Depois que o Federal Reserve (Fed) manteve nesta quarta-feira (30) os juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, o mercado correu para reajustar as posições sobre as chances de um afrouxamento monetário no próximo encontro, mas foi Jerome Powell quem deu as pistas sobre essa possibilidade.
Na visão dos traders, as chances de que o banco central norte-americano reduza os juros na reunião de 16 e 17 de setembro aumentaram. De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, a probabilidade passou de 55,9% na manhã de hoje para 61,8% agora.
O Fomc não se reúne em agosto, tornando a reunião de setembro a próxima chance para um corte da taxa básica. Para a ocasião, a aposta majoritária é de um corte de 0,25 pp, o que levaria os juros para uma faixa de 4,00% a 4,25%.
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Embora o mercado esteja mais positivo sobre o afrouxamento monetário nos EUA — especialmente porque a decisão de hoje não foi unânime — Powell disse que nenhuma decisão está tomada para setembro.
“As incertezas diminuíram com relação ao encontro anterior, mas a possibilidade de os efeitos inflacionários serem mais persistentes ainda continuam, por isso, a decisão de setembro ainda não está tomada”, afirmou.
Segundo Powell, a política monetária atual nos EUA pode ser caracterizada como modestamente restritiva.
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Inflação e emprego ainda travam o corte de juros
Ao falar sobre a inflação, o presidente do Fed disse que o cenário base é de um impacto de curta duração das tarifas sobre os preços aos consumidores, mas que há possibilidade de efeitos inflacionários mais persistentes.
"O impacto mais amplo das tarifas nos preços segue incerto", disse ele. "Tarifas estão pressionando para cima alguns preços de bens", acrescentou.
Powell espera que o índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) — a medida favorita do Fed para a inflação — atinja 2,5% e seu núcleo, que exclui alimentos e energia, chegue a 2,7% em 12 meses até junho.
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Segundo ele, os ganhos salariais deram sinais de moderação, mas as expectativas de inflação estão consistentes com a meta de 2% do BC norte-americano.
Para ele, o principal indicador a ser observado no momento é a taxa de desemprego, atualmente em 4,1%.
"O mercado de trabalho ainda está desequilibrado, a demanda e a oferta estão desacelerando no mesmo ritmo", disse Powell, acrescentando que o número de breakeven (ponto de equilíbrio) para criação de emprego recuou.
- Vale lembrar que a inflação em 2% no longo prazo e o pleno emprego — cujo percentual não foi definido pelo Fed — são os componentes do mandato duplo do banco central norte-americano e são definidos pelo Congresso do país.
Sobre a economia, o chefe do Fed afirmou que os indicadores apontam para uma moderação no crescimento dos EUA, refletindo a desaceleração dos gastos do consumo.