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“Trump não deve manter tarifa de 50% contra o Brasil porque isso está beneficiando reeleição de Lula”, diz gestor

Fábio Okumura, gestor do ASA Investimentos, durante participação no Expert 2025

Fábio Okumura, gestor do ASA Investimentos, durante participação no Expert 2025

A poucos dias do prazo que Donald Trump deu para a entrada em vigor das tarifas de 50% contra o Brasil, em primeiro de agosto, o mercado está tentando ver até onde o presidente norte-americano está realmente disposto a ir. 

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E, na visão de Fábio Okumura, gestor do ASA , o republicano deve fazer jus ao ditado: “Trump always chickens out”. Em português: Trump sempre amarela.

“Na minha avaliação, essa questão das tarifas não deve se sustentar em 50% a partir de agosto. O tiro está saindo pela culatra: em vez de prejudicar, Trump acaba impulsionando a reeleição do Lula", afirmou em participação no Expert XP 2025.

Isso porque as tarifas estariam sendo associadas à direita brasileira — mais especificamente à família Bolsonaro —, com o presidente Lula reivindicando o discurso da soberania nacional contra a intervenção estrangeira.

No painel — que também contou com a participação de Fabio Kanczuk, ex-diretor do Banco Central e head de macroeconomia do ASA, e Charles Ferraz, da mesma casa —, o time de especialistas conversou sobre uma tese que vem ressoando desde o retorno de Trump à Casa Branca: o fim do excepcionalismo norte-americano.

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O excepcionalismo norte-americano chegou ao fim?

Para o ex-diretor do Banco Central, dois fatores são fundamentais para avaliar se a maior economia do mundo está prestes a perder sua liderança global.

O primeiro é a produtividade econômica da maior potência do mundo, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto) per capita — que representa o valor total da produção de bens e serviços do país dividido pelo número de habitantes. 

“Nesse quesito, os EUA são soberanos há 50 anos. Todo país que tenta se aproximar acaba falhando. O Japão, por exemplo, chegou a atingir 80% da produtividade norte-americana, mas hoje está em 60%. A Europa, que dava sinais de que ganharia escala e encostaria nos EUA, chegou a 90%, mas depois afundou. Hoje parece estar na casa dos 70%. A China ainda está em 20%”, afirmou o ex-BC no evento.

Sob esse ponto de vista, não há nada que ameace o domínio norte-americano. No entanto, o real problema está no segundo fator: o tamanho da economia. 

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“Nesse quesito, é questão de tempo para a China ultrapassar os EUA. Em 20 anos, a China deve ser maior do que os EUA, os mercados olharão para lá como benchmark”, diz Kanckzuck.
Okumura concorda: “ainda vejo os EUA com uma liderança muito significativa, mas é inegável que estamos assistindo ao avanço de outros agentes, blocos e países que vêm reduzindo esse gap. O mundo caminha para uma ordem mais multipolar, em que os Estados Unidos já não detém exclusividade sobre o protagonismo global”.

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