Deixar as quadras ou os campos de futebol ainda jovem é uma prática comum entre os atletas, independente do esporte. Por isso, falar em transição de carreira para esse grupo é natural. Que o diga a tenista Serena Williams.
Considerada a melhor jogadora de todos os tempos, a norte-americana anunciou nesta semana a aposentadoria — um termo que ela nunca gostou de usar.
Em entrevista à revista feminina Vogue, a também empresária e investidora de 40 anos disse que a “melhor palavra que descreve esse momento é evolução”.
Dentro das quadras de tênis Serena viveu dias de glória. Ela é uma das poucas unanimidades do mundo do esporte, com quase US$ 100 milhões em prêmios e conquista de 23 troféus de grand slam — a expressão refere-se aos quatro principais torneios do esporte: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open.
Com 25 anos de carreira, a tenista deixa as raquetes com um patrimônio líquido de US$ 260 milhões, ficando entre as 100 pessoas mais ricas dos Estados Unidos, neste ano. Além disso, ela é uma das atletas mais bem pagas do mundo, segundo o ranking anual da Forbes.
Contudo, ainda não há uma data marcada para a despedida da tenista nas quadras. Serena deve jogar o US Open, que começa em 29 de agosto.
Segundo a tenista, os esforços vão se concentrar na família e nos mundos dos investimentos — ela é fundadora e sócia da gestora Serena Ventures, que investe em empresas em estágios iniciais.
Como será o futuro de Serena Williams longe das quadras?
As quadras e o mundo dos negócios têm algo em comum: a análise — seja do modo de jogar do adversário ou dos números.
E de números, Serena entende bem. Além dos 23 prêmios de Grand Slam, a tenista conquistou 73 títulos simples e 24 em dupla ao lado da irmã Venus.
Serena também foi destaque nas Olimpíadas. Ela conquistou três medalhas de ouro, nos anos 2000, 2008 e 2012.
Mesmo no auge da carreira, Serena começou a planejar o que faria depois que largasse a raquete. Desde 2008, a tenista tem se dividido entre as quadras e os negócios. Por meio da sua gestora, investiu em várias startups em estágios iniciais, principalmente lideradas por mulheres ou mulheres negras fora da América do Norte — África e América Latina estão no radar.
No campo de venture capital, Serena arrecadou cerca de US$ 111 milhões em seu primeiro fundo de investimentos.
Das investidas até agora, ao menos, 13 já se tornaram unicórnios — empresas avaliadas em pelo menos US$ 1 milhão. Na carteira atual do fundo existem mais de 60 empresas.
Por fim, Serena Williams também é investidora-anjo e já apostou em 45 empresas, entre elas o aplicativo nutricional Noom, a empresa de alimentos veganos Impossible Foods, a plataforma educacional Masterclass e a plataforma de aúdio Clubhouse.
Quando é a transição de carreira é possível?
Essa pergunta não é fácil de ser respondida. Serena Williams, por exemplo, já administrava duas carreiras ao mesmo tempo: como tenista e investidora. Ou seja, ela já atua no ramo que deve seguir carreira, de forma integral, a partir de agora.
Esse modo de mudar de trajetória profissional é uma das formas mais saudáveis, explica Silvia Zoffmann, especialista em carreira e psicóloga. “O recomendado é fazer uma transição, que é um processo de mudança para encerramento de ciclo e não um corte abrupto de carreira, que pode gerar traumas, perdas e riscos.”
De acordo com a especialista, o tempo de dedicação “ao novo” varia entre 1,5 ano e 3 anos, a depender da complexidade do profissional e da área a que se deseja se inserir.
Além disso, outras duas qualidades pessoais precisam estar à mesa: a autorreflexão e o autoconhecimento para reconhecer quando é o momento mais propício para tomar a decisão.
Zoffmann ainda explica que é importante o apoio de profissionais na área da saúde e de carreira, “para poder orientar de modo mais preciso e lidar com dilemas e conflitos emocionais”.
Por fim, saber a hora de encerrar uma atividade e concluir essa fase de transição na carreira é outra lição valiosa que a decisão de Serena Williams traz para quem deseja seguir o mesmo caminho, de acordo com a especialista.
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*Com informações de CNBC, Fast Company e Vogue.