Na avaliação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, a moeda brasileira, o real, não tem tido um comportamento atípico em comparação com outras moedas emergentes.
Campos Neto, também reforçou que o modelo vigente é de câmbio flutuante e que sempre que o BC entender que há problemas de liquidez, o BC fará intervenções para suprir problemas de liquidez.
Ainda de acordo com o presidente, a recente alta do dólar capturou temas globais, como a tensão comercial. Nos últimos dias, a desvalorização do real ficou um pouco acima da observada pelos pares, “mas dentro de um padrão normal”.
Sabemos dessa posição do BC sobre o dólar, graças a César Augusto, da Bahia, que enviou uma pergunta à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, pelo portal “e-cidadania”, pois até esse momento da audiência pública (12h40), nenhum senador tinha feito questionamentos sobre o atual comportamento da taxa de câmbio.
As afirmações de Campos Neto são relevantes, pois mostram que o BC não enxerga problemas domésticos para a valorização do dólar. Estamos seguindo um movimento global de valorização da moeda americana e, por princípio, o BC não luta contra tendência. O BC atua quando enxerga disfuncionalidades no câmbio.
Mais cedo, na mesma audiência, Campos Neto reiterou a mensagem de que há espaço para ajuste adicional na taxa de juros, a Selic. Mas ponderou que “é fundamental enfatizar que essa comunicação não restringe a próxima decisão do Copom”.
Uma das últimas perguntas foi sobre cena externa e crises. Campos Neto reafirmou que o BC não tem uma previsão dessa situação global, mas que acompanha todos os temas externos “bem de perto”.
Para reforçar a importância da autonomia do BC, ele citou a história recente da Argentina, onde o BC perdeu credibilidade no controle dos preços e, em 30 dias, o país teve de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo Campos Neto, o que vai nos proteger das crises é um BC com autonomia e credibilidade e que todos tenham claro que a missão do BC é a estabilidade de preços.
Perguntado sobre o que o deixaria satisfeito ao deixar o cargo, Campos Neto disse que "se eu conseguir sair do BC fazendo revolução no mercado de crédito e que seja inclusiva, mais pessoas no crédito, mais pequenas empresas, mais estrangeiros competindo, mais cooperativas, vou ter atingindo meu objetivo".