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Fim da ‘corrida aos isentos’: gestores de crédito ficam mais pessimistas com as debêntures incentivadas com isenção de IR garantida

Homem parado de costas, vestido terno azul escuro, olha para o horizonte para decidir que caminho tomar na bolsa. Um seta verde aponta para a esquerda e uma seta vermelha aponta para a direta. As setas estão no chão.

Agora que a Medida Provisória (MP) 1.303/25 perdeu a validade e as debêntures incentivadas seguem com isenção de imposto de renda, o mercado de crédito privado ajusta as expectativas. Mesmo antes de o texto caducar, porém, já havia a expectativa de que os títulos de dívida de infraestrutura se manteriam isentos. 

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Ao longo deste ano vimos um grande volume de emissões de investimentos incentivados e uma forte migração dos investidores para esses ativos. Parte desse movimento aconteceu na tentativa de garantir a isenção de IR até o vencimento, diante do temor de uma tributação no ano que vem. 

Com esse risco fora da mesa, o sentimento dos gestores, que já era pessimista em relação ao risco e ao retorno das debêntures ficou ainda mais negativo, mostra relatório da Empiricus.  

E isso vale tanto para os papéis de maior qualidade (ratings AAA e AA+) quanto para os de maior risco (BBB- para baixo). Os ratings intermediários, entre AA e AA-, ainda mostram algum fôlego.  

No entanto, os gestores avaliam que o prêmio oferecido pelos melhores emissores, aliado às durações longas dos papéis, não compensam o risco neste momento de precificação apertada. 

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Afinal, a “corrida aos isentos” derrubou os retornos das debêntures incentivadas e inflou seus preços. E agora que elas realmente não serão mais tributadas no curto prazo, é possível que o movimento tenha sido exagerado. 

A pesquisa Perspectiva dos Gestores de outubro também aponta para uma forte expectativa de queda no volume de emissões nos próximos meses. Sem o impulso da perda de isenção, as empresas devem rever a urgência de ir a mercado para captação. 

Menos fluxo no futuro  

O resultado da pesquisa de outubro aponta para um pessimismo generalizado com as debêntures — incentivadas ou tradicionais, seguindo a tendência dos meses anteriores.  

Esse pessimismo se reflete diretamente nas projeções de fluxo de capital, principalmente agora que não tem mais a urgência de emissão para manter o benefício tributário de isenção do imposto de renda.  

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Em agosto, as duas opções de debêntures haviam registrado um mês forte em volume de emissões. No caso das tradicionais, foi o mais forte dos últimos seis anos. Já entre as incentivadas, o volume ficou abaixo do recorde de julho, mas ainda acima da mediana de 2025.  

Gestores de crédito fogem das debêntures  

A cautela e a dificuldade em encontrar prêmios atrativos para o nível de risco se refletem nas carteiras dos gestores de crédito. O levantamento da Empiricus mostra que o carrego — alocação em ativos para conseguir rendimento diário — permanece reduzido, em grande parte como consequência dos spreads mais comprimidos.  

A maioria dos gestores respondeu que está com o carrego abaixo da média histórica e projeta que permanecerá nesse nível pelos próximos seis meses. 

Para diminuir o risco dos portfólios, a duration tempo médio que leva para um investidor receber os fluxos de pagamentos de juros e principal — também está abaixo ou em linha com a média histórica. 

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Os destaques da pesquisa, entretanto, são as sobrealocações em caixa e crédito bancário, em detrimento da exposição a debêntures tradicionais, principalmente.  

Para os gestores que possuem mandatos para maior diversificação, os instrumentos que se destacam são os Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) e os bonds de mercados emergentes. Essas posições apresentam o mesmo nível de alocação que o crédito bancário nas carteiras que têm autorização.  

Sentimento com setores  

Trimestralmente, a pesquisa coleta a percepção dos gestores sobre a relação entre risco e retorno nos diferentes setores do crédito privado. Na edição de outubro, considerando tanto o nível de preços quanto os fundamentos dos ativos, houve movimentações significativas no sentimento do mercado. 

Os destaques ficaram para a piora no sentimento em relação a três setores específicos: 

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Por outro lado, gestores destacaram como positivos os setores que historicamente demonstram mais resiliência: distribuição e transmissão de energia, financeiro e saneamento. Transporte, que aparecia como ligeiramente positivo na pesquisa anterior virou para pessimismo.  

Atualmente, a indústria de fundos de crédito reúne 1.026 fundos, com patrimônio líquido de R$ 1,29 trilhão. Apenas em 2025, a captação líquida da indústria soma R$ 62,4 bilhões. Desse total, R$ 12,8 bilhões entrou em setembro — um dos resultados mais fortes nos últimos 12 meses. 

A pesquisa da Empiricus investigou a relação risco-retorno dos ativos, as preferências por prazos e as expectativas de fluxo para os próximos meses. As respostas foram coletadas entre 29 de setembro e 7 de outubro, com participação de 16 gestoras, entre elas ARX, Capitânia, Ibiuna, Kinea, Legacy, Sparta e Vinci Compass.

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