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Papéis da Lojas Americanas (LAME3 e LAME4) deixarão de ser negociados no dia 24. O que muda para o acionista?

Fachada de unidade da rede Lojas Americanas Express (AMER3 LAME3 LAME4), na Avenida Paulista, região central de São Paulo

Fachada de unidade da rede Lojas Americanas Express, na Avenida Paulista, região central de São Paulo.

O processo de reorganização societária da Lojas Americanas chega a uma conclusão nesta sexta-feira (21): as tradicionais ações LAME3 e LAME4 deixarão de ser negociadas e, a partir da próxima segunda (24), apenas os papéis AMER3 — correspondentes à Americanas S.A. — continuarão em circulação. Mas, afinal, o que muda para os acionistas da varejista?

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Bem, muita coisa ficará diferente, enquanto outras permanecerão quase iguais. De saída, é importante frisar que os detentores de LAME3 e LAME4 não vão ficar de mãos abanando: a reorganização vai unificar as bases acionárias. Portanto, se você tem esses ativos na carteira, receberá papéis AMER3 em troca — ou um pagamento em dinheiro.

Essa compensação financeira, no entanto, já não é mais uma alternativa na mesa: o direito de retirada deveria ter sido exercido até o dia 13 de janeiro. Ao todo, acionistas detentores de 2,9 milhões de papéis LAME3 optaram por esse caminho, recebendo R$ 5,49 por ação.

Quem não se manifestou a tempo ou escolheu continuar como investidor da Americanas vai participar da relação de troca: cada ação LAME3 ou LAME4 será convertida em 0,188964 papel AMER3 — a empresa vai emitir novos papéis para entregar a esses acionistas.

Dito isso, façamos algumas contas rápidas. No fechamento da última terça-feira (18), as ações AMER3 estavam cotadas a R$ 30,21; LAME4 valia R$ 5,74, enquanto LAME3 era negociada a R$ 5,69. Aplicando-se a relação de troca, chegamos à cifra de R$ 5,70 — quase idêntico ao preço dos papéis da Lojas Americanas.

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Sendo assim, qual vantagem os detentores de LAME3 e LAME4 levam com essa operação? Qual o apelo da reorganização societária, do ponto de vista dos acionistas? Para responder a essas perguntas, é preciso entender melhor os motivos que levaram a Americanas a promover todas essas movimentações.

Lojas Americanas: botando ordem na casa

A reestruturação mexe em vários pontos sensíveis do grupo. A começar pela complexidade excessiva de sua estrutura: A Lojas Americanas, hoje, é uma holding que controla a Americanas S.A. — que, por sua vez, foi constituída a partir da junção operacional da companhia com a B2W, seu braço de e-commerce.

Uma vez concluída a unificação das bases acionárias, restará apenas a Americanas S.A., com cerca de 70% das ações no mercado. Aliás, a emissão de novos papéis para serem entregues aos detentores de LAME3 e LAME4 também contribuirá para aumentar significativamente a liquidez de AMER3; as contas estão aqui.

Os 30% restantes continuarão nas mãos do chamado 'acionista de referência' da Americanas — os megainvestidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles. O grupo será diluído com a operação, já que originalmente era dono de quase 40% da empresa; ainda assim, permanecerão com bastante influência sobre a companhia.

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Além da questão da liquidez, há outra mudança prática para quem possui hoje as ações LAME3 ou LAME4. Por estarem relacionados à Lojas Americanas, esses papéis tinham o chamado 'desconto de holding' — e, com a nova estrutura, essa distorção deixará de existir.

Holdings, afinal, possuem toda uma camada extra de custos administrativos; além disso, podem ter outros investimentos — uns melhores que outros, o que implica num risco. Por isso, o valor de mercado de uma holding nunca corresponde à soma dos valores de seus investimentos; é preciso fazer um desconto.

Por fim, há ainda o fator da governança corporativa: a Americanas S.A. está listada no Novo Mercado da B3, o nível com as mais elevadas práticas de governança, enquanto Lojas Americanas estava num patamar inferior.

Ou seja: ao aceitar a relação de troca, o detentor de LAME3 ou LAME4 receberá um valor semelhante ao que ele possui hoje em mãos; no entanto, ele passará a integrar uma base acionária mais limpa, sem descontos e com uma governança corporativa superior. O apelo não está no preço, mas, sim, nas condições.

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AMAR3, LAME3 e LAME4: turbulência na bolsa

Após fortes baixas nos últimos dias, tanto as ações da Americanas S.A. (AMER3) quanto as da Lojas Americanas (LAME3 e LAME4) operam em forte alta nesta quarta: os três papéis chegaram a avançar mais de 10% hoje, aparecendo entre os destaques positivos da bolsa brasileira.

Isso, no entanto, nem de longe apaga o mau desempenho dos ativos num horizonte mais amplo de tempo. Em um ano, AMER3 ainda amarga perdas de 60%; LAME3 e LAME4 também tem baixas significativas, embora menos intensas:

O ambiente econômico mais duro, com juros em elevação e inflação acima dos 10% em 2021, pressiona o setor de varejo como um todo; a percepção do mercado é de que os setores ligados ao consumo tendem a ter um desempenho fraco no curto e médio prazo, dadas as incertezas domésticas.

Além disso, a competição crescente com players internacionais no e-commerce — desde players tradicionais no mercado brasileiro, como Mercado Livre e Amazon, até as grandes empresas asiáticas, como Shopee e Aliexpres —, trazem ainda mais incerteza ao segmento.

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A Americanas ao menos tem conseguido um desempenho superior ao das rivais: Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) recuam mais de 70% em um ano, particularmente afetadas pelas perspectivas não muito animadoras mostradas no balanço do terceiro trimestre.

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