Depois de adotar um postura de cautela nas avaliações sobre o mercado doméstico e externo em sua última carta, a gestora de Rogério Xavier, SPX, conhecida por antecipar alguns movimentos do mercado financeiro, deu como quase certo que o Banco Central deverá reduzir os juros em meio ponto percentual na próxima reunião do Copom.
Em sua última carta divulgada hoje (16), a gestora destacou que o BC deverá ainda fazer mais dois cortes de juros e levar a taxa básica de juros para 5% ao ano, o menor patamar desde o lançamento do Plano Real.
"Com esse vento a favor do mercado financeiro externo, a melhora na perspectiva para a inflação e o baixo crescimento econômico, abriu-se a oportunidade de testarmos juros nominais e reais ainda mais baixos", destacou a gestora.
Os gestores também se mostraram mais otimistas com a reformas. No documento, eles ressaltaram que há muito a se fazer, mas que pelo menos viraram a página mais difícil que era a da Previdência. Apesar de a mesma ainda precisar passar pelo Senado e depois retornar à Câmara.
Eles disseram ainda estar confiantes de que em breve reformas como a tributária e a administrativa também devem passar pelo Congresso.
Mas nem tudo é perfeito
Apesar de se mostrarem mais otimistas com o cenário brasileiro, os gestores fizeram um alerta sobre o comportamento das economias mundiais.
Segundo eles, "estamos em um mundo perigosíssimo. Os ativos financeiros estão se valorizando de forma importante, mas em um cenário onde a economia global afunda".
Na visão dos gestores, isso pode gerar duas possíveis consequências: ou a economia global vai reagir e alcançar o cenário de preços do mercado financeiro, ou ela não conseguirá reagir e os ativos financeiros passarão por uma importante correção de preços à frente.
Mas a mais provável é que o mundo não saia dessa tendência de desaceleração da economia global.
Os "leões estão sem dentes"
Para justificar o maior pessimismo com a economia mundial, os gestores destacaram que há "leões sem dentes" e um dragão de gelo" à solta. Na carta, eles disseram que os bancos centrais são como leões porque "procuram rugir alto e mostrar dentes afiados para obterem o respeito do mercado".
Mas destacaram que agora os leões estão "praticamente sem instrumentos e sem potência", porque não há dentes e os efeitos sobre os agentes econômicos tendem a ser cada vez menores".
Na visão deles, o Fed e o BCE estão sendo comandados por "dois profissionais sem formação técnica liderando a política monetária global".
E completaram "dois agentes políticos, o que sinaliza que os governantes terão permissão para interferir na política monetária...Hoje em dia, está difícil achar taxas de juros positivas no mundo desenvolvido. Isso mostra como o sistema capitalista está em risco no longo prazo. As pessoas aceitam investir em títulos de 10, 20, 30, 50 anos e receber menos do que investiram".
O "dragão" do mercado
Já ao falar sobre a economia chinesa, eles destacaram que o "grande dragão chinês não cospe mais o mesmo fogo de outrora. Está esfriando e pode até congelar. O governo continuará insistindo em medidas de estímulo para reaquecer a economia, mas a tendência de desaceleração é inequívoca".
Na visão dos gestores, se o dragão de fato congelar, os efeitos sobre a economia serão devastadores. "Ainda não estamos nesse ponto, mas é um risco que deve ser monitorado de perto".
E finalizou fazendo um alerta: "viveremos os próximos meses nessa aparente calmaria e alegria com os preços dos ativos se valorizando, mas não se esqueçam dos leões sem dentes e do dragão gelado".
As apostas da vez
Depois de demonstrar preocupação com o cenário de desaceleração mundial, os gestores destacaram as suas principais alocações.
Ao comentar sobre ações, os gestores destacaram que estão comprados em bolsa de ações de países emergentes e estão com posição comprada também no setor de energia contra a bolsa americana. Ou seja, acreditam que ambos vão se valorizar em relação ao preço de entrada.
Já em relação à bolsa brasileira, a gestora aponta que iniciou uma posição comprada e que está de olho em empresas dos setores de óleo e gás, mineração, utilities e financeiro.
Ao falar sobre juros, eles disseram que estão incrementando posições aplicadas em juros de outros países, tanto em desenvolvidos quanto em alguns emergentes, apesar de o risco permanecer modesto no direcional.
Já no Brasil, eles destacaram que um cenário em que a inflação está controlada, com atividade econômica estagnada justifica alocações na parte intermediária da curva.
"A votação da reforma da Previdência foi um evento importante e deverá ter impacto positivo na percepção de risco da divida interna brasileira, com a consequente diminuição dos prêmios de risco na curva como um todo. O cenário externo, com perspectivas de juros menores, ajudam nessa percepção positiva", afirmaram os gestores.
No quesito moedas, a gestora aponta que segue comprada em dólar americano, ou seja, eles acreditam que a moeda irá se valorizar. E sobre commodities, eles disseram que adicionaram uma posição comprada em ouro e em petróleo.
Já no mercado de agrícolas, iniciaram uma posição vendida em milho, ou seja, estão apostando na desvalorização do ativo. No mês de junho, o SPX Nimitz rendeu 1,49%, ante um CDI de 0,47% no mesmo
período.