Site icon Seu Dinheiro

Leilão do Túnel Santos-Guarujá, primeiro submerso do país, promete tirar do papel projeto que se arrasta há mais de 100 anos

Se tudo correr como esperado, o dia de hoje deve entrar para a história do país — especialmente para os brasileiros da Baixada Santista, no litoral de São Paulo

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Há mais de 100 anos, se vende na região um sonho de ter um túnel submerso ligando os municípios de Santos e Guarujá. Mas entrou gestão, saiu gestão, o tal túnel nunca saiu do campo das ideias que não vingaram.

Finalmente, nesta sexta-feira (5), às 16h, na sede da B3, acontece o leilão para a concessão do Túnel Santos-Guarujá, a primeira travessia submersa do Brasil. 

A relevância do projeto é tamanha que seu avanço conseguiu reunir no mesmo palco dois rivais políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O episódio aconteceu no final de fevereiro, no lançamento do edital do pleito.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no lançamento do edital do pleito

Já nesta sexta, para o leilão em si, é esperado que Lula envie o vice Geraldo Alckmin e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para representar o governo federal na batida oficial do martelo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o túnel deve contar com aporte público de até R$ 5,14 bilhões, divididos entre o governo estadual e o governo federal, além de recursos da iniciativa privada. 

A concessionária vencedora ficará responsável pela construção, operação e manutenção da infraestrutura pelo prazo de 30 anos.

A concessionária ficará com o valor do pedágio e com as contraprestações públicas anuais pagas pelos governos federal e estadual. Vencerá o leilão quem propuser o menor valor desses pagamentos, previstos para ficarem entre R$ 430 milhões e R$ 550 milhões.

Leia também

O que está em jogo no Túnel Santos-Guarujá

A obra faz parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e é a maior obra de infraestrutura urbana do programa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O empreendimento terá 1,5 quilômetro de extensão, sendo 870 metros imersos. O projeto deve ter três faixas em cada sentido — uma delas adaptada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia, passagem para pedestres e galeria de serviços.

A construção do túnel deve reduzir o tempo da travessia para cerca de dois minutos, resolvendo um problema histórico de mobilidade entre o Guarujá, que é uma ilha, e Santos, que fica no continente. 

Atualmente, há dois principais modos de travessia: o trajeto de 43 km via Rodovia Cônego Domênico Rangoni, utilizado por veículos comerciais, com tempo médio de 60 minutos, e o sistema de balsas e barcas, usado por pedestres, ciclistas e veículos leves, com tempos de travessia que variam de 18 a 60 minutos, dependendo das condições operacionais do porto. 

Esses tempos podem subir muito, por exemplo, na temporada de verão, devido a congestionamentos na rodovia ou fila de acesso à balsa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além de melhorar a travessia em si, espera-se que o desenvolvimento do túnel também impacte a capacidade do Porto de Santos, o maior terminal portuário da América Latina, que enfrenta congestionamentos frequentes.

No entanto, ainda será preciso esperar um bom tempo: o início das obras deve acontecer no próximo ano e a previsão é de que tudo seja entregue em 2028.

O projeto já conta com licença ambiental prévia da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), emitida em agosto de 2025.

Quem está na disputa pelo Túnel Santos-Guarujá

Dois grupos estrangeiros apresentaram propostas para participar do leilão para a construção do túnel: a espanhola Acciona e a portuguesa Mota-Engil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Acciona é a empresa atualmente responsável pela execução das obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. A empresa opera também no setor de saneamento, com concessões no Paraná e no Espírito Santo, por exemplo, enquanto tem participado de leilões de rodovias.

Já a Mota-Engil, que tem participação acionária da gigante chinesa China Communications Construction Company (CCCC), assinou recentemente um contrato com a Petrobras para execução de serviços dos sistemas submarinos de plataformas offshore.

Por que as brasileiras ficaram de fora

Construtoras nacionais que estudavam o projeto, como Odebrecht, Álya (antiga Queiroz Galvão) e Andrade Gutierrez, acabaram desistindo de entrar na disputa.

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o motivo seria falta de fôlego financeiro para competir com os grupos estrangeiros.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Também segundo apuração da Folha de S.Paulo, pesaram as condições financeiras — incluindo a impossibilidade de conseguir o financiamento necessário para a obra ou de apresentar as garantias pedidas pelo BNDES, bem como a conjuntura econômica e o cenário de juros altos.

Como assistir ao leilão?

É possível assistir ao pleito pelo canal oficial da B3, onde haverá transmissão em tempo real.

Exit mobile version