Por que a BRF (BRFS3) quer fazer uma nova — e bilionária — oferta de ações?
A dinâmica da dívida da BRF (BRFS3) pressiona os planos estratégicos da companhia, e a oferta de ações pode trazer um alívio importante

Uma movimentação da BRF (BRFS3) passou quase que despercebida pelo mercado: a gigante do setor de proteína animal planeja uma oferta primária de ações (o chamado 'follow on') que poderá levantar mais de R$ 6 bilhões. A operação ainda precisa do aval dos acionistas, mas o simples fato de a diretoria levar o tema adiante já nos diz algumas coisas sobre o planejamento estratégico da companhia.
Indo aos números: a BRF quer emitir até 325 milhões de novas ações ON (BRFS3) — e, considerando a cotação de fechamento da última quinta-feira (16), de R$ 20,40, chegamos a uma cifra de R$ 6,6 bilhões. Como estamos falando de novos papéis, a transação implica numa potencial diluição dos atuais acionistas.
O xis da questão é a estrutura de capital da companhia. Uma consulta ao balanço da dona da Sadia e da Perdigão no terceiro trimestre nos mostra uma pressão considerável no front do endividamento — a dívida líquida da BRF superava os R$ 16 bilhões ao fim de setembro —, o que trava as metas de expansão da empresa no médio prazo.
Sendo assim, a capitalização via oferta de ações aparece como uma alternativa interessante para aliviar o peso dessa âncora e permitir a expansão da companhia. Um objetivo que, ao menos por enquanto, compensa o efeito colateral da diluição da base acionária.
BRF e a visão para 2030
Em dezembro do ano passado, a BRF revelou seu plano estratégico até 2030: a ideia é atingir uma receita líquida de mais de R$ 100 bilhões ao fim da década, com o Ebitda mais que triplicando no mesmo período. Para tal, a companhia estima investimentos da ordem de R$ 55 bilhões ao longo desse período.
Esse projeto vinha com alguns marcos temporais: até 2023, a receita líquida deveria atingir os R$ 65 bilhões; até 2026, o Ebitda deveria dobrar em comparação com o nível de 2020. O problema é que, com a estrutura de capital desfavorável, o cumprimento dessas metas ficou cada vez mais difícil.
Leia Também
Tanto é que, no começo desse mês, a BRF atualizou o seu plano e adiou em um ano o cumprimento desses marcos: a receita de R$ 65 bilhões foi jogada para 2024, e o Ebitda dobrado, para 2027. Os objetivos finais para 2030 foram mantidos, mas com um ajuste de rota, digamos — o que causou alguma frustração no mercado.
Outro ponto crucial diz respeito às métricas de alavancagem. Segundo a empresa, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda nos últimos 12 meses tem o patamar de três vezes como "limite prudencial". Só que, ao fim do terceiro trimestre, essa barreira foi rompida: a alavancagem da BRF chegou a 3,06 vezes.
Foi mais um fator de desconforto aos investidores: por mais que, no lado operacional, a BRF esteja conseguindo mostrar uma evolução considerável, esses problemas trazem um certo ceticismo ao mercado em geral.

Aliviando o endividamento
Dito isso, voltemos à potencial oferta de ações. Por mais que o destino dos recursos que poderão ser levantados não tenha sido revelado pela BRF — ela apenas diz, genericamente, que R$ 500 milhões irão para o capital social, com o restante sendo destinado "à formação de reserva de capital" —, é de se imaginar que a operação tenha como foco a redução do endividamento.
Uma análise mais criteriosa dos compromissos financeiros da BRF nos mostra algumas questões importantes. A empresa fechou o terceiro trimestre com R$ 24,4 bilhões em dívida bruta, dos quais R$ 16,5 bilhões — quase 70% do total — eram denominados em moeda estrangeira.
E, considerando a desvalorização do real nos últimos meses e a tendência não muito animadora para o mercado de câmbio em 2022, dadas as incertezas do período eleitoral, há um risco nada desprezível de que esse mix piore ainda mais caso nada seja feito.
Outro ponto relevante é a linha de despesas financeiras, que ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre. Com dívidas tão volumosas e a Selic em elevação no país, a BRF tem gastos muito altos com os juros relacionados aos compromissos financeiros.
Esses dois fatores, combinados, fazem com que a evolução operacional seja ofuscada e travam o crescimento do Ebitda e dos resultados líquidos da companhia — o que, em última instância, só dificulta o atingimento das metas para 2030.
Assim, num cenário em que mais de R$ 5 bilhões levantados com a oferta sejam destinados ao pagamento antecipado de dívidas e fortalecimento da estrutura de capital, a linha de despesas financeiras tende a recuar e a exposição do endividamento da BRF às oscilações do dólar também tende a cair. Um cenário ideal para a companhia.
BRFS3: chegou a hora?
Cotadas a R$ 20,40, as ações ON da BRF (BRFS3) acumulam queda de 7,4% desde o começo de 2021, um desempenho em linha com o visto no Ibovespa. Mas, se esse comportamento não parece de todo ruim à primeira vista, a situação fica bem diferente na comparação com as demais empresas do setor de proteína animal.
O cenário de demanda aquecida no exterior e real desvalorizado tem sido extremamente benéfico para as empresas desse segmento. Em linhas gerais, companhias como JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) reportaram resultados bastante fortes nos últimos dois anos, acumulando lucros e gerando caixa.
A BRF, por outro lado, ficou para trás, dados os seus problemas de estrutura de capital — uma realidade que fica bastante evidente no comportamento das ações de todas essas empresas:

Segundo dados do TradeMap, as ações da BRF (BRFS3) têm quatro recomendações de compra e nove de manutenção; o preço-alvo médio das casas de análise é de R$ 27,97, o que representa um potencial de ganho de 37% em relação aos níveis atuais. Em termos de valuation, o EV/Ebitda estimado para BRFS3 ao fim de 2022 é de 5,9 vezes, abaixo da média de três anos para os papéis, de 11,3 vezes.
A assembleia de acionistas que irá votar a oferta de ações foi marcada para o dia 17 de janeiro.
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam R$ 322 milhões em dividendos
Distribuição contempla ações ordinárias e ADRs; confira os detalhes
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Lojas Renner (LREN3): XP eleva recomendação para compra e elenca quatro motivos para isso; confira
XP também aumenta preço-alvo de R$ 14 para R$ 17, destacando melhora macroeconômica e expansão de margens da varejista de moda
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Cade admite Petlove como terceira interessada, e fusão entre Petz e Cobasi pode atrasar
Petlove alega risco de monopólio regional e distorção competitiva no setor pet com criação de gigante de R$ 7 bilhões
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles