O governo brasileiro está vendo a areia escorrer na ampulheta e corre contra o tempo para tentar reverter a tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto.
Quem liderou as negociações desta vez foi o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Após reunião com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, Alckmin comentou sobre o setor minerário nesta quinta-feira (24). Ele disse que a pauta “é muito longa e pode ser explorada e avançada”.
Ele foi questionado diretamente sobre possível negociação com os EUA sobre os chamados minerais críticos, mas evitou cravar qualquer cenário sobre este tema.
Já em relação às conversas para reverter a tarifa de 50%, Alckmin informou que, a partir da segunda-feira (28), todo os dias, às 11 horas (horário de Brasília), o comitê de trabalho fará uma atualização recorrente sobre o avanço nas negociações.
“O setor minerário é um que nós recebemos em reuniões. Aliás, é um outro setor que exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos em mais de 20%, o que mostra, de novo, enorme superávit na balança comercial do lado dos EUA”, disse.
A fala ocorreu após a divulgação de informações sobre possível movimento do encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar. O diplomata sinalizou o desejo do governo norte-americano em firmar eventuais acordos com o Brasil para a aquisição, pelos EUA, dos chamados minerais estratégicos, como lítio e nióbio.
Eles são considerados críticos por serem essenciais em tecnologias de ponta e na transição energética, mas sua produção é concentrada em poucos países. A falta dessas matérias-primas teria impacto significativo em setores como defesa e alta tecnologia.
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Alckmin na mesa de negociações com o governo Trump
O vice-presidente brasileiro também comentou, durante entrevista coletiva, sobre um encontro que teve com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, no último sábado (19).
Alckmin afirmou que a interação com Lutnick durou cerca de 50 minutos e foi focada na posição brasileira em buscar a reversão da tarifa de 50%.
“Nós conversamos com o governo norte-americano, tivemos uma conversa com o secretário de Comércio, longa, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, afirmou.
Alckmin também disse ter ressaltado para o secretário de Comércio dos EUA que o presidente Lula tem orientado o caminho da diplomacia e que não há “contaminação política nem ideológica”.
Ele ainda repetiu que não há razão econômica para tarifa contra os produtos brasileiros e que o governo negocia com os EUA por “canais institucionais e de forma reservada”.
O argumento da gestão de Lula nas negociações tem sido que, se a taxa de 50% entrar em vigor, seria “um perde-perde”, com o aumento da inflação nos EUA e diminuição das exportações brasileiras.
*Com informações do Estadão Conteúdo.