Hoje o mercado financeiro tem duas histórias distintas para contar — a daqueles que passaram o dia no aguardo da decisão de política monetária do Federal Reserve e daqueles que preferiram olhar para a temporada de balanços.
Depois de dois dias de tensão com a movimentação intervencionista da China em alguns setores da economia, a manhã parecia indicar um dia de recuperação, mas os índices em Nova York tiveram dificuldades para manter o ritmo.
Na hora da decisão, um velho conhecido. O Banco Central americano cumpriu as expectativas do mercado de manter a taxa de juros inalterada entre 0% e 0,25%, mas não trouxe nenhuma sinalização sobre quando as condições deixarão de ser favoráveis para a manutenção dos estímulos.
O mercado acionário americano chegou a ensaiar uma recuperação mais expressiva, mas, no fim, a reação foi tímida. Enquanto o Nasdaq fechou o dia em alta de 0,70%, repercutindo os balanços das big techs, o S&P 500 e o Dow Jones recuaram 0,02% e 0,36%, respectivamente.
Por aqui, a safra de bons números na temporada de balanços embalou o Ibovespa ao longo de todo o dia, deixando o índice brasileiro descolado da cautela que afetou Nova York, principalmente com o avanço do setor bancário e da Vale. Após o anúncio do Fed, os investidores ganharam gás extra para levar o índice a uma alta de 1,34%, aos 126.285 pontos.
Os temores com relação à inflação brasileira chegaram a pressionar o dólar na parte da tarde, mas a decisão do Fed garantiu alívio no câmbio. O dólar à vista fechou o dia com um recuo de 1,31%, a R$ 5,1099.
No Brasil, a decisão do Copom é só na semana que vem (3), mas os investidores seguem ajustando as apostas em uma atuação mais dura do Banco Central para impedir que a inflação fique acima da meta também em 2022.
Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Capital, aponta que não só os índices de atividade vêm mostrando aceleração dentro do IPCA-15, mas alguns fatores ambientais também podem pressionar a alta dos preços de alimentos e energia. É o caso das geadas que atingem o Centro-Sul, queimando lavouras, e a crise hídrica, que mexe não só com as plantações mas também com a tarifa de energia.
Para o mercado, parece pouco provável que o BC brasileiro não eleve a Selic em 1 ponto-percentual na próxima reunião. E isso se reflete na curva de juros, que mais uma vez se manteve pressionada. Confira as taxas do dia:
- Janeiro/22: de 6,23% para 6,24%
- Janeiro/23: de 7,63% para 7,69%
- Janeiro/25: de 8,40% para 8,44%
- Janeiro/27: de 8,73% para 8,76%
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Bingo!
A decisão de política monetária do Federal Reserve não trouxe novidades. No comunicado, o BC americano repetiu frases que já começam a soar como velhas conhecidas daqueles que acompanham o mercado financeiro mais atentamente.
Para os dirigentes da instituição, a inflação segue apresentando caráter transitório e embora a atividade econômica tenha se recuperado com o avanço da vacinação, alguns setores ainda seguem fragilizados. Além disso, o Fed deve seguir utilizando todas as suas ferramentas para garantir que os níveis de preços e de emprego retornem aos patamares desejados.
Quem esperava novidades se decepcionou. Para Passos, da Ajax Capital, o que chamou a atenção foi a indicação de Powell de que o Fed ainda não está seguro para fazer sinalizações quanto à retirada de estímulos em agosto, durante o tradicional encontro de dirigentes dos bancos centrais globais, em Jackson Hole. Isso significa que a tensão com relação à possível elevação de juros e diminuição do ritmo das compras de ativos deve seguir pautando o mercado.
Outro ponto aguardado e que ganhou uma breve menção foi o risco que a variante delta representa para a economia. De acordo com Powell, a ameaça está sendo monitorada.
Anote na agenda
O Congresso segue em recesso, mas a expectativa é que os parlamentares encarem uma agenda cheia no retorno. O presidente da Câmara, Arthur Lira, utilizou as redes sociais para reforçar o que espera do segundo semestre parlamentar — aprovar a reforma tributária e andar com as privatizações.
Lira também aproveitou para falar de possíveis mudanças no texto. O presidente da Câmara anunciou que a sua proposta de isenção da taxação de dividendos às empresas do Simples Nacional foi acatada pelo relator do texto, o deputado Celso Sabino. A decisão também foi anunciada no Twitter.
Resumo do dia
Fora do Ibovespa, hoje o dia foi mais uma vez de estreia na bolsa brasileira. As ações da Armac subiram mais de 30%, enquanto as da plataforma TradersClub avançaram 35% no primeiro dia de negociações.
Ibovespa | 1,34% | 126.285 pontos |
Dólar à vista | -1,31% | R$ 5,1099 |
Bitcoin | 1,07% | R$ 206.018 |
O motor da bolsa
Queridinha do mercado e um furação de bons resultados, a Weg surpreendeu mais uma vez em seu balanço trimestral, mesmo com a expectativa dos investidores já nas alturas. O resultado foi uma alta expressiva de quase 8%.
O balanço do Santander também inspirou grande movimentação na bolsa, com as ações do setor bancário subindo em bloco. Em antecipação ao balanço que deve ser divulgado nesta noite, os papéis da Vale também impulsionaram o Ibovespa. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
WEGE3 | Weg ON | R$ 37,11 | 7,91% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 26,44 | 3,20% |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | R$ 30,75 | 3,12% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 40,82 | 2,90% |
EZTC3 | EZTEC ON | R$ 28,40 | 2,90% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
NTCO3 | Natura ON | R$ 54,91 | -6,54% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 45,62 | -2,69% |
BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 31,02 | -2,05% |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 36,21 | -1,79% |
B3SA3 | B3 ON | R$ 15,84 | -1,61% |