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Campos Neto: dólar só preocupa se bater na inflação e Selic cai em dezembro

Campos Neto

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado

Podemos captar duas mensagens principais da sabatina do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto: O dólar só preocupa quando desancorar as expectativas de inflação e há espaço para a Selic cair a 4,5% na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom).

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O presidente só falou sobre o dólar após ser questionado sobre o tema na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Mas já na sua apresentação inicial tinha indicado que o tema não preocupa tanto assim o BC ao refirmar que há espaço para corte adicional na taxa básica de juros, a Selic.

Segundo Campos Neto, mudança de atuação no câmbio só se isso bater nas expectativas de inflação. Ele também atribuiu parte da alta recente do dólar à frustração com os leilões da cessão onerosa do pré-sal.

Dólar a R$ 4,20, e daí?

A pergunta que todos queriam fazer foi feita pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), sobre a recente volatilidade cambial.

Campos Neto voltou a explicar que parte da desvalorização cambial decorre da decisão das empresas de trocar dívida externa por interna. Algo que o BC vem destacando desde março/abril deste ano.

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Depois, questionado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) sobre a alta recente da moeda, Campos Neto disse que alguns agentes se posicionaram para um ingresso de recursos maior com o leilão da cessão onerosa, algo que não aconteceu.

Ele também citou fatores globais e exportadores mantendo mais moeda fora do país. "Teve frustração com cessão onerosa. Mas estamos monitorando de perto."

Campos Neto também chamou atenção para o fato de que o movimento de desvalorização atual acontece sem aumento no risco-país, com bolsa em alta e juros longos em queda.

Mais importante que isso, explicou, a alta do dólar não mostrou influência nas expectativas de inflação. De fato, as inflações esperadas caíram e "entendemos que forma de atuar era uma".

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No entanto, ponderou o presidente, se a desvalorização começar a influenciar o canal de expectativas de inflação "é outra história e teremos de fazer uma atuação diferente".

Essa "forma de atuar" a que ele se refere é a troca de derivativos (swaps) por dólares das reservas, que vem sendo feita desde o fim de agosto.

Enquanto ele falava na CAE, o BC anunciava a realização dos leilões de rolagem na quinta-feira, depois de uma confusão feita pelo próprio banco, que chamou leilão para hoje, mas cancelou a operação em função do feriado de amanhã em São Paulo, que deixa o mercado fechado.

Para quinta-feira, o volume de venda à vista será de U$ 785 milhões, contra os US$ 600 milhões que vinham sendo feitos usualmente. Se a oferta à vista não for tomada por completo, o BC faz a rolagem com swaps. Deixando claro, não há "dinheiro novo" sendo ofertado ao mercado no momento.

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Selic em dezembro

Na fala inicial, Campos Neto reforçou a mensagem de política monetária: "A consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude ao realizado na reunião de outubro."

Também na sua apresentação, Campos Neto voltou a destacar a reinvenção do país com dinheiro privado, algo que será possível com a queda dos juros longos, reflexo do compromisso da equipe econômica com o equilíbrio fiscal.

Sobre atividade domésticas, ele reforçou que tivemos choques que prejudicaram o crescimento, como a crise na Argentina, cena global e desastre de Brumadinho.

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Segundo Campos Neto, o período de crescimento com dinheiro público "bateu no muro". Além disso, o crescimento com dinheiro privado, disse ele, tem qualidade melhor, em função da maior produtividade do capital privado.

Ele também voltou a defender a autonomia formal do BC, dizendo que quanto maior autonomia, menor é a inflação e sua volatilidade. Vetores que sustentam a queda do juro longo. A CAE aprovou um projeto de autonomia que prevê mandatos para presidente e diretores.

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