O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro recuou 0,04%, enquanto a taxa registrada em agosto foi de 0,11%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este é o menor resultado para um mês de setembro desde 1998, quando o IPCA recuou 0,22%. Analistas ouvidos pelo Broadcast, do grupo Estado, previam desde uma queda de 0,04% até um avanço de 0,18%.
No acumulado do ano, o índice registrou 2,49% e, na ótica dos últimos 12 meses, ficou em 2,89%, abaixo dos 3,43% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2018, a taxa foi de 0,48%.
Segundo o instituto, três dos nove grupos pesquisados apresentaram deflação de agosto para setembro, com destaque para alimentação e bebidas (-0,43%).
No lado das altas, o destaque ficou com Saúde e cuidados pessoais, maior variação (0,58%) e maior impacto positivo (0,07 p.p.) no índice do mês, ainda e acordo com o IBGE.
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Inflação de setembro por grupos e o impacto de cada um
- Alimentação e Bebidas: -0,43% (-0,11 p.p.)
- Habitação: 0,02% (0 p.p.)
- Artigos de Residência: -0,76% (-0,03 p.p.)
- Vestuário: 0,27% (0,02 p.p.)
- Transportes: 0 (0 p.p.)
- Saúde e Cuidados Pessoais: 0,58% (0,7 p.p.)
- Despesas Pessoais: 0,04% (0,01 p.p.)
- Educação: 0,04% (0 p.p.)
- Comunicação: -0,01% (0 p.p.)
IBGE: índice está em patamar confortável
Na avaliação de Pedro Kislanov da Costa, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, a taxa de inflação acumulada em 12 meses está em patamar "confortável", mas a deflação do mês de setembro foi marcada por fatores pontuais, como a queda de preços de alimentos e de artigos de residência, entre eles os eletrodomésticos.
"A gente está em patamar confortável em relação às metas definidas pelo Banco Central, mais próximo do piso", lembrou Kislanov, referindo-se ao objetivo do BC de encerrar o ano com IPCA a 4,25% para 2019, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que tem margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual.
Em setembro deste ano, podem ter contribuído para a deflação as promoções de eletrodomésticos durante a campanha Semana do Brasil, promovida pelo varejo, além da oferta abundante de alimentos in natura.
"A gente de fato observou muitas promoções de eletrodomésticos aplicadas pelos lojistas principalmente nas duas primeiras semanas de setembro", revelou Kislanov. "A gente nota que ainda tem uma oferta elevada principalmente desses produtos, tubérculos e legumes. As flutuações quedas de preços são por conta de oferta excedente do mercado", explicou.
Kislanov confirma que não há pressão de demanda sobre o IPCA, e o arrefecimento no ritmo de alta de alguns serviços contribuíram para a deflação no último mês.
"Existem vários componentes de serviços que estão sujeitos à demanda, como alimentação fora de casa, que passou de alta de 0,53% em agosto para 0,04% em setembro. Realmente alguns serviços tiveram variação menor, e isso pode ter sido provocado por uma demanda menor", disse o analista do IBGE.
A taxa da inflação de serviços acumulada em 12 meses saiu de 3,96% em agosto para 3,59% em setembro.
"O setor de serviços tem ficado em patamar baixo, porque ele responde muito à questão de demanda. A gente nota a economia ainda em recuperação, de forma lenta e gradual, com retomada do emprego, mas principalmente na informalidade", lembrou Kislanov.
Para outubro, o IPCA deve ser aliviado pela mudança na bandeira tarifária sobre a tarifa de energia elétrica, que passa de vermelha patamar 1 para amarela: a cobrança extra sobre as contas de luz diminuem de R$ 4,00 para R$ 3,50 a cada 100 KW/h consumidos. Por outro lado, deve haver pressão do reajuste na gasolina nas refinarias anunciado pela Petrobras ao fim de setembro.
*Com Estadão Conteúdo.