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Japão mantém juros inalterados, mas interfere no câmbio pela primeira vez em 24 anos; entenda o que aconteceu

Haruhiko Kuroda, presidente do BoJ mesmo com desvalorização do iene frente ao dólar, presidente do BC do Japão não vê alta de juros logo

Na esteira dos anúncios de política monetária dos bancos centrais pelo mundo, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) adotou uma postura pouco comum neste momento entre as economias mais desenvolvidas do mundo, que lutam contra a inflação — mas não sem uma reação do governo japonês ao câmbio

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O BoJ manteve os juros inalterados na sua mais recente decisão, à taxa de 0,1% negativo ao ano — ainda que a inflação tenha atingido as máximas em oito anos.

Entretanto, o governo japonês enfrenta uma forte desvalorização do iene frente ao dólar e interveio no câmbio pela primeira vez em 24 anos. 

De acordo com dados do Investing, o iene levou um tombo de 3,47% nas primeiras horas do pregão desta quinta-feira (22) frente ao dólar, partindo de 145,75 para 140,69 nas mínimas, mas recuperou parte da queda.

A valorização acontece em um momento tenso para o Japão. O iene já perdeu cerca de 23% do valor ante o dólar em 2022, o que dificulta as exportações japonesas e a retomada da economia local.

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Iene e dólar: décadas de estabilidade

Para entender como funciona a dinâmica de uma moeda frente ao dólar, tomemos como exemplo o Brasil.

O dólar forte — cada moeda norte-americana compra cerca de R$ 5,20 — é benéfico para as exportações, mas dificulta a importação de produtos, além de encarecer alguns itens do cotidiano.

O caso do Japão

Do contrário, com o dólar relativamente mais fraco, os produtores tendem a privilegiar o mercado doméstico com menos exportações.

O problema é que o Japão atingiu um platô de desenvolvimento econômico em que esse deságio no câmbio não gera tantos benefícios como em outros países.

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Até os anos 1980, a economia japonesa vivia com certa instabilidade, algo que foi resolvido nas décadas seguintes. Na sequência, BoJ tenta gerar inflação desde essa época para movimentar os negócios — sem muito sucesso: desde 2016, os juros por lá seguem entre 0% e -0,1%.

BoJ deixa tudo como está

Haruhiko Kuroda, presidente do BoJ, reiterou que espera manter as taxas de juros em níveis baixos e disse que considera "apropriada" a atual postura da entidade.

Em coletiva de imprensa, Kuroda disse que o BoJ monitora cuidadosamente a recente desvalorização do iene. Ainda assim, ele ressaltou que poderá até ampliar a dose de relaxamento caso a economia exija. "Não planejamos subir juros neste momento", disse.

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