🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

Entrevista com o CEO

Na Infracommerce (IFCM3), ganhar escala é prioridade após aquisição bilionária — e a meta é competir com Magazine Luiza e Amazon

Kai Schoppen, CEO da Infracommerce (IFCM3), fala da importância da compra da Synapcom para o crescimento acelerado no full commerce

Victor Aguiar
Victor Aguiar
30 de setembro de 2021
5:42 - atualizado às 17:55
Retrato de Kai Schoppen, fundador e CEO da Infracommerce (IFCM3). O logo da empresa aparece ao fundo
O alemão Kai Schoppen fundou a Infracommerce (IFCM3) em 2012 - Imagem: Divulgação/Infracommerce

Numa semana marcada por perdas generalizadas nas ações do setor de tecnologia, uma empresa destoou do restante e atravessou a turbulência de maneira praticamente ilesa: a Infracommerce (IFCM3). E não à toa: ela acertou a aquisição da rival Synapcom, ganhando escala e se consolidando de vez como uma força a ser reconhecida no e-commerce — um objetivo que era perseguido há tempos pelo alemão Kai Schoppen.

Ele, afinal, fundou a Infracommerce em 2012 e, desde então, também ocupa o cargo de CEO. E, por mais que a empresa já tivesse uma carteira de clientes robusta — que inclui Nike, Johnson&Johnson e Motorola, entre outros —, ainda era preciso dar um salto em termos de tamanho e capilaridade de atendimento.

"A junção [com a Synapcom] nos leva a outro patamar", disse Schoppen, em entrevista ao Seu Dinheiro. "Para cumprir a promessa que fizemos aos nossos clientes, precisamos crescer de um jeito acelerado, agressivo".

Tanto a Infracommerce quanto a Synapcom atuam num segmento conhecido como full commerce, uma modalidade de varejo digital que vem crescendo nos Estados Unidos e Europa, mas que ainda não é tão consolidada no Brasil. Em linhas gerais, trata-se da gestão completa do e-commerce de uma marca — algo como uma terceirização.

Imagine que você é o dono de uma rede de loja de sapatos e deseja fazer a transição para o mundo digital. É uma tarefa hercúlea que envolve a construção de uma plataforma de vendas, o uso intensivo de tecnologia, a criação de práticas de marketing diferenciadas, a adoção de ferramentas financeiras para processamento de pagamentos, o gerenciamento logístico e de transporte de produtos... A lista é enorme.

Sendo assim, o full commerce se propõe a gerenciar todo o universo do e-commerce de uma marca — das fotos a serem exibidas num aplicativo à entrega ao consumidor, dos e-mails a serem disparados ao cliente à emissão de notas fiscais, do armazenamento de itens à administração de redes sociais. Há quem opte pelo pacote completo, há quem escolha apenas alguns itens.

Leia Também

A Infracommerce era o player mais relevante desse segmento no chamado B2B (business to business, ou o comércio entre empresas), enquanto a Synapcom era uma força no B2C (business to consumer, ou o varejo voltado ao consumidor final).

Agora, as duas estão juntas — e Schoppen tem planos grandiosos para o conglomerado.

Infracommerce: crescer e aparecer

"Nossa visão é a de que umas 500 indústrias, juntas via Infracommerce, conseguem criar um ecossistema com um marketplace focado em integração horizontal", disse o executivo. "Somos capazes de garantir que nosso cliente ganhe relevância em custo, escala e competência".

O grande apelo do full commerce passa exatamente pela competitividade. Gigantes como Magazine Luiza, Mercado Livre e Amazon têm uma enorme estrutura logística que reduz os tempos de entrega e barateia os gastos com frete; nesse cenário, marcas isoladas podem ter dificuldade para criar um sistema de e-commerce viável.

Quero evitar o que aconteceu nos EUA e na China. O Alibaba e a Amazon são onipotentes.

Kai Schoppen, fundador e CEO da Infracommerce (IFCM3)

A união com a Synapcom, assim, dará à Infracommerce o ganho de escala necessário para que seus serviços possam bater de frente com o das gigantes do e-commerce. As duas companhias, juntas, terão 12 centros de distribuição pelo país; no lado tecnológico, o número de desenvolvedores para a criação de plataformas e aperfeiçoamento da estrutura de pagamentos dará um salto.

A chegada da Synapcom também engordará a carteira de clientes da Infracommerce, trazendo nomes como Samsung, Phillips, Hypera e Goodyear ao sistema de full commerce; a receita recorrente anualizada da recém-adquirida é de R$ 275 milhões — um salto de 65% na receita da própria Infracommerce.

