O investidor de renda fixa pode estar diante de uma rara oportunidade. Segundo Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos, o mercado vive um dos momentos mais atrativos para investir em títulos de inflação do Tesouro Direto: o Tesouro IPCA+.
O cenário de queda da inflação e a expectativa de mais desaceleração a partir de 2026 criam um terreno fértil para esse tipo de investimento, afirmou Fontes no evento Inter Invest Summit 2025.
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Como funciona o Tesouro IPCA+
Na prática, o Tesouro IPCA+ garante ao investidor duas formas de retorno: a remuneração composta pela inflação acumulada mais uma taxa fixa (IPCA + juros) e a valorização pela marcação a mercado, que é a variação de preço do título conforme a expectativa de taxa de juros pelo mercado.
Quando a taxa de juros de mercado cai — como está acontecendo agora —, os títulos atrelados à inflação tendem a se valorizar no preço. Esse mecanismo pode turbinar os ganhos de quem compra o papel do Tesouro Direto no momento certo.
Entretanto, existe a outra possibilidade de ganhos: levar os papéis até o vencimento e receber a remuneração contratada. De acordo com Fontes, poucas vezes na história esses títulos indexados à inflação ofereceram taxas tão altas quanto as atuais.
Atualmente, alguns títulos do Tesouro Direto chegam a pagar perto de IPCA+ 7,5% ao ano, algo considerado incomum.
Entre os mais rentáveis estão o Tesouro IPCA+ 2029 (7,74%), o Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035 (7,47%) e o Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045 (7,19%), segundo os dados do fechamento de sexta-feira (19).
Para a sócia da Nord, essa combinação cria um potencial expressivo de valorização. “Um desses títulos pode render até 60% em um ano, caso ocorra fechamento de curva [queda na expectativa de juro futuro pelo mercado]."
Fontes afirmou que, em 2016, uma situação semelhante levou o título Tesouro IPCA+ 2045 a entregar 56% de retorno.
O segredo está nas expectativas de juros
O movimento que abre espaço para esses ganhos adicionais no papel atrelado à inflação do Tesouro Direto é chamado de fechamento de curva. Trata-se de um jargão financeiro para se referir ao movimento do mercado de precificar juros menores no futuro.
“O IPCA+ 7,5% passa a ser precificado a IPCA+ 4%, IPCA+ 3,5% — quando a curva fecha, o título valoriza muito. Quanto mais longo esse título, mais dinheiro você ganha. Esse é o segredo”, afirma Fontes.
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Apesar do otimismo, a especialista lembra que essa não é uma estratégia para todos os perfis de investidor. A oscilação dos preços no curto prazo pode ser intensa. “Na marcação a mercado, há a ressalva de que o risco e volatilidade são altos”, alerta Fontes.
Ou seja: para quem busca ganhos com a marcação a mercado, é preciso ter disposição para encarar oscilações e paciência para esperar o movimento da curva de juros.
Já quem pretende levar o título Tesouro IPCA+ até o vencimento, há garantia de uma remuneração alta, nas máximas históricas, sem depender das flutuações do mercado.
*Com informações do Money Times.