Caro investidor,
O grande destaque de 2022 tem sido a performance do real frente ao dólar.
Com a alta de ontem, a moeda tupiniquim apresenta uma valorização de mais de 17% nos três primeiros meses do ano, o maior ganho dentre as 31 principais moedas mundiais, segundo a Bloomberg.
E, inevitavelmente, as pessoas me fazem a pergunta de US$ 1 milhão (ou R$ 4,7 milhões): aonde vai parar a divisa americana?
Infelizmente, a minha bola de cristal quebrou após afirmar que a Itália venceria tranquilamente a Macedônia do Norte e disputaria com Portugal uma vaga para a Copa do Mundo do Catar — um baque para todos com raízes italianas “intorno al mondo”, como este mero escriba…
Economistas e a complexidade do dólar e outras moedas
Brincadeiras à parte, aqueles que têm interesse no assunto já devem ter se deparado com a afirmação de que o câmbio foi inventado para humilhar os economistas, dada a complexidade dos fatores que envolvem o valor de uma moeda.
Tanto que esses dias me deparei com a manchete de que o Credit Suisse indicava a possibilidade de novas desvalorizações do dólar, com seus modelos indicando que a moeda poderia ficar entre R$ 4,10 e R$ 4,85.
Não que os valores estejam errados, até porque eu não teria a capacidade de verificá-los, pois não sou economista.
Apenas pontuo que mesmo profissionais que gastaram horas e horas de estudos no curso de Economia enfrentam dificuldades para prever o caminho do câmbio. Tanto que a visão da instituição é de que a moeda americana deva ficar perto dos R$ 5,00 pelos próximos meses.
Overshooting do dólar e do real
Mas assim como o mecanismo de “overshooting” — ou seja, uma valorização ou desvalorização acima do esperado levando em conta os fundamentos observados na economia — aconteceu no auge da pandemia, quando o dólar saiu de perto dos R$ 4,00 para quase R$ 6,00, não me espantaria ver um movimento parecido agora favorável ao real.
Até porque as circunstâncias atuais apontam para essa valorização da moeda brasileira: além da alta das commodities nos mercados internacionais (o que favorece exportadores desses produtos como o Brasil), temos taxas de juros reais muito acima do observado nas economias desenvolvidas e o valuation atrativo da Bolsa local comparada com seus pares como China e Índia, entre outras.
“Enzo, então é melhor esperar para aproveitar um valor mais favorável do dólar para investir lá fora?”
E aí eu venho com a melhor resposta possível: depende.
Caso já tenha dólar em carteira
Caso você já esteja em níveis mais adiantados do que a maioria dos investidores brasileiros e tenha uma parcela dos seus recursos em dólar, é saudável verificar qual percentual de seu patrimônio está sendo impactado por essa queda nas posições em moeda forte e ver o quanto isso está te incomodando.
Se você não consegue parar de pensar nesse assunto, talvez seja melhor reduzir um pouco sua exposição aos mercados internacionais.
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Oportunidade para começar a investir no exterior
Por outro lado, grande parte dos investidores não tem nada investido em ativos internacionais.
Dessa forma, aproveitar a promoção de quase 20% na divisa americana pode ser um bom início para começar a investir lá fora — ainda que em parcelas menores do que o estipulado inicialmente, levando em consideração a possibilidade de novas desvalorizações do dólar.
Onde o dólar vai parar ninguém sabe com exatidão. Mas se você não tem nenhuma parcela do seu patrimônio em dólar, acho que agora pode ser um bom momento para começar a alocar parte do seu capital em moeda forte.
Um abraço,
Enzo Pacheco