O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está se preparando para entrar em campo e dar uma mãozinha para as empresas afetadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, segundo o presidente do banco, Aloizio Mercadante.
Em entrevista ao programa "Brasil do Povo", de José Luiz Datena na Rede TV, Mercadante revelou que a maior demanda de crédito que o banco está recebendo vem das empresas afetadas pelas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Mercadante também afirmou que o banco tem uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as companhias afetadas pelo tarifaço e que, nos próximos dias, mais R$ 5 bilhões serão disponibilizados em financiamentos para as empresas.
Na visão do presidente do BNDES, o Brasil "entrou de gaiato na história" das tarifas. Mercadante também disse que não sabe as razões pelas quais os Estados Unidos estão agindo assim em relação ao país, mas avalia que uma das causas dessas brigas está nas redes sociais. Segundo ele, as plataformas "intoxicam as relações sociais e polarizam a sociedade".
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As demandas do BNDES com o tarifaço de Trump
Mercadante ainda revelou que a principal demanda é abrir novos mercados para as empresas afetadas pela taxação. Para isso, um dos planos de ação é promover eventos para juntar vendedores brasileiros com compradores ao redor do mundo, ajudando a escoar os produtos brasileiros.
Outro ponto destacado pelo presidente do BNDES foi a questão da Embraer, que, mesmo com as tarifa de 10% nas aeronaves comercializadas aos EUA, vendeu 50 aeronaves para o mercado norte-americano. Vale lembrar que a empresa escapou de uma tarifa extra ao constar na lista de itens excluídos da sobretaxa de 40%.
Segundo Mercadante, o BNDES já financiou 1.370 aviões para a companhia. O presidente do banco também ressaltou que a Latam, que nunca havia adquirido uma aeronave da Embraer, comprou mais 74 veículos aéreos da empresa. Esse movimento, avaliou ele, fortalece o setor e a companhia no Brasil.
De olho na lavagem de dinheiro
O presidente do BNDES também comentou sobre as fraudes financeiras no país. Ele afirmou que toda a lavagem de dinheiro passa pelas fintechs e depois é transferida para criptomoedas, "perdendo-se de vista".
Segundo ele, o Banco Central (BC) não está fiscalizando adequadamente a operação dessas instituições. "Toda a fuga de capital, toda a lavagem de dinheiro está indo para as fintechs. A pessoa abre uma conta que ninguém controla, em uma estrutura cuja propriedade ninguém conhece. Não há controle algum", disse Mercadante.
"O Banco Central não fiscaliza. Isso se transforma em todos esses roubos financeiros que nós tivemos", criticou.
Mercadante defendeu que é necessário "fechar as brechas do sistema financeiro" para lidar com o crime organizado no Brasil e isso passa, segundo ele, pela fiscalização das fintechs.
Vale lembrar que, desde a onda de ataques hacker que escancararam as fragilidades no sistema financeiro brasileiro, o BC vem apertando as regras e reforçando a segurança.
No início do mês, a autoridade monetária anunciou uma série de medidas para aumentar a segurança das transações financeiras, voltadas principalmente para as atividades das fintechs. O Seu Dinheiro deu detalhes sobre as mudanças aqui.
*Com informações do Estadão Conteúdo.