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A aversão ao risco veio para ficar? Campos Neto impede queda maior, mas Ibovespa apaga ganhos do ano; dólar recua

Pessimismo

Depois de meses tenebrosos, marcados pela falta de vacina e insumos no pior momento da pandemia no país, o segundo trimestre de 2021 trouxe esperança para o Ibovespa. Os dados de atividade econômica começaram a mostrar um país em recuperação e a vacinação acelerou, com perspectivas reais para a imunização de jovens e adultos. 

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Confira o que esperar mercado nesta quarta-feira (18) clicando aqui. Também não deixe de conferir a nossa cobertura de mercados em tempo real neste link.

A animação com a reabertura econômica empolgou o índice por semanas, levando-o a renovar diversas vezes o seu recorde de fechamento — agora acima da casa dos 130 mil pontos. Mas, desde a última máxima registrada em 7 de junho, a coisa tem andado ladeira abaixo.

O principal índice da bolsa brasileira saiu dos 130.776 pontos naquela ocasião para os 117.903 pontos nesta terça-feira, uma queda de 1,07% no pregão de hoje. Com isso, apagou completamente os ganhos do ano e agora acumula um recuo de 1% em 2021.

Nesta tarde, o dólar à vista também fechou em queda, desta vez de 0,20%, a R$ 5,2701, mas da última vez que o champanhe estourou na B3, a moeda americana estava na casa dos R$ 5,03.

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O resultado poderia ter sido pior caso as palavras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não tivessem acalmado o mercado e retirado o dólar das máximas, a R$ 5,30, e o Ibovespa das mínimas, próximo dos 116 mil pontos — afinal, o cenário político segue complicado, com embates entre os Três Poderes e uma reforma do Imposto de Renda que corre o risco de não ser aprovada ou de crescer com o peso dos “jabutis”.

O presidente do BC voltou a mostrar uma postura firme contra a inflação e disse que a instituição fará o possível para cumprir a meta e ancorar as expectativas de elevação dos preços. Depois disso, a bolsa saiu do seu nível mais baixo desde abril, e o dólar e a curva de juros reduziram a pressão.  Confira as taxas de fechamento:

A maré da bolsa virou?

Para Victor Benndorf, da Apollo Investimentos, e outros analistas com quem conversei ao longo do dia, o que antes parecia uma correção depois das máximas agora já mostra ares de reversão de tendência para o índice brasileiro - de um ciclo de alta para a neutralidade. Para Benndorf, o que a reabertura deve trazer de volta é a demanda reprimida do último ano e não uma melhora estrutural da economia. 

"O cenário precificado de reabertura estava construindo um castelo nas nuvens. Nós temos um cenário de juros buscando máximas, endividamento histórico das famílias, inflação diminuindo o poder de compra, um cenário político bem ruim com incertezas com as reformas e embate entre os Poderes. Não estava sendo precificado o mais pesado".

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O exterior hoje não ajudou, mas o movimento visto lá fora não preocupa. As bolsas americanas interromperam a sequência de recordes ao refletir dados mistos da economia americana, e a variante delta traz incertezas, mas o movimento de ajuste é visto como normal pelo mercado.

Depois de dias agitados, a temporada de balanços chegou ao fim, mas o noticiário corporativo também teve seus destaques:

Nem quente, nem frio

Depois dos dados do varejo chinês decepcionarem, hoje foi a vez dos Estados Unidos. O país registrou uma queda de 1,1% em julho nas vendas no varejo, bem acima da queda de 0,03% que estava sendo projetada pelo mercado. Já a produção industrial subiu 0,9%, acima da previsão de 0,5%.

A variante delta, uma preocupação em meio ao novo crescimento de casos de covid-19 do país, foi endereçada hoje pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que disse não saber o quanto a cepa pode impactar a economia

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O resultado disso tudo foi que as bolsas em Wall Street interromperem a sequência de altas. Vale lembrar que a desaceleração da atividade nos países desenvolvidos pode pressionar o desempenho do setor de commodities, já que indica uma demanda menos aquecida do que o inicialmente projetado.

Sobe e desce do Ibovespa

A temporada de balanços do segundo trimestre chegou ao fim com um tom positivo. Embora a base de comparação com 2020 seja prejudicada pelo ápice da pandemia, a Bloomberg estima que cerca de 49% das companhias apresentaram números acima do consenso de mercado. 

Em um dia majoritariamente negativo para o Ibovespa, os reflexos dos balanços ainda puderam ser sentidos por algumas companhias. Confira as maiores altas de hoje:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
YDUQ3Yduqs ONR$ 25,115,68%
CMIG4Cemig PNR$ 11,702,81%
UGPA3Ultrapar ONR$ 16,051,84%
VIVT3Telefônica Brasil ONR$ 43,051,29%
WEGE3Weg ONR$ 34,620,61%

Os setores mais correlacionados com a reabertura econômica e a demanda internacional ou sensíveis ao aumento de juros no país lideraram as quedas nesta tarde. Confira:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
LWSA3Locaweb ONR$ 22,14-6,78%
EMBR3Embraer ONR$ 18,25-6,17%
USIM5Usiminas PNAR$ 18,93-5,49%
CIEL3Cielo ONR$ 2,85-5,00%
AZUL4Azul PNR$ 33,79-4,39%
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