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Fed não se curva a Putin e atravessará a guerra na Ucrânia com mais aumentos de juros; veja o que Powell falou sobre o conflito

Montagem de Jerome Powell em cima de um foguete rumo ao planeta chamado juros

Montagem de Jerome Powell em foguete rumo ao planeta juros

Na guerra, cada um usa as armas que têm. Se de um lado o presidente russo, Vladimir Putin, enviou tanques e tropas para a Ucrânia, do outro, o Federal Reserve (Fed) lançará mão de um aumento agressivo da taxa de juros para vencer seu maior inimigo no momento: a inflação. 

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Até o conflito na Ucrânia começar, em 24 de fevereiro, o banco central norte-americano estava com a mão no gatilho para elevar a taxa de juros quantas vezes fossem necessárias neste ano para conter o ímpeto dos preços altos nos Estados Unidos. 

Enquanto membros do próprio comitê de política monetária do Fed previam entre três e quatro elevações no ano, analistas dobravam a aposta para sete elevações da taxa básica em 2022 - uma alta por reunião. 

Mas havia uma guerra no meio do caminho…

Até o dia 23 de fevereiro ninguém esperava que as ameaças de Putin sobre a Ucrânia iriam se concretizar. Eis que em 24 de fevereiro, as tropas russas começaram a invadir o leste ucraniano, região dominada pelos separatistas apoiados por Moscou. 

Mais de 20 dias da invasão se passaram e o conflito ganhou escala. O que se viu além da fuga e morte de civis e da destruição da própria guerra foi uma enxurrada de sanções dos Estados Unidos e de seus aliados para tentar frear a ambição de Putin sobre a Ucrânia. 

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Os investidores e analistas começaram a recalcular a rota e duvidar que o Fed teria condições de manter um aperto monetário tão agressivo como o planejado antes da guerra começar. 

Na semana passada, um desses analistas chegou a dizer que o banco central norte-americano não teria condições de ir além de um aumento do juro — o anunciado nesta quarta-feira (16), de 0,25 ponto percentual — por conta da disparada do petróleo e seus efeitos sobre a inflação. 

Também passaram a ser contabilizados os riscos de os Estados Unidos entrarem em recessão caso a taxa básica subisse demais em um ambiente de incerteza sobre os efeitos do conflito no leste da Europa sobre a economia norte-americana e global. 

Os choques do petróleo precederam as crises econômicas em meados dos anos 1970, início dos anos 1980 e dos anos 1990. 

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Fed dobra a aposta e enfrenta Putin

Nem mesmo esse cenário, o histórico ou Putin foram suficientes para frear o Fed no compromisso de trazer a inflação de volta para a meta de 2% ao ano. 

Falando na coletiva de imprensa após a decisão de elevar a taxa de juros, o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, mostrou que confia na economia dos Estados Unidos mesmo em meio às incertezas da guerra. 

“Não vejo um risco elevado de entrarmos em recessão com a previsão de aumento da taxa de juros apresentada hoje. A economia norte-americana é forte o suficiente para suportar esse aperto”, disse. 

Segundo o chefe do Fed, o mercado de trabalho é sólido nos Estados Unidos, o nível de poupança dos norte-americanos é elevado e o banco central tem um balanço forte para atravessar esse momento. 

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Powell, no entanto, reconheceu que a guerra na Ucrânia pode ter reflexos na economia dos Estados Unidos, especialmente com a disparada dos preços das commodities — o petróleo saiu de US$ 90 no fim do ano passado e chegou à casa de US$ 130 o barril no auge do avanço das tropas de Putin sobre a Ucrânia. 

“Deve haver algum efeito disso no PIB [Produto Interno Bruto] e também na inflação, que já está muito alta nos Estados Unidos, mas nada capaz de frear nosso plano de aumentar a taxa de juros neste ano”, disse Powell. 

Projeções do dot plot - o gráfico de pontos do Fed - mostram que a taxa de juros deve subir mais seis vezes este ano - uma elevação a cada reunião prevista para 2022. 

As mesmas estimativas mostram que a inflação, que deveria encerrar o ano em 2,6% segundo previsões de dezembro - deram um salto para 4,3% agora.

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