Site icon Seu Dinheiro

Internet do futuro, discurso do passado: o que está em jogo no leilão do 5G

Jair Bolsonaro chegou ao auditório da Anatel na manhã de hoje, em Brasília, usando um boné amarelo com a inscrição 5G acima de uma diminuta bandeira do Brasil. Chamado ao púlpito, falou em dobrar a produção de tilápias e sugeriu que, depois de contar ter sido cobrado sobre a Amazônia em sua recente visita à “Torre de Pizza”, o que os indígenas querem mesmo é internet rápida.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas as discussões em torno da quinta geração da internet móvel, cujo leilão deve prosseguir até amanhã, vão muito além de aplicações restritas ao agronegócio e povos ancestrais em vias de extermínio ou aculturação supostamente interessados em produzir um contraponto informativo ao veiculado pela mídia brasileira para consumo internacional.

Começam pelo aumento da velocidade e da estabilidade em um país onde a internet, além de cara, está longe de figurar entre as mais rápidas e estáveis do mundo. Avançam até um cenário mais próximo da ficção científica, pincelado por alto na intervenção de um extasiado Fábio Faria, o ministro das Comunicações.

Para a realidade brasileira, o 5G ainda exige o uso da imaginação para nos transportarmos a um futuro no qual uma das poucas coincidências com a atualidade é sermos despertados pelo alarme do smartphone.

Futurologia

Num breve exercício de futurologia, ao olharmos para a janela do quarto veríamos como o vidro, aos poucos, vai deixando de ser opaco e traz a luz do dia para dentro do quarto. Nossos dispositivos filtrariam o quanto de luminosidade desejamos, como se controlassem o sol.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Alguns metros à frente, nosso dispositivo projetaria aplicativos e traria informações sob demanda, podendo ser a previsão do tempo, o noticiário, as mensagens recebidas enquanto dormíamos, a agenda da escola das crianças ou nossos compromissos naquele dia.

Na cozinha, poderíamos visualizar os alimentos dentro da geladeira ou controlar sua temperatura sem ter que abrir a porta. Enquanto isso, o fogão regularia a temperatura ao desconfiar que o leite ferveu e pode derramar. Na sala de estar, o ambiente climatizado seria controlado pela smart TV.

E isso porque só falamos dos usos domésticos. No sistema de transportes, nossos carros inteligentes se antecipariam até aos buracos da rua, enquanto ônibus e metrôs funcionariam de modo sincronizado e previsível. Na teleconsulta médica, uma luva com sensores permitiria um exame clínico como se estivesse sendo realizado presencialmente.

Já as possibilidades de uso pela indústria e pelo setor de serviços têm o potencial de representar o pulo do gato de um país supostamente fadado a vislumbrar futuros jamais concretizados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Perspectivas

É claro que nada disso vai acontecer do dia para a noite. Os termos do leilão preveem a obrigação de cobertura das 26 capitais e do Distrito Federal até julho de 2022. Já o serviço deverá cobrir todas as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes até 2028, mesmo prazo no qual o serviço de 4G deverá cobrir todo o território nacional.

Exit mobile version