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Ibovespa se recupera da queda da véspera com ata do Fed sem surpresas, mas dólar segue escalando

A expectativa pela divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária (Fomc) do Federal Reserve fez com que os investidores globais segurassem o fôlego durante a maior parte desta quarta-feira (07). Embora essa tenha sido a tônica global, o Ibovespa foi por um caminho diferente. 

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Depois de ter recuado 1,4% no pregão de ontem, o Ibovespa aproveitou dados favoráveis do varejo e a reação positiva à ata do Fomc para fechar o dia próximo das máximas e retornar ao patamar dos 127 mil pontos.

O principal índice da bolsa brasileira teve mais fôlego que Wall Street e avançou 1,54%, aos 127.018 pontos. O grande destaque do dia foi mais uma vez o câmbio. Antes da divulgação do documento, o dólar se fortalecia em escala global e, no Brasil, ganhou um empurrão extra dos conflitos políticos e temores com relação às reformas. 

Em sessão de grande volatilidade, a moeda americana chegou a ser negociada no maior patamar desde maio, a R$ 5,28, mas conseguiu devolver parte da alta quando o temor de que o Fed endurecesse o discurso foi dissipado. Longe das máximas, o dólar à vista avançou 0,60%, a R$ 5,2403, uma alta de 3,70% na semana.

Embora o câmbio tenha atravessado o dia pressionado, a curva de juros operou em queda, repercutindo dados do varejo que vieram abaixo do esperado e a leitura do IGP-DI, também abaixo da mediana, o que pode representar um alívio na alta dos preços. Confira as taxas de fechamento do dia:

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Previsões nebulosas

Tentando antecipar as próximas jogadas do Federal Reserve, o mercado estava apreensivo com a divulgação da ata da última reunião de política monetária do banco central americano. Foi nessa ocasião que o Fed acabou pegando os investidores no contrapé, com a maioria dos membros do Fomc projetando duas altas na taxa básica de juros já em 2023, antes do esperado, e elevando as projeções para a inflação. 

Tendo em vista o estresse que a reunião em si causou no mercado financeiro, os investidores pareciam preparados para sinais de uma discussão mais dura com relação à retirada dos estímulos monetários, principalmente quanto ao ritmo de compra de ativos - que muitos dirigentes já sugerem que seja reduzido -, o que se refletiu em um dólar forte durante quase todo o dia. 

Mas o texto não trouxe novidades e nem mesmo endureceu o tom. Os dirigentes do Fed voltaram a afirmar que a inflação, ainda que acima da meta de 2% por um tempo, é mesmo transitória e que ainda é preciso entender melhor os sinais mistos mostrados pela economia americana.

O BC americano ainda enxerga setores fragilizados e um caminho longo para se atingir o pleno emprego, ainda que a vacinação em massa tenha melhorado os dados econômicos. Ponto delicado para o mercado, o Fed também tocou na possível retirada de estímulos e a redução da compra de ativos, mas a instituição pregou paciência e cautela para essa tomada de decisão. 

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Para Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura, a autoridade monetária mostrou que pode ser menos conservadora do que se esperava. “Não foi algo que trouxe receio ou perspectivas de retirada de estímulos de forma mais abrupta. E o mercado já parece ter internalizado isso”. 

Em Wall Street, as bolsas passaram a maior parte do dia no vermelho, mas tiveram uma leve reação após a divulgação do documento. Com o tom mais suave do que o esperado, o Dow Jones fechou o dia em alta de 0,30%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq renovaram suas máximas históricas de fechamento ao avançarem 0,34% e 0,01%, respectivamente. 

De principal a coadjuvante

Enquanto a bolsa brasileira buscava recuperação, o complicado quadro político seguiu pairando sobre os mercados - principalmente no câmbio. Os investidores ainda pesam o desgaste político que as denúncias da CPI da covid-19 e aquela feita pela ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, que colocou o chefe do Executivo no meio do esquema das "rachadinhas".

A maior preocupação é o impacto que isso pode ter na apreciação das reformas, que por si só já levantam dúvidas suficientes. Desde que a proposta da reforma tributária que mexe com o imposto de renda e a tributação de investimentos foi apresentada, o mercado tem reagido com mau humor ao texto. 

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Celso Sabino, relator da pauta na Câmara, indicou que a redução da alíquota para pessoa jurídica pode ser maior do que a apresentada na proposta. O ministro da Economia Paulo Guedes também busca reduzir os subsídios dados para indústrias petroquímicas para compensar a alíquota mais baixa de IRPJ.

O ministro Paulo Guedes participou da Comissão de fiscalização financeira e controle da Câmara dos Deputados e falou sobre a proposta. Segundo Guedes, o governo ainda irá trabalhar no texto e tirar aquilo que foi considerado ruim pelo mercado. Arthur Lira também foi ao Twitter para defender a pauta. 

Queda de braço

O impasse entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) pressionou mais uma vez o preço da commodity, que também sofreu com a escalada do dólar ao longo do dia. Tanto o barril de petróleo WTI quanto o Brent fecharam em queda de cerca de 1,5%. 

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O cartel não chegou a um consenso sobre o aumento da produção, com os Emirados Árabes sendo a maior resistência, o que leva os investidores a pesarem o risco de que cada país acabe definindo suas próprias regras. 

Sobe e desce

Os agentes financeiros locais repercutiram positivamente os dados da venda do varejo divulgados nesta manhã. O volume de vendas cresceu 1,4% em maio ante abril, abaixo da mediana das estimativas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que era de 2,5%.

Mesmo abaixo da expectativa, o número demonstra uma aceleração do setor, o que se reflete em uma alta generalizada das ações das varejistas. As commodities metálicas também se recuperaram após o baque de ontem. Confira as maiores altas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
LCAM3Unidas ONR$ 28,805,46%
RENT3Localiza ONR$ 66,355,42%
RADL3Raia Drogasil ONR$ 25,905,07%
RAIL3Rumo ONR$ 20,274,70%
MGLU3Magazine Luiza ONR$ 22,014,46%

Poucas empresas fecharam o dia em queda. Dentre elas podemos destacar o movimento de realização de lucros do Banco Inter e o recuo da PetroRio, que acompanhou o movimento do petróleo. Confira as maiores quedas:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
BIDI11Banco Inter unitR$ 74,74-3,54%
PRIO3PetroRio ONR$ 19,70-2,67%
CVCB3CVC ONR$ 25,78-1,94%
BRKM5Braskem PNAR$ 58,04-1,66%
YDUQ3Yduqs ONR$ 31,15-1,11%
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