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O Ibovespa não é especial: para Stuhlberger, rali da bolsa reflete movimento global, mas há incentivos para Selic cair até 3 pontos em 2026

Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde

Luis Stuhlberger, gestor do fundo Verde

O Ibovespa encerrou nesta segunda-feira (22) em queda de 0,52%, aos 145.109,25 pontos. Porém, o movimento do dia não reflete o quadro geral da bolsa brasileira: o principal índice da B3 vive um momento de forte alta, tendo atingido uma nova máxima histórica na semana passada.

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Para quem não acompanha os mercados, o bom humor dos investidores pode parecer um fenômeno nacional em meio às expectativas com as eleições presidenciais de 2026. Porém, Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, vê um movimento global para os mercados emergentes.

Para exemplificar o movimento, o gestor compara o desempenho em dólar das bolsas dos países vizinhos do Brasil: “Variação em dólar da bolsa do Peru está em 40%; bolsa do México, 40%; bolsa do Chile, 40%. Papo encerrado: é global o negócio”, diz.

Segundo Stuhlberger, essa força global supera, por enquanto, a influência dos cenários políticos domésticos complexos, como os problemas do México com os Estados Unidos, as eleições no Chile, ou as incertezas sobre a questão fiscal no Brasil ou o cenário político nas eleições presidenciais de 2026.

Apesar disso, o sócio-fundador da Verde Asset, que falou no evento BTG Pactual Macro Day, enxerga que há sinais claros de desaceleração da economia brasileira, o que abre espaço para a queda dos juros, revertendo a política monetária “hiperapertada” atual.

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“A taxa de juros em 15% é impossível e vai ter que cair. Então, eu acho que, no ano que vem, existe um incentivo para a Selic cair. Eu acho que 2 a 3 pontos percentuais é o mínimo que deveria cair”, opinou.

O peso das eleições na bolsa brasileira

Outro movimento que vem sendo acompanhado de perto pelos investidores é o do pêndulo da aprovação dos candidatos à presidência. Com a corrida eleitoral se aproximando, o peso do cenário político sobre a bolsa aumenta exponencialmente, segundo Stuhlberger.

Porém, para o gestor, essa a eleição será a mais binária de todas, o que também a torna a mais imprevisível. “Todas as eleições com o PT são, mas eu diria que esta será a mais binária”, afirmou o gestor.

Embora o mercado esteja precificando um cenário 50-50 de probabilidade na disputa entre o presidente Lula e um adversário da direita — o que Stuhlberger avalia como um movimento correto —, o gestor enxerga que os preços para hedge (proteção) estão baixos.

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“O preço de uma opção de cenário de cauda está por volta de 7%. Isso me parece muito baixo. Eu não estou fazendo uma análise de valor, o meu trabalho é olhar o que o mercado indica. Então, me parece que o mercado está errado no cenário binário que se apresenta”, disse durante o evento.

“Não acho que é o melhor hedge para se fazer, porque é cedo para pensar nisso. Mas se estivéssemos na véspera da eleição, com o mercado indicando 50-50, e você me falasse que eu consigo comprar uma put [opção de venda] de Ibovespa ou de dólar a 7%, eu compraria”, completou.

A questão fiscal na visão de Stuhlberger

Por outro lado, Stuhlberger espera que o próximo ano, marcado pela corrida eleitoral, siga a tradição brasileira de aumento de gastos.

O gestor projeta uma “expansão fiscal razoável” e não consegue imaginar um cenário em que o governo não vá aumentar programas de auxílio, como o Bolsa Família.

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“O aumento de gastos em anos eleitorais é uma tradição no Brasil, ocorreu tanto no governo Bolsonaro quanto em governos anteriores”, disse.

Segundo Stuhlberger, o aumento de despesas vai ter efeitos sobre alguns setores da economia. Porém, ele ressalta que, hoje, não é possível ter uma visão clara do que que vai acontecer.

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