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Ações da Petrobras decolam, mas Brasília trava o caminho e Ibovespa fecha em queda; dólar sobe a R$ 5,2106

Ibovespa

Sozinhas, as ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3) da Petrobras representam quase 10% da carteira teórica do Ibovespa, mas nem mesmo um avanço de cerca de 10% dos papéis salvou a bolsa brasileira de fechar o dia no vermelho. 

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Os papéis da estatal se destacaram após a companhia divulgar os seus números do segundo trimestre. O balanço mostrou uma empresa com forte geração de caixa, melhora em seus índices de alavancagem e uma capacidade bilionária de distribuir dividendos, tudo muito acima daquilo que o mercado estava esperando — e já era muito. 

A decisão do Copom de elevar a taxa Selic para 5,25% também já era esperada, e o tom mais duro do Banco Central mostrou uma preocupação com a ancoragem de expectativas de inflação para os próximos anos — o que foi muito bem recebido pelo mercado e trouxe um sentimento de alívio. 

No exterior, o mercado está otimista para o relatório de emprego dos Estados Unidos que será divulgado amanhã. Com isso, o S&P 500 e o Nasdaq renovaram os seus recordes históricos. 

Com tantos fatores jogando a favor, o Ibovespa chegou a subir quase 1,5% no melhor momento do dia. Mas isso foi antes de os problemas político-fiscais voltarem para assombrar os investidores. 

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E esse é um time reforçado: temos preocupação com o pagamento de precatórios no valor de quase R$ 90 bilhões, uma pressão do Executivo para elevar o Bolsa Família, uma reformulação do programa que permite o parcelamento tributário (Refis) e que ameaça a arrecadação e a intensa briga do presidente Jair Bolsonaro com os demais poderes. 

Não teve Petrobras que sustentasse tanta pressão. Os DIs dispararam e contaminaram todo o ambiente de negócios. A bolsa zerou os ganhos, e o dólar abandonou a trajetória de queda, que chegou a ser bem intensa no começo do dia. 

Com um gosto amargo na boca, o pregão foi encerrado com o Ibovespa em queda de 0,14%, aos 121.632 pontos e o dólar à vista em alta de 0,57%, a R$ 5,2106.

Na visão de Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Capital, a pressão no mercado de juros que infectou todo o mercado brasileiro hoje tem duas origens: os problemas fiscais e a inflação mais persistente endereçada pelo próprio Banco Central em seu comunicado. O resultado foi um avanço em todos os principais vencimentos. Confira:

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A gigantesca pedra no sapato 

O brilho dos bons números da Petrobras foi eclipsado pelas preocupações em Brasília. A Câmara aprovou ontem, em caráter de urgência, a proposta de reforma tributária do Imposto de Renda, o que abre espaço para a PEC dos precatórios e o parcelamento das dívidas do governo com a Justiça. No curto prazo, o alongamento desses pagamentos pressiona os gastos em 2022.

Essa manobra é vista como um movimento do presidente Jair Bolsonaro para aprovar o aumento do Auxílio Brasil, o Bolsa Família do governo atual, e aumentar seu apoio para a eleição de 2022. Mais cedo, além de atacar novamente os ministros do Supremo Tribunal Federal, Luis Barroso e Alexandre de Moraes, e ao sistema de urnas eletrônicas, Bolsonaro voltou a falar sobre o reajuste do programa social, mas não detalhou como o montante seria financiado.

Além disso, o parecer do novo Refis não agradou. O programa permite o parcelamento de débitos tributários, e o relator do projeto determinou que os descontos de encargos podem ir de 75% a 100%, e os descontos de juros e multas, de 65% a 90%.

Nas últimas semanas, a preocupação com os riscos fiscais voltou a se intensificar após alguns meses de tranquilidade. Para o Banco Central, essas incertezas podem acabar pressionando ainda mais a inflação, obrigando a instituição a elevar os juros em uma medida maior do que a programada no momento.

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Rafael Passos, da Ajax Capital, aponta que o que mais preocupa na deterioração da percepção fiscal é que o governo preenche os “espaços” que surgem com mais endividamento.

“Nosso espaço de manobra é limitado, e a gente poderia ter um fôlego no orçamento deste ano e do ano que vem, mas o governo sempre vem com mais gastos. Qualquer ganho que a gente tem de arrecadação ou queda de endividamento não pode justificar um aumento de gastos”. 

Sobe e desce do Ibovespa

Os números robustos apresentados pela Petrobras garantiram a ponta da tabela para a estatal, que viu suas ações ordinárias e preferenciais beirarem 10% de alta. Já as ações da Embraer subiram em antecipação ao resultado do segundo trimestre que deve ser divulgado hoje. 

CÓDIGONOMEVALORVAR
PETR3Petrobras ONR$ 29,269,59%
PETR4Petrobras PNR$ 28,327,76%
MGLU3Magazine Luiza ONR$ 20,432,35%
EMBR3Embraer ONR$ 18,651,80%
LWSA3Locaweb ONR$ 25,702,02%

Na ponta contrária, o recuo do minério de ferro pressionou as ações da Vale, das siderúrgicas e da Bradespar, uma grande sócia da Vale. Confira as maiores quedas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVAR
BRAP4Bradespar PNR$ 72,50-5,04%
BRKM5Braskem PNAR$ 55,25-4,44%
CSNA3CSN ONR$ 43,51-4,23%
ECOR3Ecorodovias ONR$ 10,22-3,22%
VALE3Vale ONR$ 108,95-3,17%

Resumo do dia:

Veja como fecharam Ibovespa, dólar, bitcoin e as bolsas americanas hoje:

Ibovespa-0,14%121.632 pontos
Dólar à vista0,57%R$ 5,2156
Bitcoin3,70%R$ 207.158
S&P 5000,60%4.429 pontos
Nasdaq0,78%14.895 pontos
Dow Jones0,78%35.096 pontos
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