A Petrobras (PETR4) superou as expectativas de produção no segundo trimestre, mas as ações não acompanham o desempenho da estatal no período, se firmando em queda no fim da manhã desta quarta-feira (30).
O Goldman Sachs explica o motivo para os investidores não se animarem: os dados divulgados na véspera não são exatamente uma surpresa, já que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulga os números mensalmente.
Entre abril e junho, a Petrobras produziu 2,879 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), uma alta de 8,1% em termos anuais e de 5,1% na comparação trimestral. Considerando só o petróleo, a produção foi de 2,320 milhões de barris por dia (bpd), um desempenho 7,6% maior do que no mesmo período do ano anterior e 4,8% acima do primeiro trimestre. Você pode conferir aqui os dados operacionais completos.
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A XP avalia que a Petrobras continua a registrar aumento sequencial de produção em relação ao trimestre anterior.
"Esperamos que essa tendência continue nos próximos trimestres, à medida que os principais FPSOs continuam a aumentar", afirmam os analistas Regis Cardoso e João Rodrigues.
A dupla destaca a participação de 89% de Búzios e as expectativas para o início da produção, ainda no segundo semestre, de uma nova unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência (FPSO), a P-78, que saiu recentemente do estaleiro em Cingapura.
No caso do Safra, a produção da Petrobras no segundo trimestre de 2025 superou as estimativas em 3%. O banco entende que o aumento trimestral de 5% reflete a produção 6,5% maior do pré-sal, além do aumento da produção dos FPSOs e melhorias nas gestões dos campos, especialmente de Tupi.
"Esses efeitos foram parcialmente compensados pela queda de 4,6% na produção do pós-sal em relação ao trimestre anterior, principalmente devido ao aumento das paradas de manutenção e ao declínio natural dos campos, parcialmente compensados pelo ramp-up dos FPSOs Anna Nery e Anita Garibaldi", ponderam os analistas Conrado Vegner e Vinícius Andrade, em relatório.
O Citi, por sua vez, diz que o aumento trimestral de produção reportado pela Petrobras está em linha com suas estimativas. O banco aponta que a produção de óleo e gás foi positivamente impactada pela aceleração de novos FPSOs e pelos novos poços, porém foi parcialmente compensada pelo declínio natural da produção e maiores paradas de manutenção.
Outro destaque para o Citi é o segmento de refino, cuja taxa de utilização foi de 91%. As vendas aumentaram no trimestre devido a efeitos sazonais e aumentaram na comparação anual, refletindo o crescimento do mercado brasileiro de combustíveis.
O que esperar do balanço no 2T25: terá dividendo?
A Petrobras divulga os resultados financeiros no dia 7 de agosto, após o fechamento do mercado. Com base nas informações divulgadas e nos preços mais baixos do petróleo, o Goldman Sachs atualizou as estimativas para a petroleira.
Os analistas Bruno Amorim, Guilherme Costa Martins e Huama Belmonte passaram a esperar um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de US$ 9,9 bilhões no segundo trimestre, além de um potencial anúncio de US$ 2,2 bilhões em dividendos ordinários.
O Santander, por sua vez, diz que apesar da produção robusta e ganhos de eficiência, reportados nos dados de produção e vendas relativos ao segundo trimestre do ano, a queda de 11% do Brent deve levar a Petrobras a reportar um Ebitda menor no período.
A previsão do banco é de US$ 9,9 bilhões, pressionada por preços mais baixos do petróleo e perdas com estoques — que devem ser parcialmente compensados pela redução no custo de extração, margens melhores de diesel e leve melhora em Gás & Energia.
A XP manteve as projeções inalteradas para os próximos resultados da companhia: o Ebitda deve chegar a US$ 10,5 bilhões, queda de 1% ante o trimestre anterior; o lucro líquido esperado é de US$ 4,8 bilhões, recuo de 20% ante o primeiro trimestre; o fluxo de caixa do acionista estimado é de US$ 2,6 bilhões; e os dividendos devem ficar em torno de US$ 2,2 bilhões.
Já o Safra espera um Ebitda ajustado consolidado de US$ 9,9 bilhões, com uma margem de 49% e ucro líquido de US$ 3,6 bilhões. O banco também estima dividendos ordinários de US$ 2,2 bilhões.
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Comprar ou vender Petrobras?
Diante de tantas previsões, os bancos e corretoras dizem o que fazer com os papéis da Petrobras neste momento.
Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, diz que apesar da queda do petróleo no trimestre por conta dos receios envolvendo as tarifas, a Petrobras entregou bom aumento de produção, que deve ajudar a compensar parte da piora de preços.
“Negociando por apenas 4x lucros e um dividend yield acima de 10%, Petrobras segue como recomendação em diversas carteiras da Empiricus Research”, afirma.
O Goldman Sachs também manteve a recomendação de compra para as ações da estatal. O preço-alvo para os papéis ordinários (ON) é de R$ 37,0 e para as ações preferenciais (PN), o preço-alvo é de R$ 35,10.
Na mesma linha, o Safra tem recomendação outperform (equivalente à compra) para as ações PN da Petrobras. O preço-alvo é de R$ 43.
Em perspectiva de um balanço "mais apertado" e incertezas sobre investimentos futuros, o Santander mantém visão neutra para Petrobras e preço-alvo de US$ 13 (ADR) e R$ 38 (ação ON), no aguardo de revisões do plano de negócios no último trimestre..
O Citi também seguiu com recomendação neutra para as ações PN da Petrobras. O preço-alvo é de R$ 35.
Por volta de 11h50, PETR3 operava com queda de 0,53%, cotadas a R$ 35,40, enquanto PETR4 tinha baixa de 0,40%, cotada a R$ 32,29.
No mesmo horário, o petróleo tipo Brent — usado como referência internacional — avançava 0,32%, a US$ 72,72, enquanto o WTI — a referência do mercado norte-americano — subia 0,36%, a US$ 69,46.