A Bolsa de Valores de São Paulo teve bastante volatilidade, mas ficou em baixa a maior parte desta sexta-feira. Fechou em queda de 0,50%, com 97.525 pontos. O dólar também teve seu dia de sobe e desce, mas terminou encerrando em desvalorização de 0,38%, negociado a R$ 3,70. No fim da manhã, o Ibovespa chegou a ir para o positivo assim que saiu a informação de que haverá continuidade nas negociações entre China e Estados Unidos na semana que vem, em Washington. Mas não durou muito. A realização de lucros foi mais forte.
Na semana, porém, o resultado mostra ganhos acumulados de 2,29% no Ibovespa, zerando as perdas de fevereiro.
O discurso do presidente dos Estados Unidos, que terminou às 14h30, puxou tanto os mercados em Nova York quanto o Ibovespa para os dois lados: houve tendência de alta quando ele disse que as negociações com a China vão bem; mas o clima azedou assim que ele afirmou que assinara a declaração de emergência para conseguir construir o muro na fronteira com o México.
Na mira do MEC
As ações das empresas de educação continuam em queda. Operadores citam a possibilidade de abertura de uma "Lava Jato da Educação" como um dos motivos para a desvalorização dos papéis. Ontem, o ministro da pasta, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que uma investigação interna sobre atos das gestões anteriores encontrou indícios de corrupção e desvios que poderão dar origem à Lava Jato.
O presidente Jair Bolsonaro disse há pouco, pelo Twitter, que o governo dele vai dar início à "Lava Jato da Educação", para garantir que investimentos na área sejam bem aplicados.
"Muito além de investir, devemos garantir que investimentos sejam bem aplicados e gerem resultados. Partindo dessa determinação, o Ministro Professor Ricardo Vélez apurou vários indícios de corrupção no âmbito do MEC em gestões passadas. Daremos início à Lava Jato da Educação!", escreveu o presidente.
Estácio ON tevee queda de 5,20% e Kroton, baixa de 6,21%. Fora do Ibovespa, Ser Educacional teve recuo de 7,18% e Anima, de 1,25%.
Magalu
Depois da recuperação de ontem (quase 6% de alta), as ações da Magazine Luiza voltam a cair nesta sexta-feira: baixa de 3,94%. Os ativos chegaram a R$ 170 na última sexta-feira, 8, e se desvalorizaram até o meio da semana, chegando no dia 13 a R$ 161,30. No ano, a queda é de 8,68%.
Decola ou não?
Um acionista minoritário da Embraer entrou com pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedindo contratação de um laudo de avaliação do "acervo" da empresa, que será transferido para a joint venture a ser criada com a Boeing. Em consequência desta decisão, segundo o jornal Valor, a assembleia que vai deliberar sobre o negócio, prevista para dia 26, poderá ser suspensa até que as novas obrigações sejam cumpridas. As ações ON da Embraer recuaram durante boa parte do dia, mas fecharam em alta de 0,16%.
Vale
Com alta de 0,53%, as ações ordinárias da Vale aproveitaram o otimismo externo para se recuperarem novamente. A prisão hoje pela manhã de oito funcionários da companhia, envolvidos na investigação sobre o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), acaba sendo um fato secundário.
Números fracos
As ações PNA da Usiminas ficaram no grupo das maiores quedas do Ibovespa, com baixa de 2,79%, após divulgação de números trimestrais considerados fracos. Com uma série de fatores não recorrentes, incluindo impairment e queda nas vendas de aço e minério, a Usiminas registrou Ebitda (Instrução CVM 527) 46% menor frente ao terceiro trimestre, com queda de 7 pontos porcentuais na margem.
Em relatório, os analistas da Coinvalores destacam que em siderurgia o volume foi afetado pela demanda doméstica mais tímida e pela parada programada para manutenção em um alto forno. "O controle de custos e os preços estáveis não foram suficientes para compensar a queda de 7% nas vendas em três meses", apontaram.
Antidumping
As ações da Marfrig lideram altas no Ibovespa, com avanço de 3,94%, seguidas de JBS, com 2,21% depois de que a China publicou que isentará 14 empresas brasileiras das tarifas antidumping sobre as importações de produtos de frango, desde que as vendas sejam feitas acima de um preço mínimo não divulgado. Além das gigantes nacionais do setor, ficarão de fora das novas taxas os produtos das seguintes companhias: Copacol, Consolata, Aurora Alimentos, Bello Alimentos, Lar, Coopavel, São Salvador Alimentos, Rivelli Alimentos, Gonçalves e Tortola, Copagril, Vibra e Kaefer.
Gafisa
Fora do Ibovespa, as ações ON de Gafisa subiram 2,23% depois que um grupo de investidores representado pela Planner Corretora arrematou as ações levadas a leilão ontem. Metade das ações da Gafisa negociadas no leilão de ontem foram adquiridas por investidores por meio de operações a termo, segundo dados da B3 levantados pelo Broadcast. A movimentação sinaliza que uma parte relevante do novo quadro de sócios da Gafisa, uma das empresas mais tradicionais do mercado imobiliário brasileiro, pode estar pulverizada nas mãos de especuladores financeiros, em vez de um bloco de controle com investidores estratégicos do ramo de construção.
Petróleo sobe de novo
As ações da Petrobras tiveram queda de 0,77% (ON) e 0,41% (PN), apesar de o petróleo ter terminado o dia com ganhos, impulsionado pelo noticiário sobre o diálogo comercial entre Estados Unidos e China. Embora não existam sinais de um acordo garantido, o fato de que as duas potências continuarão a negociar na semana que vem, desta vez em Washington, apoiou o apetite pelos contratos, já que um acordo pode influir positivamente na demanda pela commodity.
O petróleo WTI para abril fechou em alta de 2,17%, em US$ 55,98 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês avançou 2,60%, a US$ 66,25 o barril, na ICE.
O petróleo teve sua quarta alta consecutiva e o WTI registrou o fechamento mais alto desde 19 de novembro.
Semana que vem
A divulgação de balancos deve movimentar a Bolsa na semana que vem. Via varejo e Pão de Açúcar mostram seus números no dia 20 (quarta-feira). Gerdau e Suzano na quinta-feira e B#, na sexta-feira.
*Com Estadão Conteúdo