de dar tanta pancada na empresa, você deve imaginar que os analistas não recomendariam a ação MRVE3, certo? Mas o caso é exatamente o oposto: tanto XP e MRV indicam a compra e enxergam potencial de alta nos papéis.

“Apesar de um resultado core [principal] baixo, continuamos com uma visão positiva para a MRV principalmente devido às operações promovidas pela Urba e AHS”, declara a Genial.

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A corretora acredita que as operações da AHS ainda não estão precificadas pelo mercado, e, por isso, estabelece um preço-alvo de R$ 18 para os papéis. A cifra é 76,47% superior à cotação atual.

A XP acredita em ganhos ainda maiores e define o preço-alvo em $19,00 por ação, com potencial de alta de 86,27%.

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