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‘Nova poupança’ é boa, mas não espetacular para construtoras de média renda, diz gestor que ainda prefere as populares

Marcelo Nantes de Souza, head de renda variável do Asa, diante de uma escada marrom. Ele está de terno e usa óculos, moreno.

Marcelo Nantes de Souza, head de renda variável no ASA

Há alguns dias, o governo federal anunciou uma nova política habitacional voltada à ampliação do crédito para a classe média, para as famílias que não se encaixam nos parâmetros do Minha Casa Minha Vida

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O programa amplia o crédito imobiliário para famílias com renda de até R$ 20 mil, com juros de até 12% ao ano e a possibilidade de financiar imóveis de até R$ 2,25 milhões. Os recursos serão ampliados pela redução gradual dos depósitos compulsórios no Banco Central, atualmente em 20% dos recursos da poupança. Confira detalhes nesta reportagem.

A notícia foi bem recebida pelas construtoras voltadas para a média renda, que passam hoje por um sufoco, com a taxa de juros a 15% ao ano e o esgotamento dos recursos da poupança.

Mas, de acordo com o head de renda variável do ASA, Marcelo Nantes, embora positiva , a medida não não chega a ser transformacional para esses negócios.

Não é a ‘bala de prata’ para o setor de média renda

Nantes diz que o juros é justamente o fator que impede a notícia de ser mais animadora, embora tenda a incentivar a compra da parte do cliente. 

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“É bom para o setor, mas não é espetacular. Imagina para o banco: você prefere emprestar dinheiro para o Marcelo a 12% ou para o governo a 15%? Eu, pessoalmente, preferiria emprestar para o governo a 15%”, argumenta Nantes em uma entrevista ao Seu Dinheiro.

Em outras palavras, ainda que os juros melhorem para os tomadores, o que incentivaria a compra de imóveis, o estímulo para os bancos liberarem o crédito ainda não é tão grande assim.

Para o gestor, as medidas não são transformacionais para o segmento na mesma medida que as mudanças no Minha Casa Minha Vida — com a criação da nova Faixa 4, que abrange renda de até R$ 12 mil mensais, por exemplo — foram para empresas expostas ao programa.

Por isso, ele continua focado em construtoras voltadas para o segmento de baixa renda, como a Direcional (DIRR3). O gestor não acredita que, com o anúncio do governo federal, haverá uma migração significativa de investidores para empresas de médio padrão no setor, mesmo após o recente rali das ações de construtoras populares na bolsa.

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“A gente continua gostando do segmento de baixa renda, mas o de média renda não nos atrai, com exceção da Cyrela (CYRE3)”, afirma. 

Isso porque a construtora, apesar de se encaixar no segmento de média renda, tem muita exposição às camadas mais populares. Além de controlar a Vivaz, uma marca exposta ao segmento econômico, ela ainda tem participações relevantes na Cury (CURY3) e na Plano&Plano (PLPL3), voltadas para a baixa renda.

Além disso, a Cyrela é uma das únicas (quiçá a única) que pode bancar os projetos. 

"Como a taxa de juros está muito alta, as construtoras de médio porte, que atendem à faixa de renda mais alta, estão enfrentando dificuldades para conseguir crédito [para financiar as obras]. Os bancos estão sendo mais restritivos", afirma Nantes.

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Ele observa que é assim que a Cyrela teve ganho market share nos últimos anos, por ter acesso a crédito e estar comprando os terrenos que as outras empresas não conseguem desenvolver por falta de financiamento. Ele cita o exemplo do acordo com a Tecnisa (TCSA3) para comprar terrenos da Windsor Investimentos.

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