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Regras para liberação do FGTS na mira dos investidores

Os ativos financeiros locais iniciam o dia de hoje diante da expectativa em torno do anúncio prometido pelo governo Jair Bolsonaro referente às regras para o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

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Os detalhes sobre os planos do governo ainda são vagos. As informações disponíveis até o momento dão conta de que os saques serão limitados a R$ 500 por conta de FGTS, seja ela ativa ou inativa. De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a medida injetaria R$ 30 bilhões na economia até o fim de 2019 e mais R$ 12 bilhões no decorrer de 2020.

Em meio às pressões do setor de construção civil, que levaram o governo a abandonar uma proposta anterior de liberação de até 35% do saldo dos correntistas, Guedes vinha manifestando a preocupação de que a medida não se limitasse a um “voo de galinha”. Em conversa com jornalistas, o ministro antecipou que o anúncio oficial trará “novidades”.

Uma dessas novidades seria a liberação para que os trabalhadores realizem saques anuais das quantias depositadas em suas contas ativas e inativas de FGTS. A pegadinha para o correntista que fizer tal opção seria a perda do direito ao saque dos valores integrais no momento da demissão.

Em tempos de desemprego em alta, a opção tem contornos de tiro no próprio pé na busca por um alívio imediato, especialmente para os trabalhadores com saldos mais elevados nas contas de FGTS.

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Analistas mantêm pé atrás

Enquanto os investidores aguardam detalhes antes de poderem mensurar com mais precisão o impacto da medida, analistas têm observado a ação com cautela. Primeiro, pelo fato de há apenas dois anos, sob Michel Temer, o governo ter tentado medida similar sem que o resultado chegasse perto dos efeitos prometidos.

Na ocasião, a liberação do saldo das contas inativas do FGTS injetou R$ 44 bilhões na economia, com impacto residual no PIB. Parte considerável dos recursos foi usada na quitação de dívidas. Atualmente, mais de 40% da população adulta do país está endividada. E o nível médio de endividamento supera os R$ 3 mil.

Especialistas em educação financeira acreditam que o padrão deve se repetir e advertem que o tão desprezado “voo de galinha” talvez nem aconteça. Ainda assim, há quem considere que a limitação dos saques a R$ 500 direcionaria o dinheiro ao consumo, fazendo com que os recursos circulem com mais dinamismo.

Na prática, porém, as expectativas em relação à evolução do PIB brasileiro vão de mal a pior. O mais recente organismo a revisar para menos de 1% a expectativa de crescimento da economia brasileira em 2019 foi o Fundo Monetário Internacional (FMI), que ontem cortou drasticamente sua projeção - de 2,1% para 0,8%.

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Enquanto isso, o tão esperado “choque do gás” limitou-se à criação de um Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural (CMGN). O objetivo de comitê é “quebrar o monopólio” da Petrobras no setor de petróleo e gás natural no território nacional.

Nos mercados financeiros, cautela prevalece

A cautela dos investidores com as medidas prometidas pelo governo levou o Ibovespa a descolar da maioria das demais bolsas de valores do mundo e fechar em baixa ontem. Ao contrário do movimento visto na semana passada, a mudança de posição governo pesou sobre as ações de varejistas e permitiu uma recuperação dos papéis das empresas do setor de construção. E apesar de o dólar ter-se apreciado ante o real, os contratos futuros de juros registraram queda nas taxas ante a expectativa de corte de juro pelo Banco Central na semana que vem. Hoje, a cautela deve prevalecer pelo menos até a divulgação de mais detalhes sobre a medida.

Na Ásia, as principais bolsas de valores fecharam em alta ainda repercutindo a notícia da viagem do encarregado de negócios norte-americano (USTR) Robert Lighthizer e do secretário de Tesouro Steven Mnuchin à China, marcada para a próxima semana, para retomar as negociações comerciais entre Washington e Pequim.

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Na Europa, entretanto, os principais índices de ações iniciaram em queda em meio à cautela com a expectativa em torno do anúncio de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), esperado para amanhã. A expectativa é de que, caso não dê início a um afrouxamento monetário, o BCE ao menos sinalize um corte de juro para setembro. Enquanto isso, os índices futuros de Nova York sinalizam queda.

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