Donald Trump disse há algumas semanas que está aberto a receber uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conversarem sobre a relação comercial entre Brasil e EUA. O petista, no entanto, entendeu a oferta como um sinal favorável à interferência norte-americana na soberania nacional e rejeitou a possibilidade — pelo menos agora.
Vale lembrar que, apesar da negativa, o governo brasileiro segue na mesa de negociações sobre as tarifas de 50% impostas por Trump, que usou argumentos políticos a exemplo do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, para a taxação.
Nesta quarta-feira (13), durante a assinatura da medida provisória (MP) Brasil Soberano, Lula comentou esses e outros assuntos caros à relação com os EUA.
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"O meu time não tem medo de brigar. Se for para brigar, a gente vai brigar. Mas, antes de brigar, a gente quer negociar. A gente quer vender, quer comprar", disse o petista.
Dentre as medidas do chamado plano de contingência, está a ampliação do programa Reintegra para todas às empresas exportadoras, com devolução de até 3% do valor exportado. Para as micro e pequenas empresas, contempladas pelo programa, o percentual foi aumentado para 6%.
A MP também inclui a suspensão, por um ano, do pagamento de tributos previstos no regime de drawback. Esse regime consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado.
Você pode conferir aqui os detalhes do chamado Programa Brasil Soberano, que ainda precisa passar pela Câmara e pelo Senado para entrar em vigor.
Os recados de Lula para Trump
O discurso desta quarta-feira (13) de Lula durou cerca de meia hora. O Seu Dinheiro preparou uma seleção com as principais declarações do petista.
Melhor que o Real Madrid
"Meu time de negociadores está aqui. Primeira linha. Nem o Real Madrid, nem o Barcelona, nem o Paris Saint-Germain chegam perto do meu time de negociação. Agora é preciso contar para o outro lado que nós não estamos anunciando reciprocidade. Nesse momento, nós estamos tentando aproximar a relação", afirmou Lula.
Trump julgado no Brasil
"Eu diria isso ao presidente Trump, se tivesse acontecido no Brasil o que aconteceu no Capitólio, ele estaria sendo julgado aqui também", disse Lula, referindo-se ao ataque ao Capitólio nos EUA, em janeiro de 2021.
Soberania intocável
"A soberania nossa é intocável, ninguém dê palpite no que temos que fazer", afirmou Lula, acrescentando que Trump tem uma "necessidade muito grande de destruir o multilateralismo que permitiu que mundo tivesse comércio mais equilibrado".
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O julgamento de Bolsonaro
"Estamos fazendo aquilo que é feito somente em países democráticos, julgando alguém com presunção de inocência", disse Lula, referindo-se ao fato de os EUA terem imposto tarifa de 50% ao Brasil como forma de pressionar pela anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
O Brasil não tem medo da crise
"A crise quer dizer para a gente criar novas coisas. A humanidade criou grandes coisas que salvaram a humanidade num tempo difícil. Nesse caso, o que é desagradável é que a razão justificada para impor sanções ao Brasil não existe", disse Lula, referindo-se ao plano de contingência apresentado hoje.
Trump tem medo da China e do Brics
“É importante lembrar que esse grupo Brics, que os assusta, é simplesmente um grupo de países com os quais o Brasil tem uma balança comercial de US$ 160 bilhões, o dobro do que temos com os EUA. E queremos crescer mais. Queremos vender mais e queremos comprar mais. Queremos aprender mais e queremos ensinar mais. É assim que este país vai se transformar em um país grande”, disse Lula, acrescentando que “o presidente da China, Xi Jinping, assusta os EUA”.