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“O mundo deve escolher entre a paz e a guerra”, diz Xi Jinping em discurso aberto — mas um microfone capta o que ninguém deveria ter ouvido

Foto mostra dezenas de autoridades caminhando em um tapete vermelho. Do lado esquerdo, em primeiro plano, o russo Vladimir Putin; ao centro, chinês Xi Jinping; e do lado direto, Kim Jong-un

Dezenas de autoridades caminham lideradas por Vladimir Putin (esquerda); Xi Jinping (centro) e Kim Jong-un (direita)

Poderia ser o clube da luta, mas é o clube de Xi (Jinping) e ele não tem nada de secreto como foi possível ver na demonstração de força militar desta quarta-feira (3). Mísseis hipersônicos, drones subaquáticos e veículos blindados desfilaram pelo centro de Pequim em um evento que também exibiu o peso da influência da China no mundo — e uma conversa vazada ao pé do ouvido.

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Junto com Xi estavam o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, além de outras 20 autoridades. O Brasil foi representado pelo assessor especial da presidência para assuntos internacionais Celso Amorim. A ex-presidente Dilma Rousseff também estava presente. 

Xi, Putin e Kim caminharam juntos por um tapete vermelho em direção à Praça Tiananmen para a celebração do 80º aniversário do fim da 2ª Guerra. Donald Trump assistiu a tudo de longe — mas não calado. Em Washington, o presidente norte-americano, que se gabou algumas vezes do relacionamento com Putin, acusou os líderes de conspiração em uma postagem em sua rede social.

“Que o presidente Xi e o maravilhoso povo da China tenham um grande e duradouro dia de celebração. (Xi) mande minhas calorosas saudações a Vladimir Putin e a Kim Jong-un enquanto conspiram contra os EUA.”

Esse é o primeiro grande desfile militar no país desde 2019, quando comemorou o 70º aniversário da fundação da China comunista, e grande parte do armamento e equipamento foi exibida ao público pela primeira vez.

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O post abaixo, do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, mostra os principais momentos do desfile de hoje:

O discurso de Xi

Um dos maiores desfiles da história da China não contou apenas com mísseis montados em caminhões, tanques, veículos autônomos, soldados em formação e caças sobrevoando a capital: Xi também falou à nação. 

O presidente chinês disse que o mundo enfrenta uma escolha entre "paz ou guerra". “Hoje, a humanidade está diante da escolha entre paz ou guerra, diálogo ou confronto, ganhos mútuos ou soma zero”, afirmou.

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Xi elogiou as forças armadas e expôs sua visão para a ascensão "imparável" da China. "O grande rejuvenescimento da nação chinesa é imparável. A nobre causa da paz e do desenvolvimento para a humanidade certamente triunfará", disse.

Essa não é uma frase qualquer. Por anos, Xi tem se referido ao "rejuvenescimento da nação chinesa", instando a ascensão do país no cenário mundial e a evolução para uma superpotência global.

O presidente chinês também repetiu o apelo pela construção de um Exército de "classe mundial" — parte de sua visão para modernizar o Exército de Libertação Popular da China (ELP) e garantir que ele possa "lutar e vencer guerras".

O presidente da China, Xi Jinping, discursa no 80º aniversário do fim da 2ª Guerra. Foto: Ministério das Relações Exteriores da China

Pequim tem buscado um impressionante aumento das capacidades militares sob o governo de Xi, durante o qual o ELP, que antes nem sequer era um dos mais fortes da Ásia, começou a rivalizar, ou em alguns aspectos, superar as forças armadas dos EUA, segundo analistas.

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Vale lembrar que as tensões entre EUA e China aumentaram em abril com a imposição de tarifas retaliatórias. Desde então, os dois lados concordaram em remover a maioria das tarifas adicionais até meados de novembro, com a esperança de que um encontro presencial entre Trump e Xi nos próximos meses possa aliviar o atrito.

Embora o presidente norte-americano seja imprevisível, especialistas dizem que é pouco provável que o encontro entre Xi, Putin e Kim inviabilize as negociações comerciais entre EUA e China, já que ambos os lados parecem favoráveis ​​a um acordo.

Putin responde Trump

Putin aproveitou o momento para ter um encontro bilateral com Kim Jong-un — os dois líderes se reuniram formalmente na casa de hóspedes estatal Diaoyutai, após participarem do desfile militar na capital chinesa. 

O russo não comentou sobre o que foi acertado nesse encontro, mas fez questão de responder a Trump, que acusou os líderes de estarem conspirando contra os EUA.

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Putin disse que o presidente norte-americano tem senso de humor por sugerir a conspiração e afirmou que todos os países com os quais a Rússia manteve conversações na China apoiam a cúpula Rússia-EUA no Alasca e expressaram esperanças de que as conversações poderiam ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia.

A conversa que não deveria ser ouvida

Xi discursou, Trump reagiu e Putin respondeu. Mas uma conversa não deveria ter vazado: o papo entre os presidentes da China e da Rússia que foi capturado por um microfone que estava aberto. 

Nessa conversa, os dois líderes falaram sobre transplantes de órgãos e a possibilidade de que os seres humanos possam viver até os 150 anos de idade.

O momento ocorreu enquanto Putin e Xi caminhavam com Kim Jong-un à frente de uma delegação de mais de duas dezenas de líderes estrangeiros para assistir ao desfile militar na capital chinesa. 

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O tradutor de Xi pode ser ouvido dizendo em russo: "antigamente, as pessoas mal chegavam aos 70 anos, mas hoje, aos 70, você ainda é uma criança". O tradutor de Putin, então, fala sobre como a biotecnologia está se desenvolvendo. Após um trecho inaudível, acrescenta: "os órgãos humanos podem ser continuamente transplantados, e as pessoas podem viver cada vez mais jovens, chegando até mesmo a alcançar a imortalidade".

Em resposta, Xi, que estava fora da câmera, foi ouvido dizendo em chinês: "alguns preveem que, neste século, os seres humanos possam viver até 150 anos".

A cena foi transmitida ao vivo pela emissora estatal CCTV para outros meios de comunicação. A administração da emissora chinesa informou que, só na internet, a cobertura foi assistida 1,9 bilhão de vezes e, na TV, por mais de 400 milhões de pessoas.

*Com informações da Reuters, da CNBC e da CNN

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