Em termos de GMV (gross merchandise value, ou valor bruto de mercadorias — o total vendido por uma varejista), a Infracommerce ainda tem um tamanho bem menor que os gigantes do e-commerce. Ao fim de 2020, a empresa reportou uma cifra de R$ 4,6 bilhões, enquanto a Synapcom movimentou pouco mais de R$ 1 bilhão; o Magazine Luiza fechou o ano com GMV de R$ 43,5 bilhões, enquanto a Via somou R$ 38,8 bilhões.

Centro de Distribuição da Infracommerce (IFCM3) em Extrema (MG)
Centro de Distribuição da Infracommerce (IFCM3) em Extrema (MG)

Infracommerce e Synapcom: full commerce

A Infracommerce já tinha feito duas aquisições desde que estreou na bolsa, em abril deste ano, mas a Synapcom é, de longe, a maior compra: a operação envolve uma parcela de R$ 773 milhões em caixa e a emissão de até 27 milhões de ações da companhia em favor dos controladores da rival — o que, levando em conta a cotação da última sexta-feira (24), de R$ 16,10, representa mais R$ 434 milhões.

O crescimento via aquisições era um dos objetivos da companhia no curto prazo. Quando deu entrada no pedido de IPO, a Infracommerce deixou claro que usaria grande parte dos recursos obtidos com a abertura de capital para comprar outras empresas; ao fim do processo, ela levantou cerca de R$ 870 milhões.

E, de fato, o balanço do grupo no segundo trimestre de 2021 mostra fôlego no lado do endividamento: a empresa tinha um caixa de pouco mais de R$ 740 milhões ao fim de julho. Ainda assim, Schoppen destaca que a compra da Synapcom será parcelada, de modo a evitar qualquer tipo de pressão sobre as métricas financeiras.

De qualquer maneira, o executivo não descarta eventuais novas captações no futuro, conforme surgirem necessidades para dar continuidade ao plano de crescimento da companhia — seja via equity, com uma oferta subsequente de ações, ou via mercado de dívida. Por ora, não há nenhuma discussão nesse sentido.

"Não vamos mais fazer fusões e aquisições? Eu acho que vai ter mais no futuro, mas, com certeza, não nas próximas semanas", diz Schoppen. "É hora de respirar fundo, arrumar a casa e fazer projeto bem feito".

Crescimento versus rentabilidade

No lado financeiro, a Infracommerce passa pelo mesmo dilema da maior parte das empresas de tecnologia do mundo: por um lado, apresentam crescimento elevado; por outro, têm dificuldade em se mostrar rentáveis durante essa fase de expansão — não é de todo incomum que apresentem prejuízo.

Mesmo antes da aquisição da Synapcom, a Infracommerce já apresentava taxas de expansão de receita bastante elevadas. Ao fim de 2020, a companhia teve receita líquida de R$ 235,9 milhões; somente no primeiro semestre deste ano, a receita já soma R$ 152 milhões.

Gráfico de barras e linhas mostrando a evolução da receita líquida, do Ebitda, do lucro/prejuízo líquido e da margem Ebitda da Infracommerce (IFCM3) ao longo do tempo
A Infracommerce (IFCM3) teve um salto de quase 10% na receita líquida entre o segundo e o primeiro trimestre de 2021; por outro lado, ela saiu de lucro e teve prejuízo entre abril e junho

De acordo com a companhia, a fusão com a Synapcom elevará a receita anual líquida recorrente à R$ 710 milhões, cerca de três vezes a receita total de 2020 — a cifra tem como base o patamar de receita dos clientes atuais de ambas as empresas.

Apesar do prejuízo reportado no segundo trimestre, Schoppen afirma a Infracommerce não está perdendo o olhar para a rentabilidade. No curto prazo, no entanto, a prioridade é o crescimento: no biênio 2021 e 2022, a empresa será agressiva para continuar crescendo.

IFCM3: ações resistem

Na bolsa, a aquisição foi comemorada pelos investidores e elogiada por analistas. Além disso, o timing foi particularmente benéfico para a Infracommerce, protegendo-a da onda negativa que atingiu o mercado brasileiro — e, em especial as ações de outras companhias do setor de tecnologia.

