O mercado, que passou os últimos meses temeroso que o coronavírus voltasse a prejudicar a economia global, teve suas piores suspeitas confirmadas. Com a doença ganhando força novamento na Europa e nos Estados Unidos, França e Alemanha voltaram a adotar lockdowns e outros países podem seguir o mesmo caminho.
Muito semelhante aos vividos no auge do coronavírus, o mercado financeiro global viveu um dia sangrento, com quedas expressivas, nesta quarta-feira. Nesta manhã, no entanto, os principais índices acionários globais tentam timidamente recuperar parte das perdas do dia anterior.
No Brasil, os investidores devem repercutir os balanços de Vale, Petrobras e Bradesco, divulgados na noite de ontem, e o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom).
Na Europa, a expectativa é pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) e a possível sinalização de novos estímulos. Nos Estados Unidos, destaque para a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre.
Dia sangrento
O Ibovespa, assim como o restante dos índices acionários globais, sofreu com a confirmação de que o coronavírus deve voltar a fechar a economia europeia, prejudicando a recuperação econômica.
A bolsa brasileira teve a sua maior queda percentual desde o dia 24 de abril, fechando a sessão em queda de 4,25%, aos 95.368,76 pontos.
Penalizados desde o início da pandemia, oa papéis das empresas do setor de turismo e aviação foram as que mais sofreram.
O dólar também registrou forte alta e chegou a se aproximar perigosamente da casa dos R$ 5,80 - o que fez o Banco Central atuar no câmbio ainda nos primeiros momentos do pregão. No fim do dia, a moeda americana subiu 1,39%, a R$ 5,7619.
Repercutindo as novidades
O dia também foi carregado para os investidores brasileiros após o fechamento e as novidades devem repercutir nesta quinta-feira. Vale, Petrobras e Bradesco divulgaram os seus balanços do terceiro trimestre e o Copom anunciou a sua decisão sobre a taxa básica de juros.
O Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada e, mesmo com pressão do mercado com a alta da inflação e a percepção negativa da situação das contas públicas, indicou que a Selic deve continuar em níveis baixos por um bom tempo no futuro. A instituição decidiu manter o forward guidance, no entanto, sinalizou preocupação com a situação fiscal.
Já no cenário corporativo, o Bradesco superou as expectativas - com lucro de R$ 5 bilhões no trimestre. A Vale viu o seu lucro crescer 76% na comparação anual e a Petrobras teve um prejuízo muito menor do que o projetado pelos analistas.
Sol com nuvens
O mau humor global arrastou as bolsas asiáticas para o vermelho durante a madrugada, mas aparece com força mais limitada nesta manhã.
Os focos de tensão continuam lá: o crescimento do coronavírus em escala global, a proximidade das eleições americanas e falta de novos estímulos nos Estados Unidos. Mas isso não impede que as bolsas europeias e os índices futuros em Nova York busquem uma recuperação e aparecem no azul.
Agenda gera expectativa
A leve recuperação é patrocinada pela expectativa da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que pode anunciar novos estímulos.
Além disso, a temporada de balanço segue com força no exterior. Para hoje, estão previstos os resultados de Apple, Alphabet, Facebook, Amazon e Casino.
Nos Estados Unidos, além dos pedidos de auxílio desemprego da semana anterior, temos também a leituro do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre.
A agenda doméstica conta com a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão mista que fiscaliza as ações de combate ao coronavírus (10h), divulgação da inflação do aluguel, o IGP-M (8h) e os balanços de Usiminas e B2W.