Apesar do dia ter começado com a notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) havia convocado uma reunião extraordinária, os eventos desta Super quarta transcorreram como o projetado pela maior parte do mercado.
Mais cedo, o Federal Reserve fez um movimento raro para o BC americano e anunciou uma alta de 0,75 pp.
Para os padrões do Fed, o movimento pode ser considerado uma dose cavalar de remédio contra a inflação, mas, ao que tudo indica, a instituição preferiu causar um desconforto grande agora para evitar medidas mais drásticas no futuro. Digamos que foi apenas uma “picadinha”.
Mas não existe nada escrito em pedra. O Fed seguirá acompanhando os indicadores de inflação de perto e reagindo a eles – incluindo o CPI, muitas vezes visto como um dado secundário na condução da política monetária da instituição.
Aplicando um remédio mais forte diretamente na veia da inflação – estrangulando o consumo –, o Federal Reserve pretende ancorar as expectativas do mercado para a elevação dos preços na meta de 2%, mesmo sabendo que uma dose desse tamanho é incomum na terra do Tio Sam e pode provocar efeitos indesejados.
O mercado financeiro teme que a economia americana, que mostra sinais vacilantes, acabe entrando em recessão já que a guerra na Ucrânia e o cenário de incerteza na China pesam sobre a atividade. Powell admite que pode ser que a taxa de juros caminhe para o campo restritivo.
Por ora, o temor dos efeitos colaterais ficou contido entre os investidores. O chefe do Fed indicou que o próximo ajuste deve ficar na faixa de 0,50 pp e 0,75 pp, o que elimina a chance de uma elevação de 1 pp e deixa em aberto um piso para a alta dos juros.
Depois de muitos dias difíceis, Wall Street celebrou. O Nasdaq subiu 2,50%, o S&P 500 avançou 1,46% e o Dow Jones registrou alta de 1%.
A bolsa brasileira também comprou o otimismo visto em Nova York e o Ibovespa terminou o dia em alta de 0,73%, aos 102.806 pontos, encerrando uma sequência de oito quedas consecutivas. O dólar à vista devolveu boa parte dos ganhos da semana e fechou a sessão em queda de 2,11%, aos R$ 5,0260.
O que disse o Fed
O banco central norte-americano elevou a taxa básica em 0,75 ponto percentual (pp), elevando os juros para a faixa de 1,25% a 1,50% ao ano.
Embora o aumento tenha sido superior ao que o próprio Fed vinha defendendo, o mercado financeiro já vinha precificando uma elevação dessa magnitude desde que o índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 1% em maio na comparação mensal e 8,6% em termos anuais — no maior avanço desde 1981.
O Federal Reserve não adotava uma elevação tão brusca desde 1994 e o próprio Powell admitiu que essa era uma movimentação incomum para a entidade, mas necessária para ancorar as expectativas de inflação.
Para o próximo encontro, Powell já deixou contratada uma alta na faixa de 0,50 pp e 0,75 pp, tirando da mesa, por ora, uma elevação de 1 pp. A decisão irá depender dos próximos indicadores de inflação.
O que se espera do Copom
Enquanto o Federal Reserve acelera, o Banco Central brasileiro dá mais um passo em direção ao pouso de sua política monetária. O esperado pelo mercado é que o BC eleve os juros em 0,50 ponto percentual e sinalize o fim do ciclo de aperto.
Após a pressão dos últimos dias com a expectativa de forte alta de juros nos Estados Unidos, o posicionamento de Jerome Powell aliviou o mercado e as taxas fecharam nas mínimas do dia antes da decisão do Banco Central brasileiro. Confira:
CÓDIGO | NOME | TAXA | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,58% | 13,68% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 12,70% | 13,05% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 12,58% | 12,93% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 12,60% | 12,95% |
O ato inesperado do BCE
Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu o mercado com o anúncio de uma reunião extraordinária.
O Conselho da autoridade monetária anunciou a criação para barrar os riscos de uma fragmentação da Zona do Euro. Além da nova ferramenta, o BCE criará uma flexibilidade no resgate do Programa de Compras de Emergência de Pandemia (PEPP, em inglês).
Na prática, o mecanismo busca proteger países mais endividados do bloco, já que os rendimentos dos títulos de dívida dispararam mais do que nos países ricos após o anúncio de que a elevação de juros deve começar na próxima reunião da instituição.
Sobe e desce do Ibovespa
A troca de comando na Natura (NTCO3), fez com que as ações da empresa de cosméticos dominassem o pregão, mas as ações da Qualicorp (QUAL3) ganharam força no fim do dia.
Além de reverter parte das perdas recentes, o mercado repercute o início da comercialização de planos de saúde da Seguros Unimed na Grande SP, no Distrito Federal, Grande Salvador e São Luís. No geral, o dia foi favorável para ações do setor.
O alívio no câmbio e a queda do petróleo no mercado internacional, assim como veto à gratuidade do despacho de bagagens, impulsionou as ações do setor aéreo. Confira as maiores altas do Ibovespa nesta tarde:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 13,39 | 14,64% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 8,67 | 13,19% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 10,55 | 9,33% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 15,12 | 8,08% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 10,17 | 6,49% |
Confira também as maiores quedas da bolsa:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 40,45 | -2,27% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 29,08 | -1,76% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 25,26 | -1,48% |
CMIN3 | CSN Mineração ON | R$ 4,73 | -1,46% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 12,98 | -1,37% |