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Ata do Copom: o que Galípolo e os diretores do BC pensam do tarifaço de Trump — e qual é o maior desafio agora

Presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, com a mão na cabeça.

Presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo

A ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve o tom duro do comunicado que acompanhou a decisão do colegiado de manter a taxa básica de juros em 15% ao ano.

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Em resumo, o documento divulgado na manhã desta terça-feira (5) reiterou o cenário de incerteza atribuído a fatores internos e externos já delineado no comunicado da semana passada.

Diante disso, o presidente Gabriel Galípolo e os demais diretores do BC anteciparam uma “continuação na interrupção no ciclo de alta dos juros”.

O objetivo do Copom agora é avaliar se a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano por período “bastante prolongado” será suficiente para fazer a inflação convergir à meta.

Esse está longe de ser um jogo ganho.

A meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3% ao ano. Desde o início de 2025, o Copom tem a missão de persegui-la continuamente, mês após mês.

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Há uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida quando a inflação oficial termina um período de 12 meses acumulada entre 1,50% e 4,50%.

Nos últimos meses, porém, o IPCA vem se mantendo consistentemente acima do teto da meta.

A próxima divulgação do indicador está programada para a semana que vem, segundo o calendário oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como o Copom vê o tarifaço de Trump

O Copom aproveitou a ata para divulgar uma análise mais detalhada do impacto do tarifaço imposto por Donald Trump contra o Brasil.

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Até porque a bazuca tarifária do presidente dos EUA voltou-se contra o Brasil somente no início do mês passado.

Para Galípolo e os demais diretores do BC, o tarifaço norte-americano tem impactos setoriais relevantes e efeitos agregados ainda incertos.

O resultado efetivo vai depender de como se encaminharão os próximos passos das negociações e a percepção de risco inerente ao processo.

Ainda assim, o cenário externo mostra-se claramente mais adverso e incerto do que antes e exige cautela.

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“Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso”, diz o Copom no sexto parágrafo da ata.

Para não perder o costume, o Copom informa que se concentrará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo.

O maior desafio do Copom no momento

Conduzir a inflação à meta de 3% ao ano e mantê-la em torno desse nível consiste no principal objetivo do Banco Central.

Já é um desafio e tanto, especialmente se considerarmos um cenário macroeconômico de inflação persistente, expectativas desancoradas e políticas fiscal e monetária em desarmonia.

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Isso sem contar o agravamento das incertezas externas por causa da guerra comercial de Trump contra o resto do mundo.

Ao enfatizar a necessidade de agir com cautela a manter a Selic em 15% ao ano por um período prolongado, o Copom informa que se mantém atento para ajustar a taxa de juros conforme julgar apropriado.

Ainda assim, a ata deixa implícito um objetivo tão desafiador quanto conduzir a inflação à meta.

“O grande desafio do Copom nesse momento é comunicar o fim do ciclo de alta sem levar a precificações prematuras do início do ciclo de cortes”, afirma André Valério, economista sênior do banco Inter.

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Nesse sentido, Valério considera que uma desaceleração mais intensa da atividade econômica acompanhada de um enfraquecimento do mercado de trabalho sejam as pré-condições necessárias para o início de um futuro ciclo de queda dos juros.

“Mantemos nossa expectativa de que essas condições sejam alcançadas a tempo da reunião de dezembro, quando o Copom deverá cortar a Selic em 50 pontos-base”, afirma ele.

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