Um bom momento está à frente do setor de carne bovina no Brasil. Os analistas do BTG Pactual, da XP Investimentos e do Bank of America (BofA) publicaram relatórios sobre a Minerva Foods (BEEF3) após a empresa ter realizado seu Investor Day, na última terça-feira (30).
- CONFIRA: Grandes especialistas revelam onde estão as melhores oportunidades do momento no podcast Touros e Ursos, do Seu Dinheiro; veja agora
Na ocasião, o CEO Fernando Queiroz destacou uma “janela de oportunidade” para as exportações brasileiras. Essa oportunidade surge devido à queda na oferta global de gado, e pelo fato de o rebanho dos Estados Unidos estar menor.
A tese da Minerva é que a América do Sul está ganhando muito espaço no mercado internacional, com aberturas semanais de novos mercados. Isso acontece porque a produção de grãos, que é importante para a pecuária, está se tornando menos viável no Hemisfério Norte.
Esse cenário positivo permite que novos destinos comerciais se abram para a carne bovina brasileira, incluindo a Europa e o Japão, na visão dos analistas.
Rápida integração de ativos da Marfrig
Para Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, do BTG, o cenário fortalece o papel da companhia como exportadora. E essa tendência deve continuar, pois o Brasil tem vantagens únicas a longo prazo, como:
• Capacidade de aumentar o rebanho.
• Ganhos constantes de produtividade.
• Custos baixos com alimentação do gado.
• Riscos climáticos relativamente moderados.
Os analistas da XP também destacam a integração de ativos da Marfrig (MRFG3) pela Minerva (BEEF3). Inicialmente, a movimentação estava prevista para demorar até 18 meses, mas foi concluída no terceiro semestre de 2025 (3T25). Segundo a Minerva, isso deve representar uma taxa de utilização da capacidade entre 75–80% no 4T25.
A XP também se surpreendeu com o fato de a Minerva, tradicionalmente focada em trading (comércio), estar agora se aproximando mais do consumidor final. “Ficamos surpresos com o quanto a Minerva, historicamente reconhecida por seu perfil voltado ao trading, tem tomado iniciativas e se posicionado de forma clara para se aproximar do consumidor final”, escreveu a corretora.
A corretora segue com a ação como sua top pick (com recomendação de compra, preço-alvo de R$ 7,90 e potencial de alta de 16,01%) dentro do universo de Agronegócio, Alimentos e Bebidas (Agribusiness, Food & Beverages).
Desalavancagem da Minerva (BEEF3)
Já um ponto importante mencionado pelas analistas do Bank of America foi o foco contínuo na desalavancagem, ou seja, na redução de dívidas após a compra dos ativos da Marfrig.
A Minerva projeta resultados financeiros importantes, caso os estoques de carne dos EUA sejam vendidos no segundo semestre de 2025:
• Receita Líquida (Vendas): Pode se aproximar do topo da faixa indicativa de R$ 50 bilhões a R$ 58 bilhões em 2025.
• Ebitda (Lucro Operacional): Pode ficar entre R$ 4,75 bilhões e R$ 5,25 bilhões.
Se esses resultados se confirmarem, a relação Dívida Líquida/Ebitda (que mede o nível de endividamento) ficaria entre 2,5x e 2,8x até o final de 2025. A empresa espera que essa alavancagem caia para abaixo de 2,5x em algum momento até o terceiro trimestre de 2026 (3T26).
Isso é bom, porque a política da Minerva permite o pagamento de dividendos (50% do lucro) somente se a alavancagem estiver abaixo de 2,5x.
O BofA elevou seu preço-alvo (de R$ 6,20 para R$ 7,40), mas manteve sua recomendação neutra, já que apesar do momento positivo nos lucros, a alavancagem ainda é elevada e o potencial de valorização é limitado.
Por outro lado, riscos para o fluxo de caixa livre
Apesar do curto prazo construtivo, com o bom momento das exportações e a monetização dos estoques sustentando tanto receitas quanto margens, o BTG vê riscos para o fluxo de caixa livre.
“O ciclo no Brasil deve se inverter, elevando os preços do gado. A um múltiplo de 5,1x EV/Ebitda, a ação está próxima de sua média histórica de 5,3x nos últimos 10 anos, deixando pouca margem de segurança na avaliação”.
Os analistas mantêm sua recomendação neutra e preço-alvo de R$ 8,00 (potencial de alta de 22,32%) para a ação. Eles afirmam que, para manter uma empresa com alto endividamento, é preciso ter maior certeza sobre a sustentabilidade dos resultados operacionais nos próximos 12 meses.
*Com informações do Money Times