Os setores afetados pela tarifa de 50% de Donald Trump vêm aguardando a divulgação do plano de contingência do governo brasileiro desde a primeira semana de agosto — e agora a espera acabou. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite de ontem (12) que o pacote de ajuda para as empresas atingidas pelo tarifaço será divulgado nesta quarta-feira (13).
Em entrevista ao canal Band News, o petista revelou que as companhias receberão R$ 30 bilhões em linhas de crédito. Lula ainda indicou que o valor pode aumentar, caso seja necessário.
“Vou lançar uma medida provisória que cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as empresas brasileiras que porventura tiveram prejuízos com a taxação do Trump. [Essa quantia de] R$ 30 bilhões é o começo. Você não pode colocar mais porque não sabe quanto é" declarou.
Além disso, o presidente anunciou que ajudará os empresários afetados a brigar, na Justiça norte-americana, contra o tarifaço aos produtos brasileiros.
“Vamos incentivar os empresários a brigar pelos mercados. Não dá para dar de barato a taxação do Trump. Tem leis nos Estados Unidos, e a gente pode abrir processo. Eles podem brigar lá”, afirmou.
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O que se sabe sobre o plano de contingência ao tarifaço de Trump até agora
De acordo com Lula, o plano dará prioridade às menores companhias e a alimentos perecíveis.
“A gente está pensando em ajudar as pequenas empresas, que exportam espinafre, frutas, mel e outras coisas. Empresas de máquinas. As grandes empresas têm mais poder de resistência. Nós vamos aprovar [a medida provisória] amanhã, e acho que vai ser importante para a gente mostrar que ninguém ficará desamparado pela taxação do presidente Trump”, prosseguiu o presidente.
O presidente ainda revelou que o plano procurará preservar os empregos e buscar mercados alternativos para os setores afetados.
“Vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas, vamos procurar achar outros mercados para essas empresas. Estamos mandando a outros países a lista das empresas que vendiam para os Estados Unidos porque a gente tem um lema: ninguém larga a mão de ninguém”, acrescentou.
Após audiência pública no Senado na terça-feira (12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também esclareceu que as medidas de ajuda virão por meio de crédito extraordinário ao Orçamento, recursos usados em situações de emergência fora do limite de gastos do arcabouço fiscal.
"Texto está 100% definido", disse o ministro a jornalistas. Haddad ainda informou que haverá uma solenidade seguida de entrevista coletiva com técnicos nesta manhã (13).
Esse mesmo sistema foi usado no ano passado para socorrer as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Sem dar maiores detalhes sobre o plano, Haddad afirmou que as medidas estão 100% prontas e que contemplam as demandas do setor produtivo. Ele ressaltou que a formulação das propostas ocorreu após reuniões com vários representantes e que deve ser “o necessário para atender aos afetados”.
Já o vice-presidente Geraldo Alckmin revelou durante um evento no fim de semana que, para ajudar as empresas mais afetadas, haverá uma “régua” para considerar a variação de exportações para os Estados Unidos dentro de um mesmo setor, tornando o socorro mais preciso.
Além disso, Alckmin explicou que o plano pretende diferenciar os produtos com maior ou menor exposição ao mercado norte-americano.