Em uma semana, as ações ON da empresa (IFCM3) acumulam ganhos de 5,91%, na contramão de grande parte de seus pares do setor de tecnologia. Veja a tabela abaixo:

EmpresaCódigoVariação em uma semana
LocawebLWSA3-7,72%
AlliedALLD3-10,58%
NeogridNGRD3-7,43%
InfracommerceIFCM35,91%
Clear SaleCLSA3-14,85%
BemobiBMOB3-9,24%
BrisanetBRIT35,91%
UnifiqueFIQE3-10,69%
MeliuzCASH3-17,13%
MosaicoMOSI3-9,95%
GetNinjasNINJ3-15,49%
MoblyMBLY3-12,96%
DesktopDESK315,44%

"Para mim, é óbvio que é bom quando [a ação] sobe e que dói quando cai", diz Schoppen, lembrando que os papéis da Infracommerce (IFCM3) acumulam desempenho positivo desde o IPO — terminaram o pregão de quarta-feira (29) a R$ 16,80, 5% acima do preço da abertura de capital. "Mas não olho para isso, construo o projeto com anos para frente".

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

CHINA NO VOLANTE

Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro

29 de abril de 2025 - 8:16

O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas

JOGANDO UM CHARME

Haddad prepara investida para atrair investimentos em data centers no Brasil; confira as propostas

28 de abril de 2025 - 16:15

Parte crucial do processamento de dados, data centers são infraestruturas que concentram toda a tecnologia de computação em nuvem e o ministro da Fazenda quer colocar o Brasil no radar das empresas de tecnologias

VAREJO EM ALTA

Lojas Renner (LREN3): XP eleva recomendação para compra e elenca quatro motivos para isso; confira

28 de abril de 2025 - 12:06

XP também aumenta preço-alvo de R$ 14 para R$ 17, destacando melhora macroeconômica e expansão de margens da varejista de moda

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

PET FIGHT

Cade admite Petlove como terceira interessada, e fusão entre Petz e Cobasi pode atrasar

25 de abril de 2025 - 11:55

Petlove alega risco de monopólio regional e distorção competitiva no setor pet com criação de gigante de R$ 7 bilhões

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

VIVENDO O HYGGE

O turismo de luxo na Escandinávia é diferente; hotéis cinco-estrelas e ostentação saem do roteiro

25 de abril de 2025 - 8:02

O verdadeiro luxo em uma viagem para a região escandinava está em praticar o slow travel

VOANDO MAIS ALTO

Azul (AZUL4) capta R$ 1,66 bilhão em oferta de ações e avança na reestruturação financeira

24 de abril de 2025 - 11:20

Oferta da aérea visa também a melhorar a estrutura de capital, aumentar a liquidez das ações e equitizar dívidas, além de incluir bônus de subscrição aos acionistas

TÁ CHEGANDO

OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações? 

24 de abril de 2025 - 10:45

Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

BONS VENTOS A CAMINHO?

Desempenho acima do esperado do Nubank (ROXO34) não justifica a compra da ação agora, diz Itaú BBA

23 de abril de 2025 - 19:15

Enquanto outras empresas de tecnologia, como Apple e Google, estão vendo seus papéis passarem por forte desvalorização, o banco digital vai na direção oposta, mas momento da compra ainda não chegou, segundo analistas

ILUMINADA

Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?

23 de abril de 2025 - 16:22

Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel

AGORA É GUERRA?

Família da Tok&Stok envia carta à Mobly (MBLY3) negando conluio em OPA, mas empresa aponta compromisso ‘inusitado e sem precedentes’

23 de abril de 2025 - 14:13

A família Dubrule quer retomar o controle da Tok&Stok e a Mobly alega negociação às escondidas com outros acionistas para se garantir a compra de ações na Oferta Pública de Aquisição

TENTANDO EVITAR UMA PANE

A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)

23 de abril de 2025 - 11:45

Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.

AGORA É NOS TRIBUNAIS?

Mobly (MBLY3) acusa família Dubrule de ‘crime contra o mercado’ e quer encerrar OPA

22 de abril de 2025 - 14:02

Desde março deste ano, a família Dubrule vem tentando retomar o controle da Tok&Stok através de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA)

ENTREVISTA COM O CHEF

Como o melhor chef confeiteiro do mundo quer conquistar o brasileiro, croissant por croissant 

22 de abril de 2025 - 8:11

Como o Mata Café, chef porto-riquenho Antonio Bachour já deu a São Paulo um tira-gosto de sua confeitaria premiada; agora ele está pronto para servir seu prato principal por aqui

LANTERNINHA

Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?

22 de abril de 2025 - 6:00

O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores

CASA PRÓPRIA

De olho na classe média, faixa 4 do Minha Casa Minha Vida começa a valer em maio; saiba quem pode participar e como aderir

21 de abril de 2025 - 7:00

Em meio à perda de popularidade de Lula, governo anunciou a inclusão de famílias com renda de até R$ 12 mil no programa habitacional que prevê financiamentos de imóveis com juros mais baixos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar