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Primeiro ato da ‘Super Quarta’ mostra economia dos EUA aquecida e assusta os mercados; bolsa recua e dólar se fortalece

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Projeções mais otimistas para a economia americana e a garantia de que o Federal Reserve irá manter a sua política monetária acomodatícia por mais algum tempo atormentaram o mercado financeiro nesta "Super Quarta". 

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A tão aguardada decisão de juros do Banco Central americano veio em linha com as expectativas do mercado - a taxa permanecerá entre 0% e 0,25% ao ano -, mas a nova revisão das projeções para o longo prazo azedou o humor dos investidores. 

O primeiro número que chama a atenção é a estimativa para a inflação em 2021 medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que passou de 2,4% no trimestre anterior para 3,4%. Com os preços em disparada e o Fed confirmando que vê os efeitos positivos da vacinação em massa e dos estímulos na economia, o temor de uma alta de juros, que já atormenta o mercado há algum tempo, voltou a falar mais alto. 

Dessa vez, essa desconfiança foi confirmada pelas projeções dos próprios dirigentes do BC americano. Se antes era possível ver mudanças nos juros somente a partir de 2024, agora pelo menos nove dos 18 participantes estimam que as taxas subam entre 0,5% e 1,25% já em 2023.

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, a manutenção dos estímulos por parte do Fed para que a economia ganhe tração deve forçar os dirigentes ainda mais para antecipar essa elevação de juros. 

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Essa leitura é compartilhada com a maior parte do mercado e não repercutiu positivamente. Se antes da divulgação do Fed as bolsas já operavam com cautela, a decisão fez com que as bolsas globais acelerassem o movimento e tocassem as mínimas. O cenário só foi amenizado quando Jerome Powell entrou em campo e apontou as fragilidades que ainda persistem no cenário. 

Por aqui, o Ibovespa conseguiu se recuperar parcialmente e fechou o dia com um recuo de 0,64%, aos 129.259 pontos. Daqui a pouco, às 18h30, conheceremos também a decisão do Banco Central brasileiro, mas essa repercussão fica para amanhã. 

O dólar à vista, que chegou a tocar os R$ 4,99 pela primeira vez em um ano, inverteu o sinal e passou a subir após o anúncio. Uma economia mais aquecida leva a um fortalecimento da moeda americana. Ainda que o movimento de alta tenha se amenizado, a divisa terminou o dia com um avanço de 0,34%, a R$ 5,0600.

Morde e assopra

Depois do mau humor generalizado que se instalou nos mercados com a divulgação da decisão do BC americano, a coletiva de Jerome Powell, presidente do Fed, veio para tentar acalmar um pouco os mercados. 

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No pronunciamento, Powell, claro, reforçou os pontos expressos pelo comunicado da decisão, mas trouxe algumas falas que detalharam os pontos de fraqueza que ainda persistem na economia americana. 

Para ele, a recuperação econômica ainda não está completa e não se podem descartar os perigos que a covid-19 ainda impõe. Além disso, na leitura da instituição, existe uma melhora desigual no mercado de trabalho e um grande número de desempregados, o que prejudica a atividade. Sobre o futuro da política monetária, Powell apontou que o Fed prosseguirá com a compra de ativos e que uma discussão sobre alta de juros é prematura. 

As palavras foram suficientes para acalmar a alta do rendimento dos Treasuries e afastar as bolsas das mínimas. Em Nova York, o Nasdaq recuou 0,24%, o S&P 500 caiu 0,54% e o Dow Jones teve queda de 0,77%.

Segundo ato

Por aqui, o mercado agora aguarda a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). A aposta é de um aumento de, no mínimo, 0,75 ponto percentual na taxa Selic - conforme já havia sido sinalizado na última reunião -, e que o BC se mostre mais duro quanto a sua atuação para ancorar a inflação em 2022. 

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Porém, com a sinalização de uma alta dos juros mais cedo do que o esperado nos Estados Unidos, os economistas e analistas começam a rever também as suas projeções de longo prazo para a taxa de juros brasileira. Isso porque o país precisará encontrar formas de se manter atrativo para o investidor estrangeiro.

Com a alta do rendimento dos títulos do Tesouro americano e a antecipação aos movimentos do BC brasileiro, os principais contratos de DI terminaram o dia em alta. Confira as taxas do dia:

8 ou 80

O dólar à vista, que acabou o dia em alta, teve dois momentos muito distintos no pregão de hoje. Antes da decisão do Fed, a moeda americana atingiu o menor nível em um ano ante o real. 

Na parte da tarde o movimento deu uma pausa devido à valorização da divisa no mercado internacional, mas, no curto prazo, a tendência de queda que se viu na parte da manhã deve prevalecer. 

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Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, estamos vivendo uma ‘janela de oportunidade’ para o alívio no câmbio. Isso se deve aos dados positivos tanto no lado comercial - com recorde de exportações -, quanto no financeiro. Esse quadro acaba sendo revertido em uma menor percepção da taxa de risco. 

O credit default swap (CDS) de 5 anos, um dos termômetros do risco-país, tem recuado expressivamente com uma melhora do cenário político e o aumento da arrecadação nos últimos meses influenciando nessa percepção de melhora.

“Não temos nada alarmante em Brasília e nada alarmante com relação às contas públicas, muito pelo contrário. O noticiário recente é benéfico com a melhora da arrecadação. Mas isso é no curto prazo. Não acredito que seja uma melhora consistente”, aponta a economista. 

Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso corretora, destaca que além dos dados econômicos robustos dos últimos dias, que levam a aumento consistente do PIB, temos observado o desmonte de posições compradas e zeragem de hedges impulsionando o movimento.

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MP da Eletrobras

Além da decisão de política monetária, o mercado doméstico também monitora o Congresso. O novo parecer da MP que abre caminho para a privatização da Eletrobras está na pauta desta quarta-feira.

O tema tem gerado polêmica em meio às novas emendas apresentadas pelos parlamentares e a pressão herdada da crise hídrica em que o país se encontra. Segundo algumas consultorias, as mudanças no texto devem trazer dificuldades para que o governo consiga todos os votos necessários para a aprovação do tema. 

Sobe e desce

Com a aposta na alta da Selic, o setor financeiro puxa as altas do dia. Nesse movimento, o Banco Inter acabou se saindo melhor que seus pares, com os investidores corrigindo a queda de ontem e precificando pontos da nova oferta de ações proposta pela companhia. Confira as maiores altas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
BIDI11Banco Inter unitR$ 66,356,42%
SULA11SulAmérica unitsR$ 36,523,37%
SANB11Santander Brasil unitsR$ 46,022,47%
ITUB4Itaú Unibanco PNR$ 33,402,33%
CVCB3CVC ONR$ 27,181,99%

Acompanhando a queda de mais de 3% do minério de ferro no mercado internacional, a Vale e as siderúrgicas recuaram forte neste pregão. A Embraer também figurou entre as maiores quedas do dia, em um movimento de realização de lucros após as altas recentes. Confira as maiores quedas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
GGBR4Gerdau PNR$ 30,25-4,75%
EMBR3Embraer ONR$ 20,41-4,54%
CSNA3CSN ONR$ 42,59-4,29%
BRAP4Bradespar PNR$ 67,46-3,35%
GOAU4Metalúrgica Gerdau PNR$ 13,97-3,32%
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