O Ibovespa continua operando em baixa nesta quinta-feira (26), mas reduziu as perdas a partir das 14h20, seguindo a redução das perdas e virada das ações da Vale para alta, cujos papéis tem 12% de participação na composição do índice.
O movimento do principal índice acionário do Ibovespa ainda reflete certa realização de lucros após ganhos expressivos em novembro — no mês, o índice sobe 17% —, para além do novo ruído político no seio da equipe econômica do governo federal.
Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a gestão Jair Bolsonaro "manteve o rumo mesmo no caos", rebatendo críticas segundo as quais há falta de estratégia para garantir a sustentabilidade da dívida pública.
Guedes também aproveitou respondeu ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto — Campos Neto disse que é ponto-chave para o país "conquistar credibilidade com um plano que dê uma clara percepção aos investidores de que o país está preocupado com a trajetória da dívida".
"O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça a ele qual é o plano dele", afirmou Guedes, questionado sobre o que havia afirmado o chefe do BC. "Pergunte a ele qual é o plano dele que vai recuperar a credibilidade. Porque o plano nós sabemos qual é. O plano nós já temos."
O desentendimento demonstra um impasse no núcleo da gestão econômica do país, realçando a questão fiscal — embora o dólar e os juros, mais sensíveis ao pano de fundo de deterioração das contas públicas, agora operem em queda.
Outra notícia que fica no radar é a admissão por parte da farmacêutica AstraZeneca de que não havia a intenção de aplicar metade da dose nos voluntários, o que levanta dúvidas sobre a credibilidade dos resultados obtidos nos testes da fase 3.
O plano inicial era de que os pesquisadores aplicassem a dose completa aos participantes, mas houve um erro de cálculo, o que gerou a aplicação da metade da dosagem.
No grupo que recebeu a metade da dose, a vacina experimental obteve eficácia de 90%, diante de 62% entre voluntários que receberam duas vezes a dosagem completa.
Por volta das 17h, o principal índice acionário da B3 caía 0,05%, para 110.100 pontos, perto das máximas intradiárias, puxado com as ações da Vale se mantendo agora em alta de 1%.
Os papéis passaram a reduzir as perdas a partir das 14h20 — na mínima, chegou a cair 0,13%. O minério de ferro fechou em alta de 0,8% na China.
Os destaques do índice hoje vão para a queda das ações da Petrobras, que reagem ao petróleo em baixa no mercado internacional e caem no mínimo 1,5%, e também os papéis de bancos — ambos os grupos de papéis acumulam alta semanal.
Confira as principais baixas do índice:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
GNDI3 | Intermédica ON | 70,19 | -2,99% |
CYRE3 | Cyrela ON | 26,28 | -2,09% |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | 28,77 | -2,01% |
HAPV3 | Hapvida ON | 14,23 | -2,00% |
BRKM5 | Braskem PNA | 23,49 | -1,92% |
Enquanto isso, papéis amplamente descontados no ano, como Cogna (setor de educação) e Azul (setor aéreo), estão entre as maiores altas da sessão. As ações de siderúrgicas como Usiminas e CSN continuam a subir em meio à alta do minério de ferro.
As ações da Suzano, por sua vez, lideram a alta percentual do índice refletindo a queda mensal nos estoques de celulose nos portos da Europa em outubro — a notícia também afeta as ações da Klabin, que disparam 3,3%. Veja as maiores altas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
SUZB3 | Suzano ON | 53,04 | 4,97% |
COGN3 | Cogna ON | 5,09 | 4,30% |
CSNA3 | CSN ON | 24,12 | 3,97% |
USIM5 | Usiminas PNA | 13,88 | 3,89% |
AZUL4 | Azul PN | 37,22 | 3,39% |
É importante lembrar que hoje as bolsas americanas estão fechadas por ocasião do feriado de Dia de Ação de Graças, o que diminui a liquidez disponível para os mercados financeiros globais.
Em meio ao giro financeiro reduzido, os principais índices acionários europeus em Londres, Paris e Frankfurt fecharam com desempenhos mistos — o inglês FTSE 100 caiu 0,4%; o francês CAC-40 ficou perto da estabilidade, em variação positiva de 0,03%; e o alemão DAX, em alta de 0,1%.
O dólar, que abriu em alta, passou a cair por volta das 11h30 refletindo ainda a entrada do fluxo estrangeiro, agora avança 0,3%, sendo cotado a R$ 5,3352.
Os juros futuros dos contratos de depósitos interbancários por sua vez fecharam em queda, tendo passado a operar em baixa, após a venda integral dos lotes de títulos ofertados pelo Tesouro, indício de outro leilão bem sucedido.
A instituição vendeu 32 milhões de LTNs (Letras do Tesouro Nacional), títulos prefixados curtos, e 1,8 milhão de NTN-Fs (Notas do Tesouro Nacional Série F), prefixados longos, além de 500 mil LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), títulos pós-fixados atrelados à variação taxa básica de juros, a Selic.
O desempenho ocorre mesmo em meio ao pano de fundo de condições fiscais crescentemente desafiadoras, indicando que o desconforto dos investidores com as falas de Guedes e Campos Neto não se sustentou a ponto de pressionar as taxas. O movimento de queda foi mais intenso em juros de vencimentos mais longos.
Outro dado que instiga alívio é o recorde de vagas formais de trabalho criadas no mês de outubro. O mercado de trabalho registrou a abertura de 394.989 vagas em outubro, de acordo com Caged, superando as projeções.
Campos Neto disse em entrevista ao canal MyNews veiculada pela manhã de hoje que a inflação de longo prazo não está subindo. Ele também afirmou que havia sido feito o aviso de que o "gasto grande na pandemia iria pressionar a rolagem da dívida".
Veja as taxas dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,932% para 1,937%
- Janeiro/2022: de 3,34% para 3,31%
- Janeiro/2023: de 5,12% para 5,01%
- Janeiro/2025: de 6,94% para 6,82%