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Lula ou Tarcísio em 2026? Dólar indica quem a ‘Faria Lima’ acredita ter mais chances e especialistas do ASA explicam o porquê

Lula e Tarcísio

Lula e Tarcísio

O mercado financeiro adotou um monotema que deve perdurar daqui até o fim de 2026: as eleições presidenciais

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Nada de atividade econômica, inflação ou mercado de trabalho. O que está mexendo com o dólar, os juros futuros e os ativos, em geral, é a análise de probabilidade de o governo Lula ou a oposição sair com o posto máximo da República no próximo ano. 

Não é questão de polarização política, entretanto, mas de viabilidade de reformas significativas nas contas públicas — o tal do ajuste fiscal. 

Os agentes financeiros já assimilaram que não haverá melhora significativa nos gastos do governo até o final de 2026. Os ajustes são esperados para a partir de 2027, e a análise é que a oposição representa uma chance maior de mudanças. 

“Tudo que pode prejudicar essa chance de ajustes fiscais em 2027 bate negativamente no preço dos ativos. E esses estresses serão comuns até as eleições”, diz Jeferson Bittencourt, head de macroeconomia do ASA, em coletiva com jornalistas nesta terça-feira (15). 

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Não são as tarifas do Trump, é a ressurreição da popularidade do governo Lula  

No último dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma tarifa de importação contra todos os produtos brasileiros de 50% — muito superior aos 10% anteriores e a maior alíquota desta segunda rodada de taxas. 

A alíquota causou estranheza, visto que o Brasil compra mais dos EUA do que os EUA compram do Brasil. Porém, o alarde foi maior devido à evidente natureza política da ação do republicano. 

Trump mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro em sua carta. Afirmou que o julgamento contra ele é uma “caça às bruxas” que deveria ser interrompida “imediatamente”. 

O texto foi entendido como uma ameaça à soberania do país e ao sistema de Justiça. O resultado imediato foi de apoio a Lula e ao governo federal, que responde pelo Brasil internacionalmente. 

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Nesta terça, uma pesquisa AtlasIntel-Bloomberg mostrou que a aprovação de Lula voltou a subir, enquanto a desaprovação caiu. Foi o melhor resultado para o presidente desde outubro de 2024, nesta pesquisa. 

A avaliação de melhora e maior probabilidade de reeleição do petista se fez sentir nos ativos financeiros na semana passada: dólar fechou em alta semanal, bolsa fechou em queda semanal, e juros futuros abriram nas curvas mais longas. 

“As notícias que indicam enfraquecimento da oposição fazem diminuir as probabilidade de troca de poder em 2027. O resultado é negativo para os ativos financeiros, principalmente câmbio e juros longos”, diz Bittencourt

Vai dar governo ou oposição? O dólar responde 

Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central e diretor de macroeconomia do ASA, afirma que está acompanhando essa análise de probabilidade dos agentes financeiros por meio do dólar. 

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Segundo Kanczuk, os analistas têm trabalhado com uma tese de apreciação e depreciação da moeda estrangeira em relação ao real. 

Considerando o câmbio atual e todos os parâmetros da atualidade, em um cenário de 100% de probabilidade de vitória do Lula, o dólar subiria para R$ 6. 

Dentro dos mesmos termos, em um cenário de 100% de probabilidade de vitória do Tarcísio de Freitas — principal candidato da oposição considerado pelo mercado —, o dólar cairia para R$ 5. 

“Quando o dólar pulou de R$ 5,45 antes da tarifa do Trump para R$ 5,55 depois da tarifa, foi uma leitura de que a probabilidade de o Lula ser reeleito aumentou de 45% para 55%. Um aumento de 10%”, afirmou Kanczuk. 

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Segundo o ex-BC, o efeito foi exatamente o mesmo na curva de juros, que abriu nos trechos mais longos, pela percepção de piora do cenário político — não econômico. 

“Em conversas com estrangeiros grandes, que investem no Brasil, está claro que eles mudaram o foco para eleições. Pouquíssima ligação com questões de economia, inflação ou mesmo o fiscal. Eleições entrou na agenda cedo dessa vez”, afirmou Kanczuk. 

Só 2027 importa 

Kanczuk avalia que o cenário do Brasil está morno e monotemático. 

A projeção do ASA é que a inflação vai fechar o ano na faixa dos 5%. O Banco Central não vai segurar os juros e vai cortar em dezembro para algo na faixa dos 14%. E a atividade econômica vai continuar aquecida, com crescimento de 2% em 2025. 

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A casa não acredita que muita coisa possa mudar esse cenário — nem as tarifas do Trump. 

Bittencourt só vê dois temas afetando significativamente a precificação dos agentes econômicos, e os dois dizem respeito à probabilidade de ajustes fiscais em 2027: 

Qualquer mudança marginal de despesa que o governo faça que seja para o curto prazo, 2025 e 2026, sem impacto estrutural, não deve mexer com os ativos porque, segundo Bittencourt, já não se espera muita coisa.  

“Até 2027 está meio morno. A questão virou eleição, muito menos economia e fiscal. Precisa ser muito grande. Uma sensação de que o mercado topa qualquer coisa e diz ‘ali a gente vai se encontrar com a realidade, mas não é agora, não”, diz Kanczuk.

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