Os investidores americanos tiveram um pregão atípico — com os principais índices de Wall Street renovando as mínimas em mais de dois anos no início do dia para uma alta superior a 2% ao fim da sessão.
O mau humor da parte da manhã é facilmente explicado. Mais uma vez contrariando as expectativas do mercado, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mostrou que a inflação segue persistente, exigindo que o Federal Reserve siga elevando os juros de forma acelerada para conter a escalada dos preços.
O indicador acima do esperado renovou as apostas de que o Fed deve continuar promovendo ajustes de 0,75 ponto percentual nas próximas duas reuniões. Um combo perfeito para um dia de aversão ao risco.
Com quedas da ordem de 20% no ano, as bolsas americanas, no entanto, parecem ter atingido o fundo do poço — pelo menos por ora. Após registrar o pior nível desde 2020, Wall Street teve uma “milagrosa” recuperação técnica, liderada pelo setor financeiro, já de olho na temporada de balanços que começa amanhã.
O Ibovespa até tentou acompanhar o movimento de recuperação, mas o forte recuo do setor de varejo e das empresas de mineração e siderurgia levou o índice a cair 0,46%, aos 114.300 pontos. O dólar à vista teve leve alta de 0,02%, a R$ 5,2730.
Decepção
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), um dos principais indicadores de inflação dos Estados Unidos, avançou 0,4% em setembro ante agosto, acima da expectativa de alta de 0,2%.
No comparativo anual, o indicador avançou 8,2% em setembro, também acima das projeções dos analistas de 8,1%. O núcleo do CPI — que exclui alimentos e energia — subiu 0,6%, mas a previsão era de alta de 0,4%. Para os analistas, isso mostra que a alta dos preços segue disseminada
O avanço acima do esperado levou a uma recalibragem das apostas para a próxima reunião do Federal Reserve — com projeções majoritárias em uma nova elevação de 75 pontos-base nos juros americanos nas próximas duas reuniões.
Isso porque, além da inflação medida pelo CPI, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla inglês) também registrou alta de 0,4% em setembro ante julho — o dobro das projeções dos analistas.
A alta dos juros nos Estados Unidos levou o mercado brasileiro a fazer mais um ajuste de alta. Confira:
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,68% | 13,68% |
DI1F24 | DI jan/24 | 12,83% | 12,82% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 11,73% | 11,66% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,57% | 11,53% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,55% | 11,54% |
Sobe e desce do Ibovespa
Ainda surfando o efeito da possível oferta da gestora Apollo pela fatia da Novonor na Braskem (BRKM5), a petroquímica mais uma vez puxou os ganhos do Ibovespa. Na sequência, a Minerva (BEEF3) repercutiu projeções otimistas para o setor de proteínas americano, e as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) acompanharam o movimento de recuperação do petróleo. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 37,59 | 11,94% |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 14,16 | 6,87% |
RAIL3 | Rumo ON | R$ 19,78 | 4,11% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 37,89 | 3,13% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 34,00 | 3,03% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 18,99 | -7,64% |
MRVE3 | MRV ON | R$ 10,51 | -5,49% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 4,90 | -5,22% |
CMIN3 | CSN Mineração ON | R$ 3,42 | -5,00% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 11,62 | -4,60% |