“Não tem jeito, ele quer ir para governo. Acha que pode mudar alguma coisa.” Essa foi a reação de um ex-executivo da BM&FBovespa (atual B3) quando Eduardo Refinetti Guardia decidiu deixar a posição de diretor da bolsa para assumir o cargo de secretário do Ministério da Fazenda, em 2016.
O compromisso com o setor público e a vontade de ajudar o país de alguma forma marcaram a trajetória de Eduardo Guardia, que faleceu nesta segunda-feira, aos 56 anos. A causa da morte não foi revelada.
Dois anos depois de aceitar o convite para integrar o governo, Guardia assumiria o cargo de ministro da Fazenda. Ele comandou a pasta entre abril e dezembro de 2018, depois que Henrique Meirelles deixou o cargo disputar a Presidência da República.
Nesse curto intervalo que deveria ser apenas um mandato tampão, lidou com grandes crises institucionais, incluindo a greve dos caminhoneiros. Mas conseguiu atravessar as turbulências mantendo a credibilidade da política fiscal — e sem perder o estilo discreto.
Eduardo Guardia: no governo e no mercado
A passagem na gestão Temer foi a segunda de Eduardo Guardia pelo governo federal. Depois de atuar nos governos tucanos de São Paulo na década de 1990, ele assumiu o cargo de Secretário do Tesouro Nacional em 2002, véspera da turbulenta eleição presidencial que elegeu Lula.
Em 2003, voltou ao governo paulista como secretário da Fazenda e passou para a iniciativa privada em 2007. Três anos mais tarde, assumiu como diretor financeiro e de produtos da BM&FBovespa, onde ficou até retornar à esfera pública.
Após deixar o governo pela segunda vez, Eduardo Guardia assumiu em 2019 o cargo de CEO da BTG Pactual Asset Management, área de gestão de recursos do banco de investimentos.