Nem mesmo a chegada da Mapa Capital no controle da Casas Bahia (BHIA3), com a conversão de R$ 1,6 bilhão da dívida em ações, foi capaz de colocar as coisas nos trilhos para a varejista no segundo trimestre.
A companhia divulgou, na noite da última quarta-feira (13), um prejuízo líquido de R$ 555 milhões entre abril e junho deste ano, uma reversão do lucro de R$ 37 milhões reportado no mesmo período de 2024.
- É importante destacar que o lucro no 2T24 foi impulsionado pelo reperfilamento de débitos com os credores quando a empresa estava em recuperação extrajudicial, o que gerou efeito positivo de R$ 637 milhões para essa linha do balanço da varejista à época. Entenda melhor nesta matéria.
Excluindo os efeitos da conversão das debêntures que colocou a Mapa como acionista majoritária e controladora na varejista, o resultado ficou negativo em R$ 423 milhões, uma piora de 10,1% ante o mesmo trimestre em 2024.
O rombo veio maior do que o esperado pelo consenso de mercado compilado pela Bloomberg, que apontava para um prejuízo líquido de R$ 285 milhões no período.
De acordo com o comunicado da empresa, o desempenho pode ser explicado pelos efeitos da Selic, que saltou de 10% no segundo trimestre de 2024 para 15% no mesmo período este ano.
No entanto, a conversão das debêntures de segunda série da décima emissão fez com que a dívida líquida da Casas Bahia caísse 40% neste trimestre, saindo de R$ 4 bilhões para R$ 2,5 bilhões. Reforçando: esse é o efeito que passou o controle da varejista para as mãos da Mapa Capital, mencionado acima e que você pode entender melhor nesta matéria.
Cabe lembrar que isso não tem efeito caixa para a empresa, é apenas uma movimentação contábil na qual esse montante sai da linha dos passivos e entra no patrimônio líquido.
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Outros destaques do balanço
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que mede o desempenho operacional, cresceu 26,5% em relação ao mesmo período em 2024, atingindo R$ 572 milhões. Já a margem Ebitda ajustada avançou 1,3 ponto percentual, para 8,3%.
O volume geral de vendas consolidado (GMV) avançou 7,6% ano a ano, para R$ 10,5 bilhões no segundo trimestre de 2025, com crescimento de 10,4% no e-commerce (1P e 3P), representando R$ 4,2 bilhões do total. Desse total, o destaque foi do marketplace (3P), que teve expansão de 16,2% no período.
- O e-commerce pode ser segmentado em duas categorias, 1P e 3P. Na primeira, a empresa assume posse do estoque para revender aos consumidores. Na segunda é justamente o contrário: a varejista atua apenas como intermediária entre o vendedor e o cliente, cobrando uma taxa por isso.
Já nas lojas físicas, houve uma alta nas vendas de 5,8% no segundo trimestre, puxada pelas vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), que subiram 6,7%. Esse último indicador é importante para o varejo, já que mostra a capacidade da empresa de gerar receita em sua base de lojas existente.
A margem bruta atingiu 30,1%, ante 30,7% no mesmo período do anterior, variação que a Casas Bahia afirma ser condizente com a mudança no mix de vendas de canal e categorias.
Depois da divulgação dos resultados, o BTG Pactual manteve a recomendação neutra para as ações. “Apesar do avanço operacional, o cenário de curto prazo segue desafiador, com juros altos e competição intensa", escreveram os analistas do banco em relatório.
Mapa Capital já se move para mexer na estrutura da Casas Bahia
Depois da divulgação dos resultados de ontem, a Mapa Capital já começou a se mexer para alterar a estrutura de comando na Casas Bahia.
A Domus VII Participações, a subsidiária integral da gestora, convocou, por meio de um Fato Relevante divulgado nesta quinta-feira (14), uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para aumentar o número de assentos no Conselho da empresa.
Além disso, a AGE, marcada para 4 de setembro, irá deliberar sobre a eleição de dois novos membros efetivos para o Conselho, com mandato até a Assembleia Geral Ordinária de 2026, e determinar se esses candidatos são independentes. A Mapa Capital indicou André Luiz Helmeister e Jackson Medeiros de Farias Schneider para as novas vagas.
Outra pauta da AGE é a aprovação do aumento da remuneração global anual dos administradores para o ano de 2025, em virtude do acréscimo de membros na administração.
O fato relevante divulgado nesta quinta-feira (14) também anunciou a renúncia de André Coji ao cargo de membro do Conselho de Administração, que ocupou pelos últimos dois anos, com efeitos a partir da realização da AGE. Em seu lugar, os conselheiros elegeram Fernando Beda.
A companhia também informou que o Conselho de Administração aprovou a nomeação de Fábio Eduardo de Pieri Spina, que atua como Vice-Presidente Jurídico e Tributário, para o cargo de diretor estatutário.
Por fim, o Conselho de Administração aprovou alterações em seu regimento interno para atualizar a razão social da Companhia e permitir a presença de um membro observador facultativo.