Com o anúncio de esforços extra para conter a subida dólar à vista nos últimos dois dias, a forma de atuação do Banco Central sobre o câmbio voltou ao destaque no noticiário brasileiro nesta sexta-feira (15).
O diretor de Política Monetária da instituição, Bruno Serra, admitiu que pode haver uma "dinâmica perversa" no câmbio, mas reforçou o BC tem uma "capacidade robusta" de intervenção no mercado com o uso das reservas internacionais.
"Estivemos bastante presentes no ano passado inteiro e até março deste ano, mantendo o câmbio sempre funcional, sem entrar em uma dinâmica dessa", afirmou, em videoconferência organizada pela Upon Global hoje.
Serra lembrou que o Banco Central segue intervindo no mercado e destacou que já foram vendidos R$ 3,5 bilhões desde o fim de setembro: "é função do BC prezar pelo bom funcionamento do mercado de câmbio, e assim estamos fazendo".
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De olho no mercado
Sobre o movimento dos últimos dias, o diretor ressalta que o período foi de grande saída concentrada. "O mercado claramente teve dificuldades em digerir esse risco cambial e o BC voltou a estar presente. É sempre melhor quando o mercado funciona sozinho, mas os volumes vendidos nos últimos dias mostram que estamos atentos", completou.
Mais cedo, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, também veio a público para assegurar que a autoridade monetária não alterou sua forma de atuação no câmbio.
"Não há nenhuma mudança em como o BC atua. O BC nunca almeja mexer no nível que o mercado determina. Mas vamos agir quando vermos fluxos grandes ou o mercado muito irracional, ou pressões que acreditamos que requerem ação".
Nível equilibrado
O diretor de Política Monetária do Banco Central avaliou também que o nível das reservas internacionais brasileiras é equilibrado, citando métricas sugeridas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). No dia 13 de outubro, as reservas estavam em US$ 368,991 bilhões.
"Não acho que essa discussão sobre nível de reservas agrega muito, mas sob qualquer comparação internacional em termos de PIB, as reservas brasileiras estão em níveis semelhantes aos nossos pares. Não há nada gritante muito maior ou muito menor", afirmou.
Serra admitiu, porém, que no longo prazo possivelmente algumas dessas métricas devem mudar na medida em que o passivo externo se altere. "Algumas dessas métricas poderão indicar uma menor necessidade de reservas, mas isso vai demorar. Vai demorar a fazer diferença", completou.
*Com informações do Estadão Conteúdo