O BTG Pactual decidiu rebaixar a recomendação para as ações da Linx de "compra" para "neutro" depois de acordo com a Stone, pois avalia que o preço atual das ações já reflete as condições propostas pelo negócio. Assim, indicam certa desvantagem na oferta.
Ontem, a Stone confirmou que assinou um acordo de fusão com a Linx em negociação de R$ 6,04 bilhões. A notícia fez com que os papéis da Linx (LINX3) disparassem 31,5% na última terça-feira na B3, chegando a R$ 34,40. Hoje, os papéis recuavam 5,76% perto das 12h30, para R$ 32,42, mas o preço-alvo do BTG para 12 meses é de R$ 28. Acompanhe nossa cobertura completa de mercados.
O BTG avaliou que essa seria uma estratégia perfeita e que, a princípio, faria muito sentido. Afinal, a Stone irá receber 45,6% do setor de varejo do Brasil, que é a participação de mercado da Linx em software de gestão de varejo.
O que está em jogo
A transação da Linx com a Stone irá envolver uma incorporação de ações, com cada ação ordinária da Linx sendo convertida para uma ação preferencial classe A da Stone. Feito isso, cada ação preferencial da Stone será resgatada com pagamento em dinheiro de R$ 30,39.
Com base no fechamento de preço da Stone de US$ 52,39, cada ação da Linx será avaliada em R$ 33,98. E, como a maior parte do pagamento (89,4%) será feito em dinheiro, os acionistas da Linx não estarão expostos ao desempenho das ações da Stone, segundo o BTG.
Sendo assim, o movimento de 20% das ações da Stone poderia acrescentar apenas 2% extras aos acionistas da Linx. O que, portanto, não é vantajoso no ponto de vista dos analistas.
A chance de uma virada
A chance de ter riscos positivos nessa negociação, de acordo com o BTG, existiria somente se houvesse uma guerra de lances para as ações da Linx. Assim, o investidor poderia sair ganhando se mais alguém se lançasse à disputa pela empresa de tecnologia.
Embora improvável, os analistas ressaltam que não se deve descartar a possibilidade de que isso se concretize. Ainda, afirmam que a Rede pode ser um dos fortes concorrentes da Stone nessa jogada.
A Rede fica com 40% (R$ 35,6 bilhões) dos R$ 89 bilhões de TPV (índice que avalia a participação de uma empresa no mercado) processados no TEF da Linx. Assim, cerca de 7,3% do TPV total da Rede poderia cair nas mãos da Stone.
Apesar do risco da perda, o movimento estratégico e ousado da Stone poderia dar à Rede alguma vantagem no mercado de adquirentes.