Os ajustes no balanço da empresa de resseguros IRB Brasil acabaram com a reapresentação dos resultados que mostrou a maquiagem dos balanços de 2018 e 2019. A afirmação é de Antonio Cassio dos Santos, CEO e presidente do conselho de administração da companhia.
Em teleconferência com a imprensa para comentar os resultados do segundo trimestre, o executivo do IRB disse que é preciso tomar cuidado para não confundir os ajustes contábeis que a empresa já fez com a revisão dos contratos de resseguros que a nova gestão vem realizando.
O IRB registrou prejuízo de R$ 685,1 milhões no segundo trimestre deste ano, contra um lucro de R$ 397,5 milhões no mesmo período de 2019. O resultado pior que o esperado pelo mercado se refletiu nas ações da empresa na B3 (IRBR3) que fecharam em queda de 4,67% nesta segunda-feira (31).
Sobre as fraudes, Antonio Cassio disse que as investigações internas conduzidas pela companhia foram concluídas. “Não tem nenhum trabalho em curso e mais nada para ajustar”, disse.
O IRB ainda pretende ingressar com ação cível contra os responsáveis pelas fraudes. Por outro lado, decidiu manter a PwC como a empresa de auditoria dos balanços apesar de a companhia não ter detectado os problemas nos resultados. “Depois do trabalho que foi feito entendemos que temos controles suficientes para que isso não volte a ocorrer.”
Solvência x liquidez regulatória
Antonio Cassio afirmou que o IRB mantém um alto nível de solvência, que foi reforçada com o aumento de capital de R$ 2,3 bilhões concluído recentemente. Nos cálculos da companhia, a relação entre o patrimônio líquido e o capital mínimo requerido está em 244%.
Ainda assim, o IRB segue abaixo do índice de liquidez mínimo exigido pela regulação brasileira. No entendimento do CEO, é preciso diferenciar o conceito adotado pela Susep com a solvência da empresa.
A expectativa da empresa é resolver o enquadramento regulatório nos próximos meses com a colocação de uma debênture privada e operações estruturadas.
Sinistro afeta resultado
O resultado do IRB foi prejudicado pelo aumento da sinistralidade, que mais que dobrou na comparação com o segundo trimestre do ano passado e atingiu R$ 2,339 bilhões.
Antonio Cassio creditou o avanço das despesas com sinistros ao "efeito covid". Isso porque, com a pandemia, as empresas que têm contratos com a companhia passaram a cobrar mais rápido o pagamento de indenizações.
Para o CEO do IRB, os problemas reputacionais enfrentados pela companhia acabaram contribuindo para que as empresas acelerassem os pedidos de pagamento.
Com o aumento dos pedidos de indenização, o índice de sinistralidade da companhia saltou para 135% no segundo trimestre. A expectativa do executivo, porém, é que o índice caia para algo entre 67,5% e 73% sem considerar os efeitos extraordinários do período de abril a junho deste ano.