“A COP vai ser em Belém, o encontro de chefes de Estado vai ser em Belém e não há nenhum plano B.” Esta foi a mensagem do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), na última sexta-feira (1º).
Segundo ele, o Brasil está atuando para garantir que todos os países, em especial os mais pobres, consigam participar da conferência, marcada para acontecer entre 10 e 21 de novembro.
Por que está se questionando se o evento vai ocorrer mesmo na capital paraense?
Porque na semana passada foi feita uma reunião de emergência com a ONU convocada por alguns países para falar sobre os preços abusivos de hotéis em Belém (PA). Na ocasião, os representantes chegaram a questionar a possibilidade de transferência da sede do evento.
As reclamações vieram de nações classificadas pela ONU como países menos desenvolvidos, pequenos estados insulares e também da delegação africana. As reclamações também vêm de nações mais ricas, que avaliam reduzir suas delegações.
A expectativa é que a COP30 atraia cerca de 45 mil a 50 mil pessoas — sendo que a cidade paraense dispõe atualmente de 18 mil leitos de hotel.
Brasil promete um evento 'inclusivo'
Corrêa do Lago afirmou que o governo está trabalhando para oferecer tarifas de hospedagem entre US$ 100 (R$ 550) e US$ 600 (R$ 3.3000, com prioridade para essas delegações de países em desenvolvimento.
O embaixador relatou ainda que, para essas delegações de países com maior dificuldade de hospedagem, a ONU está oferecendo uma diária que gira em torno de US$ 143 (R$ 790) a US$ 149 (R$ 822), o que seria insuficiente para a manutenção dos representantes na COP.
“Esses países se manifestaram de maneira muito clara na reunião. Disseram que, com a diária de cerca de US$ 143 que recebem, precisam de quartos entre US$ 50 e US$ 70 para poder participar. Se você olhar hoje os preços em Belém, há centenas de quartos nessa faixa. Mas nas datas da COP, os valores disparam”, explicou.
“Sendo o Brasil um país em desenvolvimento e querendo uma COP inclusiva, temos que encontrar uma maneira de que esses países possam estar em Belém, porque eles também dizem que a COP, com a ausência dos países mais pobres, ficaria sem legitimidade por não ter a universalidade. O governo está trabalhando para oferecer quartos dentro do que eles podem pagar”, completou.
O que está sendo feito
Em nota, a Secretaria Extraordinária da COP30 informou que 2.500 quartos foram disponibilizados para as delegações. Foram reservados 15 quartos individuais por delegação para 73 países que se enquadram em alguma das classificações, com tarifas entre US$ 100 (R$ 554) e US$ 200 (R$ 1.109).
Outros 10 quartos individuais por delegação, com tarifas entre US$ 220 (R$ 1.220) e US$ 600 (R$ 3.327), foram disponibilizados para os demais países.
“Tem uma equipe na Casa Civil que está acompanhando e tratando dessa questão de hospedagem. Essa equipe está procurando soluções e já propôs uma primeira solução para assegurar que todos os países da ONU possam estar presentes na COP. O governo está atuando de maneira muito firme para que todos os países possam participar da conferência”, afirmou a Secretaria.
O governo já anunciou que dois navios de cruzeiro serão usados como hotéis temporários para a COP30. As duas embarcações têm aproximadamente 3.900 cabines, com capacidade de até 6.000 leitos disponíveis durante a conferência.
Belém vai ganhar três hotéis de alto padrão, construídos por grupos internacionais, e estão sendo feitas negociações com plataformas virtuais como Airbnb e Booking para cadastrar imóveis e aumentar a oferta de quartos disponíveis.
Uma nova reunião está agendada para o próximo dia 11 de agosto, com o objetivo de dar continuidade ao diálogo sobre o conjunto de ações para a realização da COP30. Entre os pontos que serão debatidos estão: acomodação, transporte, segurança e alimentação.
* Com informações da Agência Brasil